1. O Espírito Santo inspirou as Escrituras. Pedro diz a esse respeito “que nenhuma Escritura provém de particular elucidação humana; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (II Pe. 1:20,21). Não há, à luz desse texto, margem para qualquer debulhamento críticas das Escrituras, ou para descobrirmos a teologia produzida por Paulo, Pedro, Tiago, ou quaisquer outros, como se concebidas por homens, divorciadas entre si e seccionáveis para estudos que saciem a curiosidade humana. A Escritura, muito ao contrário, revela-se como um todo; toda ela é inspirada pelo Espírito Santo, ainda que tal revelação tenha sido gradual e progressiva. Pedro incluía, entre aquilo que ele chamava de Escritura, as cartas de Paulo. Ainda em sua segunda epístola, cap. 3, v 16, o apóstolo faz referência a elas dizendo que se equiparavam às “demais Escrituras”. Diz o v. 16: “nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam”. Pedro coloca as cartas de Paulo em pé de igualdade com Jeremias, Isaías, os profetas, o Pentateuco e tudo o mais. Ele as considera tão inspiradas quanto as outras partes da Palavra de Deus; corrompê-las equivalia, portanto, a deturpar a Escritura. Afirma-se assim, mais uma vez, a inspiração do Espírito na Palavra de Deus. Paulo, como homem, errou algumas vezes. Nem sua conversão o isentou de tal possibilidade. Todavia suas cartas foram mais que cartas. Foram cartas de Deus à Igreja e à História.
2. O Espírito Santo interpreta as Escrituras. Em Efésios 1:17 Paulo ora, pedindo a Deus que os homens recebam inspiração, iluminação e espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento e discernimento das coisas de Deus. Dessa forma a iluminação do coração para discernir as Escrituras é obra do Espírito. Sem a iluminação do Espírito é possível conhecer muito da Escritura através dos instrumentos hermenêuticos. Também qualquer estudo histórico-técnico do texto bíblico é extremamente revelador em si mesmo, ainda que o estudioso não ore e nem creia no Espírito. No entanto, tais estudos e instrumentos só nos possibilitam sua compreensão objetiva. E sem dúvida a Escritura se permite tal análise. Contudo, seu significado para hoje como Palavra de Deus dirigida a nós como pessoas, não se dá, de modo nenhum, mediante os instrumentos hermenêuticos. Ele decorre da iluminação do Espírito Santo. E nesse sentido toda instrução e sabedoria do mundo são totalmente inúteis. Afinal, quando somos estimulados pela Escritura a nela meditar e a entendê-la, somos instigados a um estudo inteligente, conferindo coisas espirituais com coisas espirituais. Não há, entretanto, um estudo técnico da Escritura. Tais estudos são utilíssimos quando acompanhados de piedade e reverência diante da Palavra de Deus. Caso contrário eles são apenas estudos da letra morta da Palavra. Parece que foi exatamente isso que João quis dizer quando afirmou: “Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanecem em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (I Jo. 2:27).
3. O Espírito transforma a Palavra de Deus em espada, Paulo diz, em Efésios 6:17, que ela é a espada do Espírito. Sem o Espírito, a Escritura é um livro que alguns teólogos céticos conseguem reduzir a quase nada. Sem ele, ela é lida, manifesta, e amiúde não produz os efeitos esperados porque, frequentemente, pregamos a Palavra movidos por presunção e não pela unção que faz da Escritura a Palavra-espada de Deus. Ela é espada, mas tem que ser usada pelo Espírito. Nas mãos do Espírito ela edifica; nas mãos de um ser humano presunçoso e nem temor de Deus ela é uma calamidade. Serve para dar base a qualquer loucura humana. Nas mãos do Espírito a Escritura golpeia o pecado, constrói o amor, defende a verdade, promove a justiça, consola o aflito e entroniza Jesus, mas, nas mãos do espírita, por exemplo, ela exalta Chico Xavier, porque ele a interpreta de forma completamente errada, dela se aproveitando de modo desastroso.
4. O Espírito Santo torna a Escritura uma realidade escatológica: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo aquilo que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo. 16:13). É portanto o Espírito Santo quem dá à Escritura essa característica preditiva. Jesus diz que o Espírito viria e anunciaria as coisas que haveriam de acontecer. Por isso, quando leio Paulo em II Timóteo, que fala das coisas referentes aos “últimos dias”, ou o Apocalipse, e encontro predições sobre as últimas coisas, meu coração é confortado, pois tenho o respaldo de Jesus, ensinando e avisando que quando o Espírito viesse daria à Palavra e à mensagem esse cunho escatológico e preditivo. Por isso, ao estudarmos os elementos escatológicos contidos no Novo Testamento, as doutrinas das últimas coisas, sentimos a segurança de não estarmos lidando com sonhos humanos, mas com verdades de Deus para o futuro.
5. Foi o Espírito Santo quem trouxe a Palavra de Deus à memória dos discípulos (Jo 14:26). Como pôde Mateus lembrar-se de todas aquelas coisas? E João? Marcos narra basicamente fatos, o que é sem dúvida mais fácil de recordar. Ele escrevia as reminiscências de Pedro. Lucas fez sua coletânea de “assuntos em ordem”. Entretanto, João apresenta mais do que fatos. Ele diz: “E o Senhor disse...” e, então, nos apresenta em detalhes discursos inteiros de Jesus, palavra por palavra. Como tal memória poderia ser tão precisa sem a ação direta e relembradora do Espírito Santo?
Quando ainda jovem na fé eu lia o evangelho de João e me questionava: “Meu Deus, sem um gravador para gravar tudo isso... Como pôde esse homem reter tanta coisa?...” Mas é aí, que vem a palavra de Jesus e tira essa crise canônico-tecnológica da nossa mente, quando diz: “Quando o Espírito Santo vier, ele vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”. Os teólogos liberais tiveram muita dificuldade em acreditar que o Evangelho era a expressão original dos ensinos de Jesus, porque lhes faltava a dimensão “carismática” do modo pelo qual a Palavra foi “preservada” na “memória” dos apóstolos e da Igreja.
(Texto Extraído do Livro: Espírito Santo: O Deus que vive em nós do Pastor Caio Fábio)
(Texto Extraído do Livro: Espírito Santo: O Deus que vive em nós do Pastor Caio Fábio)
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