quarta-feira, 3 de agosto de 2016

As fases do barro na olaria

“Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jeremias 18:2-6)
Por que será que Deus usou o processo da olaria para falar conosco? Vamos nos aprofundar um pouquinho?
1ª Fase – Extração do Barro
  • O barro é extraído do chão, cheio de resíduos de plantas, raízes mortas, sementes, pedras, calcário, areia e até lixo;
  • A argila não pode ser extraída e usada em seguida;
  • Após a extração o barro precisa passar pelo envelhecimento ou curtimento da argila (sol e chuva).
Está claro porque precisamos de um amadurecimento mínimo para sermos transformados em vasos úteis?
2ª Fase – Limpeza do Barro
  • Quanto mais fina for a argila, melhor a peça;
  • A argila é moída, é separada dos bolos de barro, e peneirada para retirada dos gravetos, pedras e lixo.
3ª Fase – Mistura do Barro
  • A argila é misturada com a água;
  • A mistura deve ficar homogênea para que as “bolhas de ar” sejam retiradas por completo da massa;
  • Para misturar bem é preciso amassar, bater, usar o traçador, barretes, pés e as mãos;
  • Em todo o processo a água deve ser colocada moderadamente;
  • A argila é levada para “curar” ou “descansar”, é durante esse descanso que a água se espalha, tornando a argila maleável, evitando as rachaduras.
Durante todo o processo, a água é figura constante, isso porque sem as águas do Espírito Santo é impossível passar por esse processo tão profundo e tão doloroso. Somos amassados constantemente para que “as bolhas de ar”, o nosso “eu”, o nosso “ego”, sejam retirados de nós.
A massa que contém “bolhas de ar” quando levada a altas temperaturas, a peça explode, e danifica os outros vasos que também estão assando no forno. Entendeu o mistério? Se você antecipar alguma fase do processo, e for levado a altas temperaturas com o seu “eu” vivo e volumoso, você não irá suportar e irá ferir outras pessoas que estiverem por perto.
Veja que tremendo esse período de descanso da massa! É durante o descanso que o Espírito Santo continua agindo e entrando onde antes não havia espaço. Sabe por que? Porque não adianta ser uma benção na igreja, e ser uma treva em casa. Não adianta ser uma benção ministrando o louvor, e ser uma esposa insubmissa. Não adianta ser frequente nos cultos, e não ser luz no seu trabalho! Mas existem mudanças que apenas são possíveis através do agir direto  do Espírito Santo!
E esse período de descanso queridos requer separação, solidão e silêncio! Sabe aqueles momentos em que você se sente só, não entende nada que está acontecendo, e quase nada faz sentido? Abra os ouvidos do seu coração amado, você pode estar na casa do Oleiro, no período de descanso para que as águas do Espírito possam “molhar” todas as áreas que ainda estão secas.
Perceba que esse descanso vem depois de um período em que a massa foi amassada, e eu vejo esse período, como aquele momento em que respiramos no meio da tempestade sabe? Aqueles segundos que antecedem uma onda mais forte, em que você respira fundo, tentando armazenar o máximo de ar nos seus pulmões? Se você identificou a situação, respire com calma, e se cale. O Oleiro está apenas começando!
4ª Fase – Preparação do Barro
  • Depois de “curada” é preciso retirar as bolhas de ar, e continuar retirando as pedras pequenas;
  • É preciso cortar, amassar, bater, usar o barrete e beliscar o barro; esse processo deve ser repetido várias vezes.
Durante todo o processo o Oleiro continua “limpando” a massa. As pedras“grandes” já se foram, agora chegou a vez das “pequenas”, aquelas pedrinhas que conseguimos santificar, mascarar e esconder até de nós mesmos.
Sabe aquele veneninho que soltamos de vez em quando? Aquela mentirinha? Aquela fofoquinha? Aquela invejinha santa? Aquele incomodo quando alguém prospera e nós não? Não estou falando dos “pecados capitais”, estou falando dos pecados que a nossa sociedade cristã classificou como “inhos”. Pecado é pecado meu amadinho.
5ª Fase – Modelagem do Vaso
  • A argila é “centralizada” na roda, ou torno;
  • O Oleiro usa as mãos para modelar o vaso segundo o que foi “projetado”;
  • O Oleiro “rasga” o interior do vaso;
  • A partir desse momento, a modelagem passa a ser de dentro para fora;
  • Quando a forma do vaso já está definida, os “excessos” passam a ser retirados (faca, rolo), e a boca do vaso é finalizada;
  • A modelagem é feita com duas ferramentas: as mãos do Oleiro e a água.
Depois de limpos, e maleáveis através da ação contínua do Espírito Santo, o Oleiro nos coloca no centro da sua vontade, e é ali, bem no centro que somos moldados por Suas mãos hábeis e precisas, segundo o propósito que Ele tem para nós. Nós então teremos a profundidade e o tamanho exato para sermos usados segundo a Sua vontade.
Durante essa fase parece que a parte “dolorida” já passou, não é verdade, quando estamos na “roda” é que o Oleiro rasga o interior do vaso, e esse“rasgar” faz toda a diferença, porque é a partir de então que o vaso passa a ser moldado por dentro. Quando Ele rasga os nossos corações, Ele nos conduz ao quebrantamento amados, e nós passamos a ter uma relação mais íntima com Ele.
Nossos corações podem ser rasgados apenas pela ação do Espírito Santo, ou então por alguma situação que provoque essa sensação de coração em pedaços! Qualquer que seja o caminho, não se desespere! Faz parte do processo!
“A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmos 51:17)
É também durante a modelagem do vaso que os excessos vão embora! Excessos de ciúmes, de partidarismo, de materialismo, de futilidade, de preguiça, de má vontade, de mau humor, de intolerância, de picuinha.
Nós achamos que devemos viver uma vida sem pecado e só. E se analisarmos bem, já é muito né? Mas Jesus amado, foi além de não pecar, Ele viveu uma vida que agradava ao Pai. Viver uma vida sem pecado, e viver uma vida voltada para o Pai, uma vida de entrega são distintas! Muitas coisas que toleramos em nossas vidas não são pecados, mas são excessos, e os excessos também nos impedem de mergulharmos mais fundo!
A boa notícia é que TODOS os excessos são retirados durante essa fase, inclusive os excessos de dor. Muitas vezes somos vasos rachados, com fissuras, porque fomos feridos por outras pessoas. Muitas vezes a obra se torna tão grande, que as raízes forçam a estrutura do vaso provocando rachaduras. Eu não sei qual é a razão para o seu excesso de dor, mas eu sei que ela está aí, te ferindo, te desesperando, te confundindo, te cegando, te fazendo chorar na solidão, dores secretas, e incontáveis. O Oleiro vai retirar esses excessos também meus amados! Ele vai transformar a sua dor em cura, em restauração, em esperança!
“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28)
6ª Fase – Secagem do Vaso
  • O vaso é levado para secagem isolado;
  • O processo de secagem é demorado, e garante a resistência do vaso.
Mais silêncio, mais solidão. Passei a compreender o desaparecimento dos meus amigos em alguns momentos, deixei de ficar magoada porque entendi que o Oleiro queria trabalhar em mim.
7ª Fase – Queima e Resfriamento
  • O vaso é levado ao forno para queimada;
  • Na primeira temperatura (até 200C), o excesso de água evapora;
  • No meio da queima (de 30oC até 600C), o restante de material orgânico é eliminado;
  • Na terceira temperatura (de 600C até 900C) os gases são eliminados.
Resistente o nosso “eu” né? Até na queima, na temperatura mais alta, ele está lá escondido, prontinho para ser queimado!
8ª Fase – Descanso do Vaso
  • O vaso é levado para prateleira;
  • O tempo de descanso é determinado pelo Oleiro;
  • O Oleiro pode refinar o acabamento nessa fase.
O fato de você ter passado pelo processo, não quer dizer que está pronto para ser usado.  Mais silêncio, mais solidão durante a espera. Ah…Se nós soubéssemos do tesouro que se esconde na espera!
Depois desse longo e doloroso processo, enfim o vaso está firme e pronto para ser usado naquilo que expande o Reino. O relacionamento entre o criador e a criação está mais íntimo e consistente, e o vaso já pode ser cheio. Cheio de amor, de misericórdia, de fé, de esperança e da glória de Deus, tão cheio que irá transbordar.
O processo na roda é contínuo. A minha casa está sendo construída na olaria de Deus. Porque? Porque eu sei quem eu sou, e eu não quero abrir mão de quem Ele é. Não importa o preço, meu coração está pronto.
Eu não tenho outras escolhas pra fazer…Eu não quero outras escolhas!
Que a tua, e a minha oração sejam uma só neste dia que o Senhor nos dá de vida.
“Eu quero ser, Senhor amado

Como o vaso nas mãos do oleiro
Quebra a minha vida e faze-a de novo
Eu quero ser, eu quero ser um vaso novo

Como Tu queres

Senhor sou Teu
Tu és Oleiro, barro sou eu
Quebra e transforma
Até que enfim
Tua vontade se cumpra em mim…”

Texto da Maltrapilha Amada

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