segunda-feira, 19 de abril de 2010

QUEM TERIA ACREDITADO?

É uma manhã de sexta-feira. As notícias correm pelas ruas de Jerusalém como um incêndio veloz na mata seca. "O nazareno está sendo executado!" Des­de a Porta de Salomão até a Porta de Ouro o povo transmite o boato. "Você ouviu? Eles apanharam o galileu." "Eu sabia que ele ia passar dos limites." "Eles o apanharam? Não acredito!"

"Dizem que um dos seus próprios homens o entregou."

Nicodemos está prestes a ausentar-se, sem per­missão.

As sepulturas estão quase se abrindo.

Um terremoto está para sacudir a cidade.

As cortinas do templo vão logo rasgar-se em duas.

Choque, surpresa, confusão. Alguns choram. Outros sorriem. Alguns poucos sobem a montanha para observar o espetáculo. Ou­tros se irritam pelo fato da santidade da Páscoa estar sendo violada por um punhado de ativistas sociais. Alguém pergunta em voz alta se esse é o mesmo homem que foi homenageado poucos dias antes sobre um tapete de folhas de palmeira. "Muita coisa pode acontecer em sete dias", comenta ele.
Muita coisa pode acontecer num só dia.
Pergunte a Maria. Quem poderia ter convencido essa mãe no dia anterior que o dia de hoje iria encontrá-la a poucos metros do corpo ferido de seu filho? E quem poderia ter convencido João na terça-feira que 24 horas mais tarde iria ungir o cadáver de seu herói? E Pilatos? Quem o convenceria de que estava prestes a julgar o Filho de Deus!
Muita coisa pode acontecer em vinte e quatro horas.

Pedro pode dizer-lhe isso. Se você tivesse afirmado a esse discípulo orgulhoso e dedicado que esta manhã o encontraria no auge da culpa e da vergonha, ele teria proclamado a sua lealdade. Ou os outros dez apóstolos poderão contar-lhe. Para eles, as mesmas 24 horas haviam produzido vaidade e traição. E Judas... 6, pobre Judas! Ontem se mostrava decidido e desa­fiante. Nesta manhã está morto com sua própria cinta. Seu corpo dependurado esconde o sol matinal.

Ninguém ficou intocado. Ninguém.

A imensidade da execução do Nazareno torna impossível ignorá-la. Vê as mulheres discutindo na esquina? Pode estar certo de que o assunto é o Nazareno. Aquelas duas senhoras no mercado? Estão dando sua opinião sobre o Messias autoproclamado. Os incontáveis peregrinos que chegam a Jerusalém para a Páscoa? Irão para casa com uma história fascinante de "um professor que foi ressuscitado dentre os mortos". Cada pessoa tem sua opinião. Cada um escolhe um lado. Nâo se pode ficar neutro numa questão como essa. Apatia? Não desta vez. Ê um lado ou outro. Todos têm de escolher.
E foi isso que fizeram.
Para cada Caifás astucioso havia um Nicodemos ousado. Para cada Herodes cínico um Pilatos inquiri­dor. Para cada ladrão havia um que procurava a verdade. Para cada Judas traidor havia um João fiel.
A crucificação continha um elemento que fazia cada testemunha afastar-se dela ou dirigir-se a ela. Ela atraía e repelia simultaneamente.
Hoje, dois mil anos mais tarde, o mesmo é verda­de. É a linha divisória. É a Divisão Continental. É a Normandia. E você está de um ou de outro lado. Uma escolha é exigida. Podemos fazer o que quisermos com a cruz. Podemos examinar a sua história. Estudar a sua teologia. Refletir sobre as suas profecias. Todavia há algo que não podemos fazer, afastar-nos dela com neutralidade. Ninguém tem permissão para ficar em cima do muro. A cruz, em seu esplendor absurdo, não admite isso. Esse é um luxo que Deus, em sua tre­menda misericórdia, não permite.

De que lado você está?


Extraído do Livro : Seu nome é Salvador de Max Lucado

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