segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Sauls furiosos

Mães controladoras. Técnicos que vieram da escola de Stalin. O professor bravo de matemática. O comandante autonomeado do cubícu­lo. O rei que decide encravar o jovem pastor na parede.

Essa última história aconteceu com Davi. Pobre Davi. O vale de Elá revelou-se um campo de treinamento para a corte real. Quando Go­lias perdeu sua cabeça, os hebreus transformaram Davi em seu herói. O povo promoveu um desfile para espalhar rapidamente a notícia, cantando: "Saul matou milhares e Davi, dezenas de milhares" (1 Samuel 18:7).

Saul explode como o vulcão Vesúvio. Passa a examinar Davi "dali em diante" (18:9). O rei já tem a alma perturbada, propensa a ter acessos de raiva, suficientemente louca para comer abelhas. A popularidade de Davi irritou Saul. "Encravarei Davi na parede" (18:11).
Saul tenta matar o menino de ouro de Belém em seis diferentes momentos. Primeiro, ele pede a Davi que se case com sua filha Mical. Parece um gesto gentil, até você ler sobre o preço brutal que Saul exigiu pela noiva. O prepúcio de cem filisteus. Sem dúvida, um dos filisteus matará Davi, espera Saul. Não é o que acontece. Davi dobra a exigência e volta com a prova (18:25-27).
Saul não desiste. Ordena aos seus servos e a Jônatas que matem Davi, mas eles se recusam a fazê-lo (19:1). Ele tenta encravá-lo com a lança outra vez, mas não consegue (19:10). Saul envia mensageiros à casa de Davi para o matarem, mas Mical, esposa de Davi, o faz descer por uma janela. Davi, o papa-léguas, fica um passo à frente de Saul, o coiote.
A raiva de Saul estarrece Davi. O que ele fez senão o bem? Ele levou cura pela música ao espírito atormentado de Saul, esperança à nação enfraquecida. Ele é o Abraham Lincoln da calamidade dos hebreus, salvando a república e fazendo isso modesta e honestamente. Ele "tinha êxito em tudo o que fazia" (18:14). "Todo o Israel e todo o Judá, porém, gostavam de Davi" (18:16). Davi "tinha mais habilidade do que os outros oficiais de Saul e assim tornou-se ainda mais famoso" (18:30).
Contudo, o monte Saul continua em erupção, recompensando os feitos de Davi com lanças voadoras e planos para assassiná-lo. Entende­mos a pergunta que Davi faz para Jônatas: "O que foi que eu fiz? Qual foi o meu crime? Qual foi o pecado que cometi contra seu pai para que ele queira tirar a minha vida?" (20:1).
Jônatas não tem resposta para dar, pois não há resposta. Quem pode justificar a raiva de um Saul?
Quem sabe por que um pai atormenta um filho, uma esposa des­denha o marido, um chefe coloca os funcionários uns contra os outros? Mas é o que acontece. Saul ainda tem raiva de nosso planeta. Ditadores torturam, patrões seduzem, ministros abusam, sacerdotes molestam, os fortes e poderosos controlam e enganam os vulneráveis e inocentes. Os Sauls ainda perseguem os Davis.
Como Deus responde em tais casos? Aplica o castigo merecido? Talvez queiramos que ele faça isso. Ele tornou-se conhecido por acabar com alguns Herodes e faraós. Não posso dizer como ele cuidará dos seus. Ele lhe enviará um Jônatas.
Deus responde à crueldade de Saul com a lealdade de Jônatas. Jônatas poderia ter ficado tão enciumado quanto Saul. Como filho de Saul, ele preparava-se para herdar o trono. Como um nobre soldado, ele estava lutando contra os filisteus enquanto Davi ainda estava apascentan­do ovelhas.
Jônatas tinha razão para desprezar Davi, mas não desprezava. Ele era generoso. Generoso porque a mão do Tecelão Mestre tomou seu coração e o de Davi e fez uma emenda entre eles. "Surgiu tão grande amizade entre Jônatas e Davi que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo" (18:1).

A mão do Tecelão Mestre tomou seu coração
e o de Davi e fez uma emenda entre eles.

Como se dois corações fossem dois tecidos, Deus os "costura e jun­ta com um fio". De tão entrelaçados que estão, quando um é deslocado, o outro percebe. Quando um é esticado, o outro sabe.
No dia em que Davi derrota Golias, Jônatas jura sua lealdade.

E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o seu melhor amigo. Jônatas tirou o manto que estava vestindo e o deu a Davi, com sua túnica, e até sua espada, seu arco e seu cinturão (18:3,4).

Jônatas troca as vestes de pastor de Davi por seu próprio manto de púrpura: o manto de um príncipe. Ele dá sua espada de presente para Davi. Ele, efetivamente, coroa o jovem Davi. O herdeiro do trono entrega seu trono.
E, depois, ele protege Davi. Quando fica sabendo dos planos de Saul, Jônatas avisa seu novo amigo. Quando Saul vem em busca de Davi, Jônatas o esconde. Ele normalmente dá-lhe avisos como este: "Meu pai está procurando uma oportunidade para matá-lo. Tenha cuidado amanhã cedo. Vá para um esconderijo e fique por lá" (19:2).
Jônatas faz uma promessa a Davi e dá-lhe roupas e proteção. "Existe amigo mais apegado que um irmão" (Provérbios 18:24). Davi encontrou tal amigo no filho de Saul.
Oh, como é bom ter um amigo como Jônatas. Um amigo e confi­dente que o protege, que não procura nada senão o seu bem, que não quer nada senão a sua felicidade. Um aliado que o permite ser quem você é. Você sente-se seguro com essa pessoa. Não é preciso pesar pensamentos ou medir palavras.Você sabe que a mão dele separará o joio do trigo, re­terá o que é importante e, com um sopro de bondade, soprará o restante. Deus deu a Davi esse amigo.
Ele deu um a você também. Davi encontrou um companheiro em um príncipe de Israel; você pode encontrar um amigo no Rei de Israel, Jesus Cristo. Ele não fez uma aliança com você? Entre suas últimas palavras estão as seguintes: "Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" (Mateus 28:20).

Davi encontrou um companheiro em um príncipe de Israel; você pode encontrar um amigo no Rei de Israel, Jesus Cristo.

Ele não o vestiu? Ele oferece-lhe "roupas brancas para que você cubra a sua vergonhosa nudez" (Apocalipse 3:18). Cristo cobre-o com vestes adequadas para o céu.
Na verdade, ele vai além de Jônatas. Ele não só lhe dá o próprio manto; ele põe seus trapos."Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pe­cado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Coríntios 5:21).
Jesus veste você. E, como Jônatas, ele prepara-o. Você é convidado a " [vestir] toda a armadura de Deus, para [poder] ficar [firme] contra as ciladas do Diabo" (Efésios 6:11).

Você quer um amigo verdadeiro? Você tem um. E, por causa disso, você tem uma escolha. Você pode concentrar-se em seu Saul ou em seu Jônatas, ponderar sobre a malícia de seu monstro ou a bondade de seu Cristo.

De seu arsenal, Deus dá-lhe o cinto da verdade, a couraça da jus­tiça, o escudo da fé e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (vv. 13-17).
Assim como Jônatas protegeu Davi, Jesus promete protegê-lo. "Eu lhes dou a vida eterna e elas [as minhas ovelhas] jamais perecerão; nin­guém as poderá arrancar da minha mão" (João 10:28).
Você quer um amigo verdadeiro? Você tem um. E, por causa disso, você tem uma escolha. Você pode concentrar-se em seu Saul ou em seu Jô­natas, ponderar sobre a malícia de seu monstro ou a bondade de seu Cristo.
Beverly5 prefere superestimar Cristo. Não é fácil. Como você con­segue tirar seu foco do homem que a estuprou? Ele entrou na casa de Beverly passando-se por funcionário público. Ela tinha todos os motivos para confiar nele: relação pessoal e parceria profissional. Ele trabalhava para o Estado e solicitou uma audiência com ela. Mas ele a fez perder mais do que seu tempo.
Ele negou e conseguiu encobrir o ato. Enquanto ele continua a subir na escada política, Beverly reconhece-o no noticiário noturno, encontra-o em festas. Enquanto ele finge ser inocente, ela revolve-se por dentro.
Mas não do modo como ela estava acostumada. Dois anos depois do estupro, ela conheceu seu Jônatas. Uma amiga falou-lhe de Cristo — sua proteção, sua provisão e seu convite. Ela aceitou. As lembranças do estupro ainda a perseguem, mas não a controlam. Ela não ficou mais sozinha com seu Saul. Ela busca Cristo, em vez de vingança; avalia escolhas tendo em vis­ta a misericórdia dele, não a crueldade de quem a violentou. Beverly medita na presença viva de Jesus e a louva. Fazer isso é algo que cura sua alma.
Especialize-se em seu imperador do mal, se quiser. Faça chifres na foto dele. Lance flechas no retrato dele. Faça e memorize uma lista com tudo aquilo que as coisas que contaminaram sua mente levaram: sua infância, sua carreira, seu casamento, sua saúde. Leve uma vida cheia de Sauls. Atole-se na lama da dor. Você se sentirá melhor, não é?
Ou não se sentirá?
Passei boa parte do verão do colégio mergulhado na lama. Trabalhar em campos petrolíferos é um serviço consideravelmente sujo, na melhor das hipóteses. Mas seria esse o serviço mais sujo de todos? Não. Remover o lodo de tanques de petróleo vazios certamente era pior. O chefe da seção deixava esses serviços para os ajudantes que apareciam no verão. (Obrigado, chefe.) Colocávamos máscaras de gás, fazíamos força para abrir a porta de metal e entrávamos, tendo lama contaminada na altura dos tor­nozelos. Minha mãe queimava as roupas que eu usava para trabalhar. O mau cheiro impregnava o ar.

Fique um bom tempo mergulhado no fedor de sua dor e você ficará com o cheiro da toxina que tanto despreza.

Destino semelhante podem ter as suas roupas. Fique um bom tem­po mergulhado no fedor de sua dor e você ficará com o cheiro da toxina que tanto despreza.
Qual a melhor opção? Fique na companhia de seu Jônatas. Lamente-se menos por Saul; adore mais a Cristo. Junte-se a Davi enquanto ele proclama:

O SENHOR vive!
Bendita seja a minha Rocha!...
Este é o Deus que em meu favor executa vingança,
Que a mim sujeita nações.
Tu me livraste dos meus inimigos...
E de homens violentos me libertaste.
Por isso eu te louvarei entre as nações, ó SENHOR;
Cantarei louvores ao teu nome (Salmo 18:46-49).

Passeie livre e diariamente pela galeria da bondade de Deus. Ca­talogue os atos de bondade de Deus. Tudo, dos pores-de-sol à salvação — olhe para o que você tem. Seu Saul levou muita coisa, mas Cristo lhe deu mais! Deixe que Jesus seja o amigo de que você precisa. Converse com ele. Não poupe detalhes. Revele seu temor e descreva seu medo.

Seu Saul desaparecerá? Quem sabe? E até que ponto isso realmente importa? Você acaba de encontrar um amigo para toda a vida. O que poderia ser melhor do que isso?

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