quinta-feira, 14 de julho de 2016

As virtudes de Paulo para com DEUS - Jonathan Edwards

Edwards enumera sete virtudes nas quais Paulo se distinguiu para com DEUS. Todo cristão deveria seguir o exemplo da força de  fé de Paulo, de sua abundância em oração e louvor, contentamento no Senhor e cautela nos relatos sobre si mesmo.

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Passo a mencionar algumas das virtudes de Paulo, com respeito mais imediato a Deus e a Cristo, nas quais deveríamos seguir seu exemplo.

FORTE NA FÉ

Primeiro. O apóstolo era forte na fé. Podemos dizer, com toda certeza da verdade, que Paulo vivia pela fé. Sua fé era equilibrada, sem a menor aparência de duvida ou hesitação em palavras ou ações. Tudo parecia proclamar que mantinha sempre em vista o próprio DEUS e seu Cristo e o mundo invisível. Sobre tal tipo de fé continuadamente exercitada em sua vida, Paulo professou em 2 Coríntios 5.6-8: "Temos, portanto, sempre bom animo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do SENHOR; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o SENHOR".

Fé nas coisas invisíveis

Paulo falava sempre de DEUS e Cristo e das coisas invisíveis e futuras como alguém que os conhecia com certeza e os via tão plena e certamente quanto qualquer coisa vista de imediato ante os nossos olhos físicos. Falava como quem sabia com certeza que a promessa de vida eterna, dada por DEUS, seria realizada - e colocou isso como razão para lutar com tanto empenho e sofrer toda espécie de sofrimento, sendo constantemente entregue à morte por amor de Cristo: "...nós, que vivemos, somos entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Cor. 4.11).


Fé em face de martírio


Paulo se refere à sincera expectação e esperança do cumprimento das promessas de DEUS. Pouco ante da morte, quando prisioneiro, sabendo que certamente sofreria a provação do martírio, a maior provação da fé, Paulo expressou sua confiança em Cristo nos mais fortes termos: "...por isso estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia" (2 Tm. 1.12)
Tal exemplo pode nos envergonhar, pois quão fraca e instável é a fé da maioria dos crentes! Se, vez ou outra, parece haver exercícios mais vividos da fé, dando a pessoa um momento de firme persuasão e confiança, são, contudo, exercícios abreviados, e bem depressa se desvanecem! Mui frequentemente a fé é abalada pela tentação; tão seguidamente os exercícios da fé são interrompidos por duvidas; e quantas vezes, também, exibem espírito hesitante, vacilante! Nossa fé realiza tão pouco em tempos de aflição; nossa confiança em DEUS é tão fácil e frequentemente abalada e interrompida, prevalecendo a incredulidade! Isso acontece desonrando ao Salvador Jesus Cristo e é também muito doloroso para nós. Que participação feliz e gloriosa seria viver uma vida de fé como a do apóstolo Paulo! Como galgou alturas nas asas da fé fortalecida, acima das mesmas pequenas dificuldades que, hoje, continuam a nos perturbar e querem nos vencer! Tendo exemplo tão abençoado nas Escrituras, deveríamos procurar, também, com sinceridade, subir mais alto.


AMOR A CRISTO

Segundo. Outra virtude que deveríamos imitar do exemplo de Paulo é o seu grande amor por Cristo. Os coríntios se surpreenderam observando os atos do apóstolo, a maneira como batalhava e sofria sem nenhuma motivação mundana. Indagavam sobre o que influenciava e operava de modo tão maravilhoso nesse homem. O apóstolo disse, de si mesmo, que estava sendo exposto como espetáculo para o mundo. Este era o principio imediato que o motivava: um forte e intenso amor dedicado ao glorioso Senhor e Mestre.

O amor de Cristo constrange

Esse é o tipo de amor que o constrangia, de maneira que nada mais podia fazer, senão lutar e trabalhar em favor da salvação. Tal é o relato que Paulo faz sobre o próprio sentimento: "...o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo todos morreram" (2 Cor. 5.14). Tinha tal deleite no Senhor Jesus Cristo, em seu conhecimento e contemplação, que disse: "considero tudo por perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Fp. 3.8). Paulo falou em termos bem positivos. Não disse meramente que esperava amar a Cristo, desprezando as outras coisas em comparação com o conhecimento do Senhor, mas sim que: "considero tudo por perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor". Por essa razão ele se gloriava, até mesmo, nos sofrimentos por amor de Cristo, porque o amor de DEUS foi derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Rm. 5.5). Esta expressão parece indicar que ele realmente tenha sentido aquele afeto santo, doce e poderosamente difundido em sua alma, como unguento precioso e perfumado.


O amor de Cristo no sofrimento

Como é que Paulo triunfa em seu amor a Cristo no meio dos sofrimentos? "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de Ti, somos estregues a morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Rm. 8.35-37).
Isso não pode nos envergonhar nossos corações frios, mortos, isto é, que ouvindo tanto sobre Cristo, suas gloriosas excelências e maravilhoso amor, haja tão pouca emoção e que os corações sejam como terra congelada pelas afeições do mundo? E pode ser que, de vez em quando, sejamos persuadidos, com dificuldade, a fazer um pouco mais ou exercitar coisa pouca, pelo avanço do reino de Cristo, para, então, gabarmo-nos disso como se o tivéssemos feito com toda nobreza. Os nobres exemplos a nossa frente são suficientes para nos fazer enrubescer, comparando às nossas realizações no amor de Cristo, e para nos despertar do sono para, com sinceridade, seguir aqueles que foram tão longe, adiante de nós.


NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO

Terceiro. O apóstolo Paulo vivia em uma época que o cristianismo era profundamente desprezado; ele, contudo, não se envergonhava do Evangelho de Cristo. Em todas as partes, os cristãos eram desprezados pelos grandes homens deste mundo - homens de posição honradas, conhecedores, ricos - desprezavam o cristianismo, considerando ser rude e desprezível seguir um homem pobre, um crucificado. Ser cristão era considerado desastroso para a reputação de uma pessoa. Os cristãos eram vistos como tolos, desprezíveis e motivo de zombaria. Eram os mais rudes entre os homens, escória do mundo. Havia grande tentação de se envergonhar do Evangelho.

Paulo grandemente tentado a se envergonhar

O apóstolo Paulo estava envolvido, da maneira mais especial, em circunstancias que o expunham a tentação, pois, antes de se tornar cristão, gozava de grande reputação entre os patrícios. Era estimado como jovem de proficiência singular no conhecimento, possuidor de grandes destaques entre os fariseus, homens de primeira classe entre os judeus. Em épocas em que a religião é desprezada, os grandes homens são mais propensos a se envergonhar do evangelho. Parece que muitos dos poderosos pensam que a aparência da religiosidade diminuirá o valor da pessoa. Não sabem viver com espírito de amor e devoção ao DEUS supremo e firme obediência os seus mandamentos. O apóstolo Paulo, contudo, não se envergonhava do evangelho em qualquer situação que fosse, diante da pessoa que fosse. Não se envergonhava do evangelho diante dos próprios conterrâneos judeus, nem diante de seus governantes, escribas e homens poderosos, mas professava a fé com ousadia, confrontando as suas oposições. Quando, em Atenas, o principal lugar de educação e cultura do mundo da época, ainda que os doutos e filósofos desprezassem sua doutrina e o chamassem de tagarela por causa da pregação do evangelho, ainda sim, ele não se envergonhou - argumentou com ousadia, confundindo os filósofos e convencendo alguns deles. Quando chegou a Roma, metrópole e senhora do mundo conhecido, onde residiam o imperador, os senadores e principais governantes do mundo romano, ele não teve vergonha do evangelho. Disse aos romanos: "quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de DEUS para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeus e também do grego" (Rm. 1.15-16).



Não se envergonhava diante de grande desprezo


O apóstolo era desprezado e sofria o desdém por causa da pregação de um Jesus crucificado: "quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos" (1 Cor. 4.13). No versículo dez, ele diz: "Nós somos loucos por causa de Cristo". Os cristãos eram considerados loucos, e assim chamados frontalmente. No entanto, o apóstolo não se envergonhava do Jesus crucificado; gloriava-se nele, acima de tudo: "...longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz do Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo esta crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gl. 6.14).
Temos aqui um exemplo a ser seguido se, em qualquer ocasião, estivermos entre os que desprezam a religião, que, certamente, nos desprezarão alegando presunção religiosa, debochando de nossas reivindicações da fé e não cedamos a concessões pecaminosas diante de pessoas frívolas e irresponsáveis  só para não parecermos especialmente ridículos. Tal maldade de espírito domina muitos homens, os quais não são dignos de serem chamados cristão e dos quais Cristo se envergonhará, quando vier com seus anjos, na glória do Pai.


DESPREZO PELO MUNDO

Quarto. Outra virtude em que devemos imitar o exemplo do apóstolo Paulo é em relação ao seu desprezo das coisa do mundo e a sua mente voltada para as coisas do céu.

Condenando os prazeres do mundo

Paulo considerava os vãos deleites do mundo. Desprezava as riquezas: "De ninguém cobicei prata, nem vestes" (At. 20.33). Desprezava seus prazeres: "...esmurro o meu corpo e o reduzo a escravidão" (1 Cor. 9.27). O contentamento do apóstolo estava antes no sofrimento do corpo do que na gratificação de apetites carnais: "...sinto prazer nas fraquezas, nas injurias, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Cor. 12.10). Ele desprezava as honrarias do mundo: "...jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros" (1 Ts. 2.6). Declarou que o mundo estava crucificado para ele, e ele para o mundo.

Buscando as coisas invisíveis

Não eram as coisas terrenas e carnais que o apóstolo buscava, mas, sim, as coisas de cima que eram invisíveis aos olhos dos homens: "não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas coisas que se não veem; porque as coisas que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2 Cor. 4.18). Ele ansiava pelo céu: "...na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida" (2 Cor. 5.4). Dizia ele que a ninguém conhecia segundo a carne; não, olhava aos homens ou as coisas do mundo, nem as via em relação ao mundo, como representantes da vida presente, mas considerava todos os homens e todas as coisas em relação a natureza espiritual de outro mundo.
Nisto, o apóstolo agiu conforme fica bem ao crente, pois os cristãos verdadeiros são membros de um povo que não pertence a este mundo. Assim, será coisa bastante desprezível encher a mente com tais valores. O exemplo de Paulo pode envergonhar a quantos se ocupem principalmente das coisas deste mundo, como posses e honrarias, em ainda assim, pretendam ser considerados discípulos como Paulo, participantes das mesmas lutas e co-herdeiros da mesma herança eterna. Isto deveria nos induzir a maior indiferença para com as coisas do mundo e a uma mente mais voltada para o céu.


ABUNDANTE EM ORAÇÃO E LOUVOR

Quinto. Devemos também seguir o exemplo do apóstolo na abundância de oração e de louvor. Ele estava profunda e sinceramente envolvido em tais deveres e continuadamente os praticava, como observamos em muitas passagens. Romanos 1.8-9: "...dou graças a meu DEUS, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé. Porque DEUS, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós" Efésios 1.15-16: "Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações". Colossenses 1.3: "Damos sempre graças a DEUS, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós". 1 Tessalonicenses 1.2-3: "Damos sempre graças a DEUS, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos"; e "...que ações de graças podemos tributar a DEUS no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa, diante do nosso DEUS, orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências de vossa fé" (1 Ts. 3.9-10). 2 Timóteo 1.3: "Dou graças a DEUS, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia".


CONTENTAMENTO NO SENHOR

Sexto. Devemos seguir o exemplo de Paulo em sua atitude de comportamento em relação aos desígnios da divina providencia. Ele esteve sujeito a uma diversidade de acontecimentos, passando por grandes mudanças, continuadamente sob circunstancias de extremo sofrimento, de um ou outro tipo, e, às vezes, muitas dores ao mesmo tempo. Contudo, Paulo havia atingido tamanho grau de submissão à vontade de DEUS que se mostrava contente em todas as situações e em todas as condições em que se encontrava: "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também se honrado; de tudo e em todas as circunstancias, já tenho experiencia, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece" (Fp. 4.11-13)
A que benditos sentimentos e disposição mental o apóstolo Paulo chegou! E como é feliz de quem, hoje, pudermos dizer o mesmo! Era como se nenhum mal o atingisse, nada o perturbasse, pois seu descanso estava em todas as coisas ordenadas por DEUS.

CUIDADO AO RELATAR SOBRE SI MESMO


Sétimo. Devemos seguir o apóstolo na grande cautela que exibia ao relatar as próprias experiencias, a fim de não apresentar mais de si do que aquilo que os homens viam ou dele ouviam. Em 2 Coríntios 12, Paulo conta sobre como foi favorecido com visões e revelações, tendo subido ao terceiro céu. No versículo seis, sugerindo que poderia relatar ainda mais, parou o relato e deixou de dizer mais coisas sobre a experiencia. A razão foi que queria evitar que, falando sobre si mesmo, houvesse ocasião de desapontamento para qualquer pessoa que esperasse do relato das experiencias mais do que nele viam ou ouviam. Em suas palavras: "...se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstendo-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve" (2 Cor. 12.6).
Alguém pode indagar que razão teria um homem tão enaltecido quanto o apóstolo para ser tão cauteloso a esse respeito. Por que evitaria declarar as coisas extraordinárias que testemunhara, já que sua vida era condizente com suas palavras, tão eminentemente coerente com a experiencia? Entretanto, o apóstolo evitava o relato total de suas experiências. Sabia da necessidade de cautela quanto a tais questões. Se o testemunho das extraordinárias revelações, nas suas conversações, despertasse uma expectação de coisas por demais grandiosas, que sua vida não pudesse refletir, muito dos observadores seriam feridos em sua fé. Os inimigos estariam prontos a dizer: "Quem é esse? O homem que relata de modo tão extraordinário suas visões e revelações e os sinais do favor de DEUS não consegue viver de conformidade com o que fala!" Se um homem tal como o apóstolo, de vida tão elevada, teve o cuidado de conter sua própria exposição, certamente nós, que falhamos muito mais do que ele quanto ao nosso exemplo, em cuja conversação o inimigo poderá encontrar muito maior fracasso, teremos de ter ainda mais cuidado, para que o inimigo não encontre motivo em nós para acusar o evangelho.
Isso nos ensina que temos de nos refrear de qualquer jactância não nos apresentando como melhores do que nossas obras e conversações representam. Os homens comparam as falas e os procedimentos. Se não encontram correspondência entre elas, maior será a desonra para DEUS do que a honra que pretendemos. Portanto, nós, os cristãos, temos de ser cautelosos a esse respeito, seguindo o grande exemplo do apóstolo Paulo.

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