quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Novos paradigmas ou novos dogmas com fruto do isolacionismo?

Se observarmos a trajetória da igreja de Jesus Cristo pós-período apostólico, principalmente após sua institucionalização como religião oficial do império romano, perceberemos uma luta agonizante de um remanescente sincero; pessoas que mesmo sem direcionamento ou princípios adequados, lutaram em busca de um evangelho verdadeiro para aplicação pessoal, o que consistia simplesmente na própria ressurreição da igreja, em meio a um caos de um longo período de trevas que perduraria até o séc. XV.
Entre um concílio e outro, esses pontos de luz surgiam no meio das trevas na pessoa de grandes homens que, seja acertando ou se equivocando, ousaram confrontar a ordem e os dogmas estabelecidos pelos supostos donos da igreja, doando suas próprias vidas para resgate dessas verdades cristãs, às vezes tão ocultas aos seus próprios olhos.
Não obstante o pouco ou nada de revelação obtida, a verdade é que se não fosse o amor muitas vezes desarticulado desses homens, muitos dos quais anônimos ao nosso conhecimento, não seria possível o cume da reforma Luterana sucedida por tantas outras que explodiriam nos anos e séculos seguintes, dando forma e vida à igreja cristã atual.
Diante da premissa que ora estabelecemos, poderíamos até afirmar que a verdade da vida cristã está muito mais lastreada no amor despendido que nas próprias verdades do evangelho. Porém, se considerarmos que a maior verdade do evangelho é o próprio amor, concluiremos que o amor como lastro da vida cristã é apenas cumprimento do próprio evangelho, com todas as suas verdades.
Se analisarmos cautelosamente cada avivamento e cada reforma ao longo da história da igreja, inclusive a Luterana, perceberemos imperfeições aberrantes de interpretações, idéias e teorias bíblicas.   Mas até aqui, isso não reduziu o brilhantismo dessas reformas, nem tão pouco a certeza da ação do Espírito Santo por meio delas.
Vale lembrar, que não foi o baixo nível de conhecimento que permitiu o surgimento de tais aberrações, mas se a justificativa ainda for uma revelação parcial do evangelho, a este fator é importante considerar o ISOLACIONISMO: Idéias não compartilhadas com aqueles que queriam a mesma coisa, com a finalidade de extrair e descartar ao máximo, aquelas concepções mais dogmáticas e menos espirituais.
Vimos em toda a história que Deus sempre estabeleceu limite para seu povo, e esse limite para dogmas e erros egocêntricos é reduzido à medida que o nível de revelação aumenta e a guerra entre luz e as trevas se afunila para o fim, não havendo mais espaço para cometimento dos mesmos erros medíocres, com vistas a reduzir os prejuízos e danos, que por certo serão superiores aos de surgimento de seitas heréticas no passado recente, por conta da arrogância e prepotência, daqueles que sempre se sentirão donos da revelação e do saber cristão.
A pergunta é: Como poderemos minimizar o surgimento de novos equívocos e dogmas dentro da igreja? Creio que a resposta está na unidade entre líderes denominacionais do meio evangélico, através da tolerância, da aceitação, do considerar uns aos outros superiores a si próprios, não somente com palavras bonitas de concordância dissimulada, mas compartilhando e aceitando idéias, críticas e sugestões de fato, num total repúdio ao ISOLACIONISMO.
Uma das verdades perseguidas pela igreja ao longo de sua trajetória de ressurreição foram os cinco ministérios distribuídos entre o corpo de Cristo, para crescimento e aperfeiçoamento dos santos.
Atualmente já é unanimidade a compreensão de que a igreja deve ser tocada pelos cinco ministérios, porém, enquanto algumas denominações intitulam líderes superficiais com o apostolado por razões muitas vezes alheias ao chamado propriamente dito, outras denominações, mesmo tendo líderes profundos com o chamado e encargo apostólico, preferem designá-los como pastores, seja para não abrir mão dos seus dogmas, por falsa modéstia ou simplesmente por falta de fé.
Mas esse é apenas um exemplo entre dezenas de outras divergências. Os mais comuns são aqueles dogmas que aparecem fantasiados de “novos paradigmas” através de denominações hegemônicas. Um bom exemplo foi quando alguém disse:
 - Primeiro Deus, segundo a família e terceiro a igreja.
Outro líder hegemônico fica quietinho por algum tempo, mas logo seu conhecimento aguçado e língua afiada expõe seu ego;  e de forma incontrolável, aquela crítica sutil sai em forma de revelação para não parecer ser coisa da alma, pois (pensa ele):
- É preciso deixar claro que não existe propósito em desmerecer ou atacar ninguém, afinal de contas ninguém é dono da verdade; desejamos apenas esclarecer a palavra de Deus.
Então discretamente ele lança seu “paradogma” como uma flecha flamejante contra seu oponente ideológico secreto, sem citá-lo. Lá vai a flecha:
- Primeiro Deus e a igreja, porque a igreja como corpo e cristo como cabeça não podem ser tratados separadamente, pois ambos são um, etc, etc, etc.
Coitada da família! Caiu no conceito desse líder e corre o risco de ir para o inferno, pois neste caso, ou sua igreja não é constituída por famílias, ou as famílias dessa igreja são incrédulas. Sem levar em consideração que o próprio apóstolo Paulo ensinou que antes de separar alguém para cuidar das coisas da igreja, deve ser primeiramente analisada a sua vida como chefe de família: A idéia é, cuide bem de sua família, e será considerado apto para cuidar da igreja.
De qualquer forma, você já conseguiu perceber que as duas afirmações estão corretas, que a bíblia não se contradiz, e que não precisaria haver choque de idéias, mas apenas a complementação de uma com aoutra? Quando cuido da família, cuido da igreja...
Explicações teológicas e bases bíblicas para dogmas e teorias é o que nunca falta; mas a verdade é que essa sucinta guerra de egos, mantém líderes e respectivos rebanhos distanciados, para alegria do adversário. Parece que as pessoas ainda não entenderam que com a mesma bíblia é possível condenar e absolver alguém pelo mesmo crime, quanto mais compactuar ou reprovar conceitos alheios. Mas a bíblia não pode ser usada para defender interesses ou ideologias, senão para conduzir pessoas à reflexão e ao arrependimento. Se todos começassem a pensar assim, a igreja seria mais única e unida.
Devemos sim, estar fundamentados em princípios fundamentais, os quais devem ser universais e base para a existência e funcionamento de toda a igreja cristã evangélica, com vistas a não compartilhar das doutrinas farisaicas. Demais ideologias e interpretações, deveriam ser compartilhadas, analisadas, criticadas e homologadas por um conselho de líderes, antes de se tornarem ensinamentos (muitas vezes equivocados) despejados sobre o povo.
Pouco tempo atrás, alguns irmãos vieram me informar com grande convicção que nunca existiu o ministério de louvor e adoração; que isso foi criação da nossa medíocre mente humana. Fiquei estarrecido, passaram-se diversos pensamentos por minha cabeça, e entre eles o fato de diversos ministérios de louvor e adoração terem se levantado ao longo de décadas em todas as partes do mundo, e que através deles milhares de almas se renderam aos pés do Senhor Jesus. Então perguntei àqueles irmãos onde estava escrito tal revelação bíblica, e me responderam que na verdade era o contrário - em nenhum lugar da bíblia citava o ministério de louvor e adoração, e que havia apenas cinco ministérios estabelecidos nela.
O pior de tudo é que tal informação emanou de líderes hegemônicos com quem aprendi tanto sobre a capacidade e criatividade humana dada por Deus para liderar a terra, a família e sua igreja.
Pensei um pouco mais e concluí que na verdade essa informação pode levar á duas interpretações válidas: A primeira é que realmente o ministério de louvor e adoração nas igrejas não está entre os cinco ministérios deixados para tocar a igreja; e a outra é que também não está escrito em nenhum lugar da bíblia para não se levantar o ministério de louvor e adoração nas igrejas, mas que tudo que for bom, agradável e que produza algum louvor, devemos pensar e fazer, e para isso Deus nos deixou a criatividade e capacidade de liderar.
Ressalvadas as peculiaridades e devidas proporções, um bom exemplo é a do Presidente da República federativa do Brasil: Como não existe nenhuma lei dizendo que é proibido criar ou extinguir qualquer ministério público federal, fica aberta a possibilidade de abrir ou excluir quantas pastas ministeriais forem necessárias, segundo a necessidade do governo legitimamente eleito, pois para isso o povo o elegeu.
Deus nos elegeu antes de tudo, por entender que somos capazes de administrar sua obra sem engessamentos dogmáticos preconcebidos.
Penso que tais denominações não dão tanto valor a esse ministério tão importante dentro das igrejas, não por não configurar entre os cinco da bíblia, mas por razões estratégicas e até dogmáticas.
Sobre esse tema, ainda acredito que o ministério de louvor e adoração não só existe como é tão ou mais importante que os demais ministérios, pois se não foi deixado entre os cinco da bíblia, é porque na verdade já existia antes da criação do homem e da igreja, enquanto os demais surgiram concomitante ao surgimento da igreja.
Outro fato é que, quando o papel da igreja de reconciliar o mundo com Deus se findar, fatalmente os cinco ministérios irão findar-se com ela, enquanto o ministério de louvor e adoração permanecerá existindo pela eternidade. Ou será que no céu não haverá maestros e regentes para corais e os mais diversos instrumentistas com seus instrumentos jamais vistos pela humanidade? Alguém vai precisar estabelecer letras, rítimos, instrumentos a serem utilizados, para que o louvor saia perfeito. E penso que os melhores ministros de louvor e adoração da igreja, serão aperfeiçoado pelos anjos e estarão entre os ministros da adoração no céu.
Não quero que as minhas afirmações sejam simplesmente aceitas. Antes, desejo ser confrontado, criticado e elucidado sobre questões que ainda não me foram reveladas.  Quero mudar de opinião quando for preciso, para liderar melhor, ensinar melhor, servir melhor... O que não aceito é o ISOLACIONISMO e essa guerra fria de dogmas.
Minhas afirmações podem ser vistas de diferentes formas pelos diversos leitores: revelação, paradigma, novo dogma ou simplesmente uma interpretação medíocre da realidade. Mas independente da forma individual de cada um analisar e adotar suas próprias conclusões sobre os diversos temas bíblicos, o mais importante é que todos nós compreendamos que por mais que sejamos sábios e entendidos, é muito fácil adotar uma linha de pensamento que pode ou não ser verdadeira, mas que por causa dela nos tornamos o elo quebrado da corrente que deveria unir a igreja de Jesus, e que no futuro seremos cobrados por desunir o rebanho de cristo, por conta do nosso egocentrismo enrustido dentro de uma aparência de santidade. 
E finalmente, para aqueles que possuem a revelação do Espírito Santo, e diante disso a certeza de que não se equivocam em suas interpretações; eu deixo este versículo e princípio bíblico:
APRENDEI-VOS UNS COM OS OUTROS.
 Autor: Irenilson Santos
10/01/2011





     


  

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