segunda-feira, 11 de julho de 2016

II Tessalonicenses 2.9

"Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus." (1Ts 2.9)
VERDADE PRÁTICA: A Bíblia afirma que o obreiro do Senhor é digno do seu sustento.
1Ts 2.9 - 12
9 Porque vos lembrais, irmãos, do nosso labor e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.
10 Vós e Deus sois testemunhas de quão santa e irrepreensivelmente nos portamos para convosco que credes;
11 assim como sabeis de que modo vos tratávamos a cada um de vós, como um pai a seus filhos,
12 exortando-vos e consolando-vos, e instando que andásseis de um modo digno de Deus, o qual vos chama ao seu reino e glória.


1.    O Cuidado Maternal de Paulo
 No versículo 8, Paulo emprega três expressões para mostrar seu meigo cuidado maternal para com eles:
a) “sendo-vos tão afeiçoados”;
b) “de boa vontade quiséramos comunicar-vos”;
c)  “porquanto nos éreis muito queridos”.
Paulo tornou-se provavelmente como uma mãe incansável, dependente, dirigida pelo amor, visando cuidar de todas as necessidades de seus filhos. Às vezes, as exigências são exauridas, não desaparecem da noite para o dia, mas a mãe está lá para zelar e cuidar.

2. O Trabalho “Noite e Dia” 
Paulo trabalha “noite e dia” (v. 9) a fim de nutrir os tessalonicenses no Evangelho. Reitera as medidas que tomou para evitar a imposição de quaisquer fardos sobre eles, no cuidado para consigo mesmo — é tolice exigir que um filho de pouca idade pague as despesas ou tome conta de sua mãe! Em outro contexto da defesa, novamente usando a metáfora dos cuidados paternos, Paulo escreve: “Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar” (2 Co 12.15).
-Esse é o caráter do ministério de Paulo. Preocupa-se de que nada deponha contra sua eficiência, inclusive que não seja classificado como preguiçoso ou como um parasita. O grau dessa preocupação é ilustrado quando muitos anos mais tarde Paulo se encontraria com os presbíteros de Éfeso, e relataria que seu ministério estava livre de qualquer cobiça, e que ele mesmo trabalhou arduamente com suas próprias mãos (provavelmente no negócio de fabricação de tendas; veja At 18.3) para suprir as necessidades de seu grupo ministerial (20.33,34).
 -Paulo e os Apóstolos Podemos contrastar as atitudes de Paulo com a dos apóstolos quando escolheram sete diáconos porque não queriam “deixar a palavra de Deus e servir às mesas” (At 6.2-4). Entretanto, não concluímos que Paulo seja mais nobre nesta questão do que os outros apóstolos, e deveríamos notar que a natureza precisa de sua ocupação diária (e noturna) não é detalhada por Lucas. Não registra esses incidentes para promover a liderança que trabalha na obra em tempo integral, garantindo-lhe algum tipo de pagamento, mas com a única intenção de mostrar a divisão do trabalho no ministério da igreja primitiva. A respeito dos líderes da igreja, Paulo pode dizer que estes são merecedores de seus salários (1 Tm 5.18), porém optou por trabalhar para sua própria manutenção tanto quanto possível. Contudo, mesmo em Tessalônica recebeu apoio, pelo qual mostrou-se extremamente grato (Fp 4.16). Talvez a formação de Paulo esteja muito mais relacionada ao trabalho com as próprias mãos, pois se esperava que até mesmo os rabinos tivessem o seu próprio negócio: “Não havia professores remunerados na Palestina” (Morris, 80).

3. A Liderança Sacrificial de Paulo 
A história do modelo de liderança sacrificial de Paulo ressoa através dos séculos, e pode ser claramente ouvida por todos os que são chamados para as posições de liderança, quer sejam remuneradas ou não. Deve-se esperar que o ministério demande muita força de vontade, seja um trabalho árduo e exija muito daqueles que nele trabalham. Aqueles que sinceramente cuidam de pessoas e honram a chamada de Deus serão considerados imitadores da dedicação de Paulo.
O versículo 10 nos leva a um exemplo profundo do esforço sincero e amoroso dedicado aos tessalonicenses. Geralmente, de maneira ousada, Paulo declara que tanto Deus quanto os tessalonicenses são testemunhas da natureza impecável de seu trabalho entre eles. Marshall (73) explica que a dupla invocação é significativa para que os leitores observassem que todas as aparições deviam ter sido sinceras; mas Deus é invocado como testemunha, para verificar que os missionários não são “culpados de uma fraude astuta praticada sob o testemunho da humanidade”.

4. Os Protestos, 
Paulo fez três protestos que deveriam chegar aos nossos ouvidos como presunção, no entanto, à luz do contexto das alegações, tais reivindicações precisavam ser feitas. Cada cristão pode, por falsa humildade ou talvez por consciência de suas deficiências pessoais, negar-se a referir-se a si mesmo como “santo, virtuoso e inocente”. Paulo nunca disse que era perfeito; é claro que como todos os crentes ele mesmo deveria crescer em Cristo (Fp 3.12). Entretanto, quanto ao ministério e à sua motivação, podia falar de si mesmo como inocente, sem qualquer maldade. Sua prioridade era voltada aos legítimos interesses dos outros. Paulo foi simplesmente um humilde instrumento para divulgar aos tessalonicenses a mensagem da graça de Deus.
Continuando sua defesa, Paulo passa ao aspecto paternal de seu cuidado (vv. 11,12). Nunca procurou exercer a autoridade de um apóstolo reivindicando um tratamento especial, nem foi um poderoso negociante. A autoridade que realmente exerceu foi a de um pai que tinha em mente o bem-estar de seus filhos. A principal função paternal que salienta é a de instruir “o menino no caminho em que deve andar” (Pv 22.6), e que se conduzissem “dignamente para com Deus” (1 Ts 2.12).
Paulo então emprega outra lista com três itens para explicar como exerceu sua função de pai (observe os exemplos nos versos 3,5,6,10 e 19):
 1.                 Ele foi um encorajador (parakaleo; da mesma raiz da palavra traduzida como “exortação” em 2.3), que procurou motivar seus filhos (cf. a mesma palavra em Rm 12.1; 1 Co 4.16; 2 Co 2.8; 6.1; Ef 4.1; Fm 9.10). Seu método de apresentação para motivar positivamente — visando incitar uma conduta apropriada — é instrutivo. Comportou-se como alguém que prestava atenção às palavras: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4; cf. Cl 3.21).
 2.                 O próximo item na lista de Paulo é traduzido como “consolador” (paramytheomai); nesse contexto invoca a visão de um pai cujo filho pode estar se sentindo abatido ou atemorizado pelos desafios trazidos pelo crescimento. O pai é sensível e reconhece a necessidade que a criança tem de receber a consolação calorosa ou o incansável aconselhamento. A infância espiritual dos tessalonicenses foi envolvida por dificuldades, mas seu pai os conforta (por exemplo, quando lembra-os de que as provações são o destino do crente, 3.3).
 3.                 A palavra final na lista é “ordenar” (martyromai), que sugere a autoridade que um pai pode exercer. Há ocasiões em que uma criança precisa escutar em palavras inequívocas que certas ações são exigidas ou proibidas dentro da família.

 Como cumprimento da obrigação de exortar, consolar e ordenar, o objetivo é ver os filhos andando de modo digno “de Deus” (cf. Ef 4.1; Fp 1.27; 2 Ts 1.5). O que é uma vida digna? Podemos ter certeza de que Paulo não quer dizer “digna” no sentido de ganhar a salvação, ou de realizar algo que faça com que Deus ame os crentes mais do que já o faz. Os cristãos tornaram-se novas criaturas em Cristo (2 Co 5.17). Tiveram de se despir “do velho homem com os seus feitos” (Cl 3.9). Agora estão prontos para viver em obediência, como imitadores de Cristo, com o poder do Espírito Santo para crescerem na conduta apropriada (Gl 5.16; 1 Ts 4.7,8; Tt 2.11,12). Um filho na família de Deus respondeu ao chamado de submeter-se ao padrão de Deus, para um estilo de vida caracterizado pela santificação e pelo amor.
Deus chamou o crente para participar de “seu reino de glória”. Esse reino já foi inaugurado. Jesus pregou as Boas Novas do Reino (Lc 4.43), e enviou seus discípulos a fazerem o mesmo (Mc 16.15; Lc 9.2). Lucas registra a primeira igreja pregando as Boas Novas “do reino de Deus”, que foi parte da pregação do “nome de Jesus Cristo” (At 8.12; cf. 19.8; 28.23). Mas o reino não está operando no presente com todo o seu potencial (Hb 2.8; Ap 11.15). Essa plenitude será alcançada quando Jesus retornar (2 Ts 1.7). A grande esperança do santo é compartilhar a glória de Deus, no qual não haverá interferência do reino das trevas. Paulo refere-se à esperança dessa herança da glória, como um estímulo confortante para que os santos perseverem (Rm 8.17,18; 2 Co 4.16-18). Quando finalmente virmos a Cristo, concluiremos que todos os nossos esforços foram compensados (Hb 12.1,2).

Extraído de ARRINGTON, French; STRONSTAD, Roger (ed.) Comentário bíblico pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro:CPAD, 2003.

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