quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Emanuel: o Deus conosco

A expressão Emanuel aparece em três oportunidades na Bíblia. Primeiro em Isaías 7:14 (Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel), depois em Isaías 8:8 (e passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel) e, por último, em Mateus 1:23 (Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado Emanuel, que traduzido é: Deus conosco).

A correlação entre os textos faz-nos concluir que o profeta Isaías se referiu a Jesus Cristo (veja Mateus 1 a partir do verso 18). Outro ponto relevante é que apenas no último texto há a tradução da palavra. Emanuel é Deus Conosco.

Essa ideia da presença de Deus conosco é estabelecida na criação do homem. Naquele momento, Deus pessoalmente visitava o homem à tardinha (Gênesis 3:8). Após a queda, o homem foi expulso do Éden e viu seu relacionamento com Deus ser terrivelmente prejudicado. Paulo explica isso em Efésios 4:10-18.

O que se vê a partir da queda do homem são relacionamentos pontuais de Deus com homens escolhidos pelo próprio Deus. A lista inclui Abel, Caim, Noé, Abraão, Jacó, Moisés e alguns outros.

É somente quando o povo está no deserto, sob o comando de Moisés, que Deus estabelece um novo paradigma na relação com o homem. Num primeiro momento, Deus quis demonstrar para o povo que Moisés era seu escolhido. Em Êxodo 19:9, o Senhor disse a Moisés “Eis que eu virei a ti em uma nuvem espessa, para que o povo ouça, quando eu falar contigo, e também para que sempre te creia. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor”.

O desfecho desse objetivo de Deus é demonstrado por meio de uma cena fantástica, narrada a partir do versículo 16 do mesmo capítulo: “Ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões, relâmpagos, e uma nuvem espessa sobre o monte; e ouviu-se um sonido de buzina mui forte, de maneira que todo o povo que estava no arraial estremeceu. E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. Nisso todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; e a fumaça subiu como a fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia fortemente. E, crescendo o sonido da buzina cada vez mais, Moisés falava, e Deus lhe respondia por uma voz”.

Esse fato foi importantíssimo no contexto da situação vivenciada pelo povo de Israel no deserto, principalmente porque a partir do capítulo vinte Moisés traria o conjunto de leis que deveria reger a relação entre Deus e os homens, com destaque especial para os dez mandamentos.

Num segundo momento, Deus estabeleceu um novo objetivo, o qual está registrado a partir do capítulo 25 de Êxodo. Deus determinou que Moisés construísse um santuário (ou tabernáculo 1) “para que eu (o Senhor) habite no meio deles (do povo)” Êxodo 25:8. O Deus que aparentemente estava distante, mantendo relacionamentos com determinados homens, deseja agora habitar no meio do povo. O santuário era o local onde Deus se apresentaria ao povo. O que se vê durante a trajetória do povo de Israel é um Deus presente no meio do povo (quando este agia em obediência) e o símbolo dessa presença foi o santuário do deserto. Com todos os seus utensílios, e depois o templo em Jerusalém.

Aqui começa a fazer sentido o conceito do Emanuel. Deus, na verdade, desejava restabelecer o relacionamento perdido no Éden. Deus desejava ardentemente estar próximo do homem e o clímax desse propósito é a encarnação de Jesus Cristo, o filho de Deus.

Jesus Cristo é o Emanuel, pois ele é o Deus conosco. O Deus que se insere na história do homem para estabelecer uma nova forma de relacionamento entre as partes. Jesus Cristo é o Deus que vem mostrar os valores que regem as relações no reino dos céus. Ele é o Deus que pessoalmente, em carne, não como aquele poderoso do Êxodo, mas como um homem simples, vem recuperar o homem perdido para levá-lo a um novo Éden.

Não é à toa que a expressão “habitou” de João 1:14 tem o sentido de estabelecer um tabernáculo ou “tabernaculizar”. Jesus Cristo é o tabernáculo de Deus entre nós.

Um ponto que chama a atenção e estabelece uma relação de tipologia do desejo de Deus estar com o homem pode ser visto no primeiro capítulo de Marcos. João Batista aparece no deserto, pregando o arrependimento e batizando no rio Jordão (Marcos 1:4-8). O povo de Jerusalém e da Judeia vai ao seu encontro para ser batizado. Então aparece Jesus e a postura de Jesus é diferente da de João Batista. Jesus não espera pelos homens, mas vai atrás deles. No verso 38 Jesus diz aos seus discípulos: “Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim”.

Vejo neste texto que João Batista representava o modelo de relacionamento entre Deus e os homens no Antigo Testamento. O povo tem que ir até Deus no santuário ou no templo. Jesus representava o novo modelo de relacionamento. Jesus foi ao encontro dos homens. Ele disse que estava na terra para isso.

Glória a Deus! Jesus Cristo, o Emanuel, veio habitar entre nós e depois que voltou para o Pai não nos deixou órfãos, mas mandou o Espírito Santo que agora habita dentro de nós (João 14:25-26).

O Deus que aparentemente estava distante no Antigo Testamento veio habitar no nosso meio por intermédio de Jesus Cristo e, agora, está dentro de nós por meio da presença do Espírito Santo.

Este é o Emanuel.

1) Tabernáculo - santuário portátil onde os hebreus guardavam e transportavam a arca da Aliança e demais objetos sagrados.

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