Em minha infância, eu amava ir ao parque de diversões de Spring Lake no verão. O cheiro de algodão-doce, as grandes gincanas e seus prêmios, a roda-gigante e os carrinhos de bate-volta. Mas a razão principal de eu amar tanto aquele lugar era a montanha-russa. A Big Dipper continua sendo a montanha-russa mais assustadora em que já andei!
Eu me considero um bom conhecedor de montanhas-russas; já andei em muitas delas, e classifico a maioria em duas categorias: “modelo da velha escola” e “nova façanha da engenharia”. Gosto das montanhas-russas que impressionam, de acordo com as modernas técnicas da engenharia, com fortes trilhos de aço. Elas sobem a grandes alturas, alcançam velocidades de quebrar o pescoço, fazem loops, giram e nos deixam de cabeça para baixo. Meus filhos são loucos por elas, e nos divertimos muito.
A Big Dipper era da velha escola e não tinha nenhum atributo de suas equivalentes modernas. Era uma antiga montanha-russa de madeira, com trilhos de sarrafo, sobre frágeis andaimes, pintura descascada e madeira com rachaduras. Não importava quão acostumado se estivesse com outras montanhas-russas: a Big Dipper garantia boas doses de adrenalina a cada volta.
Sentíamos o coração acelerar ao entrar no carrinho e sairmos da estação. Subíamos a primeira elevação – click, click – até o topo, onde o carro parava. Eu pensava: “Será que quebrou? Alguém vem tirar a gente daqui? O que vai acontecer?”. BUM! O chão desaparecia, o carrinho parecia decolar, meu estômago ia até a garganta.
Agarrava-me à barra de segurança, morto de medo, sentindo-me alegre, agitado e apavorado – tudo ao mesmo tempo. Passávamos pela primeira curva e as rodas de um lado chegavam realmente a sair um pouco do trilho. Do outro lado elas gemiam ao mesmo tempo em que fagulhas voavam. Assim que eu me recuperava, BUM! Outro mergulho e outra curva fechada. Levantava as mãos para impressionar meus amigos, mas, cara, eu estava era morto de medo!
Mesmo se tivesse andado naquela montanha-russa alguns dias antes, sempre me sentia ansioso em relação ao que vinha pela frente. As curvas chegavam rapidamente ao mesmo tempo em que meu coração disparava e minhas mãos suavam sobre a barra de segurança. Entrávamos num túnel tão escuro que mal se podia ver o carrinho da frente; então, parávamos na estação.
Uma típica experiência de montanha-russa, não é? A diferença da Big Dipper era sua idade e a falta de manutenção. A aparência era tão ruim que alguns amigos não se arriscavam a andar nela. Qualquer um podia dizer só de olhar, que a qualquer momento alguém sairia voando do carrinho. Havia muitos anos que não era fiscalizada! Meus amigos e eu não tínhamos idéia se estaríamos na Big Dipper quando um acidente acontecesse, mas sabíamos que um dia haveria problemas. Anos mais tarde um amigo me contou que durante um passeio o assento vago ao lado dele voou do carrinho na primeira curva!
Vale a pena refletir
Você vê sua vida como uma viagem segura ou como um passeio na velha montanha-russa? Quais áreas de sua vida são mais seguras? Talvez, por exemplo, você assuma enormes riscos para avançar na carreira profissional, mas superprotege seu coração e se arrisca pouco nos relacionamentos.
SÍNDROME DO ALGUM DIA
O passeio na Big Dipper serve de analogia para a maneira como fomos feitos para viver. Tanto no passeio quanto na vida, parece que tudo termina logo depois de começar. Você sabe que a diversão vai acabar, mas passa muito rápido quanto mais você dá voltas, mais rápido tudo acontece. Os dois passeios são desconcertantes, desorientadores e divertidos.
Assim como o passeio na montanha-russa é rápido, nossa vida nesta terra é temporal e finita. Trata-se da parte natural do ser humano: nascemos e, no final, nosso corpo morre. Em vez de achar depressivo ou desesperador, você pode ser livre se estiver disposto a enfrentar e entender essa verdade sobre a vida: ela vai acabar. Em vez de nos limitar, nossa mortalidade pode servir para nos lembrar de ser tudo o que fomos criados para ser.
Somos tentados a ficar na zona de segurança e nos acomodar com menos do que fomos criados para ser. Conheço muitas pessoas cujo dia favorito da semana é “alguma – feira”. Muitas pessoas costumam dizer: “Algum dia vou buscar tudo o que a vida tem a oferecer”. “Quando me aposentar, vou aproveitar a vida”. “Algum dia vou realmente viver para Deus, serei mais organizado e passarei a amar mais minha família”. “Quando ganhar dinheiro suficiente, então passarei mais tempo com meus filhos”. “Algum dia, quando houver espaço em minha agenda, então me envolverei mais com a igreja”. “Quando tiver mais tempo, vou tentar ser mais espiritual”.
Algum dia. Um dia. Quando. Se. Então, tudo acaba. Quando vamos acordar e perceber que esta é a vida?
Sua vida é aqui e agora. Esteja onde estiver, sentindo o que estiver sentindo, enfrentando o que estiver enfrentando, algum dia é exatamente agora. Somos tentados a nos valer da síndrome do algum dia, essa mentalidade nos rouba.
Deus não planejou que ficássemos à margem de tudo, vendo a vida passar. Deus nos criou para assumir riscos pela fé e para vencer os gigantes que nos paralisam.
Devemos ser como Davi que deu um passo à frente para desafiar Golias numa luta de vida ou morte. Ele foi o único a ter coragem de enfrentar o gigante. O rei Saul deveria ser o escolhido, mas muito tempo atrás ele havia deixado de seguir a Deus, ficando totalmente distante. Agora estava na zona de segurança. Saul disse a Davi: “Você não pode lutar contra esse filisteu. Você não passa de um rapazinho, e ele tem sido soldado a vida inteira!” (1 Sm 17:33, BLH).
Saul estava certo em sua opinião. O que Davi queria fazer parecia ridículo! Você teria dito a mesma coisa: “Davi, não seja ridículo. Seja razoável. Ele vai fazer picadinho de você”. Saul e o exército estavam agindo com base na razão; Davi agiu com base na fé. Quando você age pela razão, o que consegue enxergar é o tamanho dos gigantes. Se agirmos pela fé, conseguiremos ver como os gigantes são pequenos se comparados com Deus.
A fé ridícula de Davi o diferenciou dos milhares naquele lugar. A única maneira de derrotar os gigantes que se colocam entre você e a vida para a qual foi criado é a “Fé ridícula”. Saul e o exército de Israel olhavam para a vida a partir do chão. Davi olhava para a vida da perspectiva de Deus. E quando se olha da perspectiva dele, os gigantes tornam-se pequenos. Quando olho a partir da perspectiva de Deus, começo a entender que a vida de fé – que todos chamam de ridícula – é a única maneira razoável de viver.
O mundo diz: “não seja ridículo; seja razoável. Não corra riscos; aja com segurança e faça dela e do conforto seu alvo na vida”. Deus nos chama para uma vida de fé, vivendo para ele. Deus não nos criou para andarmos em montanhas-russas pequenas. Ele nos prometeu uma vida abundante se entrarmos no carrinho que leva à grande aventura que ele planejou para nós. Esta vida de fé ridícula é tão estimulante quanto andar na Big Dipper!
Vale a pena refletir
Neste exato momento você está fazendo alguma coisa na vida que exige fé? Se não está, por que não? Está olhando para a vida a partir da perspectiva de Deus ou da perspectiva do chão?
Deus determinou a trilha para você com orientações claras, e promete ser o supremo engenheiro. Ele quer que você entre no carro e permita que o leve a lugares que você nunca imaginou ser possível ir. Às vezes ele corre numa velocidade de quebrar o pescoço, de modo que você perde o fôlego e se segura em alguma coisa por que está apavorado. Mesmo assim, você se sente alegre, satisfeito e morto de medo – tudo ao mesmo tempo. Isso é a vida.
A vida é imprevisível. Às vezes você faz curvas muito fechadas e acha que as rodas se soltarão, mas Deus é um motorista experiente. Ele sabe onde está indo e tem o controle total quando você sente medo. Às vezes você passa por túneis escuros onde não consegue enxergar um palmo diante do nariz, mas é aí que sente a forte mão dele sobre seu ombro. Logo, você chega à estação e o passeio acaba. É como se o curso da vida tivesse apenas começado e, então, logo termina! Se você fez o compromisso de seguir a Jesus, porém, o passeio continua; Deus o leva com ele para o céu por toda a eternidade.
Talvez isso pareça muito longe do ponto onde você se encontra neste momento. Por conta das circunstâncias da vida, talvez se sinta como alguém que já pulou da montanha-russa e quebrou a cara no chão. Porém, por mais difícil e assustadora que sua vida seja, Deus ainda está presente. Ele se preocupa com você além do que se possa imaginar. Se tivesse apenas um mês para viver, você não deixaria a zona de segurança para trás e iniciaria o passeio que acelera seu coração? Você não gostaria de participar de um passeio que trouxesse satisfação – com alegria, com medo, com um nível de envolvimento que lhe permitiria saborear cada momento? Se você soubesse que tem apenas algumas semanas de vida, não creio que seria capaz de cultivar a síndrome do algum dia. Quero desafiá-lo hoje a enfrentar seus medos com a fé ridícula e assim, realizar o passeio de sua vida!
PARA A VIDA TODA
1. Se tivesse certeza de que a vida como você conhece terminaria em algumas semanas, qual seria seu maior arrependimento? Por quê?
2. Em quais áreas da vida está sofrendo da síndrome do algum dia? Tome hoje a decisão de nunca mais usar a frase “algum dia, quando as coisas se acalmarem”. Conscientize-se de que hoje é seu “algum dia”!
3. Em vez de montanha-russa, que outro símbolo ou metáfora você escolheria para descrever sua vida caso estivesse plenamente envolvido nela? Tente inventar algo tão singular quanto você. Encontre uma ilustração desse símbolo, coloque-a num lugar onde possa vê-la todo dia e use-a como lembrete para viver sem arrependimento.
Até amanhã!!!
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