Mães controladoras. Técnicos que vieram da escola de Stalin. O professor bravo de matemática. O comandante autonomeado do cubículo. O rei que decide encravar o jovem pastor na parede.
Essa última história aconteceu com Davi. Pobre Davi. O vale
de Elá revelou-se um campo de treinamento para a corte real. Quando Golias
perdeu sua cabeça, os hebreus transformaram Davi em seu herói. O povo promoveu
um desfile para espalhar rapidamente a notícia, cantando: "Saul matou
milhares e Davi, dezenas de milhares" (1 Samuel 18:7).
Saul explode como o vulcão Vesúvio. Passa a examinar Davi
"dali em diante" (18:9). O rei já tem a alma perturbada, propensa a
ter acessos de raiva, suficientemente louca para comer abelhas. A popularidade
de Davi irritou Saul. "Encravarei Davi na parede" (18:11).
Saul tenta matar o menino de ouro de Belém em seis
diferentes momentos. Primeiro, ele pede a Davi que se case com sua filha Mical.
Parece um gesto gentil, até você ler sobre o preço brutal que Saul exigiu pela
noiva. O prepúcio de cem filisteus. Sem dúvida, um dos filisteus matará
Davi, espera Saul. Não é o que acontece. Davi dobra a exigência e volta com
a prova (18:25-27).
Saul não desiste. Ordena aos seus servos e a Jônatas que
matem Davi, mas eles se recusam a fazê-lo (19:1). Ele tenta encravá-lo com a
lança outra vez, mas não consegue (19:10). Saul envia mensageiros à casa de
Davi para o matarem, mas Mical, esposa de Davi, o faz descer por uma janela.
Davi, o papa-léguas, fica um passo à frente de Saul, o coiote.
A raiva de Saul estarrece Davi. O que ele fez senão o bem?
Ele levou cura pela música ao espírito atormentado de Saul, esperança à nação
enfraquecida. Ele é o Abraham Lincoln da calamidade dos hebreus, salvando a
república e fazendo isso modesta e honestamente. Ele "tinha êxito em tudo
o que fazia" (18:14). "Todo o Israel e todo o Judá, porém, gostavam
de Davi" (18:16). Davi "tinha mais habilidade do que os outros
oficiais de Saul e assim tornou-se ainda mais famoso" (18:30).
Contudo, o monte Saul continua em erupção, recompensando os
feitos de Davi com lanças voadoras e planos para assassiná-lo. Entendemos a
pergunta que Davi faz para Jônatas: "O que foi que eu fiz? Qual foi o meu
crime? Qual foi o pecado que cometi contra seu pai para que ele queira tirar a
minha vida?" (20:1).
Jônatas não tem resposta para dar, pois não há resposta.
Quem pode justificar a raiva de um Saul?
Quem sabe por que um pai atormenta um filho, uma esposa desdenha
o marido, um chefe coloca os funcionários uns contra os outros? Mas é o que
acontece. Saul ainda tem raiva de nosso planeta. Ditadores torturam, patrões
seduzem, ministros abusam, sacerdotes molestam, os fortes e poderosos controlam
e enganam os vulneráveis e inocentes. Os Sauls ainda perseguem os Davis.
Como Deus responde em tais casos? Aplica o castigo merecido?
Talvez queiramos que ele faça isso. Ele tornou-se conhecido por acabar com
alguns Herodes e faraós. Não posso dizer como ele cuidará dos seus. Ele lhe
enviará um Jônatas.
Deus responde à crueldade de Saul com a lealdade de Jônatas.
Jônatas poderia ter ficado tão enciumado quanto Saul. Como filho de Saul, ele
preparava-se para herdar o trono. Como um nobre soldado, ele estava lutando
contra os filisteus enquanto Davi ainda estava apascentando ovelhas.
Jônatas tinha razão para desprezar Davi, mas não desprezava.
Ele era generoso. Generoso porque a mão do Tecelão Mestre tomou seu coração e o
de Davi e fez uma emenda entre eles. "Surgiu tão grande amizade entre
Jônatas e Davi que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo" (18:1).
A mão do Tecelão Mestre tomou seu coração
e o de Davi e fez uma emenda entre eles.
Como se dois corações fossem dois tecidos, Deus os "costura
e junta com um fio". De tão entrelaçados que estão, quando um é
deslocado, o outro percebe. Quando um é esticado, o outro sabe.
No dia em que Davi derrota Golias, Jônatas jura sua
lealdade.
E Jônatas fez um acordo de
amizade com Davi, pois se tornara o seu melhor amigo. Jônatas tirou o manto que
estava vestindo e o deu a Davi, com sua túnica, e até sua espada, seu arco e
seu cinturão (18:3,4).
Jônatas troca as vestes de pastor de Davi por seu próprio
manto de púrpura: o manto de um príncipe. Ele dá sua espada de presente para
Davi. Ele, efetivamente, coroa o jovem Davi. O herdeiro do trono entrega seu
trono.
E, depois, ele protege Davi. Quando fica sabendo dos planos
de Saul, Jônatas avisa seu novo amigo. Quando Saul vem em busca de Davi,
Jônatas o esconde. Ele normalmente dá-lhe avisos como este: "Meu pai está
procurando uma oportunidade para matá-lo. Tenha cuidado amanhã cedo. Vá para um
esconderijo e fique por lá" (19:2).
Jônatas faz uma promessa a Davi e dá-lhe roupas e proteção.
"Existe amigo mais apegado que um irmão" (Provérbios 18:24). Davi
encontrou tal amigo no filho de Saul.
Oh, como é bom ter um amigo como Jônatas. Um amigo e confidente
que o protege, que não procura nada senão o seu bem, que não quer nada senão a
sua felicidade. Um aliado que o permite ser quem você é. Você sente-se
seguro com essa pessoa. Não é preciso pesar pensamentos ou medir palavras.Você
sabe que a mão dele separará o joio do trigo, reterá o que é importante e, com
um sopro de bondade, soprará o restante. Deus deu a Davi esse amigo.
Ele deu um a você também. Davi encontrou um companheiro em
um príncipe de Israel; você pode encontrar um amigo no Rei de Israel, Jesus
Cristo. Ele não fez uma aliança com você? Entre suas últimas palavras estão as
seguintes: "Eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos"
(Mateus 28:20).
Davi encontrou um companheiro em um príncipe de
Israel; você pode encontrar um amigo no Rei de Israel, Jesus Cristo.
Ele não o vestiu? Ele oferece-lhe "roupas brancas para
que você cubra a sua vergonhosa nudez" (Apocalipse 3:18). Cristo
cobre-o com vestes adequadas para o céu.
Na verdade, ele vai além de Jônatas. Ele não só lhe dá o
próprio manto; ele põe seus trapos."Deus tornou pecado por nós aquele que
não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2
Coríntios 5:21).
Jesus veste você. E, como Jônatas, ele prepara-o. Você é
convidado a " [vestir] toda a armadura de Deus, para [poder] ficar [firme]
contra as ciladas do Diabo" (Efésios 6:11).
Você quer um amigo verdadeiro? Você tem um. E, por
causa disso, você tem uma escolha. Você pode concentrar-se em seu Saul ou em
seu Jônatas, ponderar sobre a malícia de seu monstro ou a bondade de seu
Cristo.
De seu arsenal, Deus dá-lhe o cinto da verdade, a couraça da
justiça, o escudo da fé e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (vv.
13-17).
Assim como Jônatas protegeu Davi, Jesus promete protegê-lo.
"Eu lhes dou a vida eterna e elas [as minhas ovelhas] jamais perecerão;
ninguém as poderá arrancar da minha mão" (João 10:28).
Você quer um amigo verdadeiro? Você tem um. E, por causa
disso, você tem uma escolha. Você pode concentrar-se em seu Saul ou em seu Jônatas,
ponderar sobre a malícia de seu monstro ou a bondade de seu Cristo.
Beverly5 prefere superestimar Cristo. Não é fácil.
Como você consegue tirar seu foco do homem que a estuprou? Ele entrou na casa
de Beverly passando-se por funcionário público. Ela tinha todos os motivos para
confiar nele: relação pessoal e parceria profissional. Ele trabalhava para o
Estado e solicitou uma audiência com ela. Mas ele a fez perder mais do que seu
tempo.
Ele negou e conseguiu encobrir o ato. Enquanto ele continua
a subir na escada política, Beverly reconhece-o no noticiário noturno,
encontra-o em festas. Enquanto ele finge ser inocente, ela revolve-se por
dentro.
Mas não do modo como ela estava acostumada. Dois anos depois
do estupro, ela conheceu seu Jônatas. Uma amiga falou-lhe de Cristo — sua
proteção, sua provisão e seu convite. Ela aceitou. As lembranças do estupro
ainda a perseguem, mas não a controlam. Ela não ficou mais sozinha com seu
Saul. Ela busca Cristo, em vez de vingança; avalia escolhas tendo em vista a
misericórdia dele, não a crueldade de quem a violentou. Beverly medita na
presença viva de Jesus e a louva. Fazer isso é algo que cura sua alma.
Especialize-se em seu imperador do mal, se quiser. Faça
chifres na foto dele. Lance flechas no retrato dele. Faça e memorize uma lista
com tudo aquilo que as coisas que contaminaram sua mente levaram: sua infância,
sua carreira, seu casamento, sua saúde. Leve uma vida cheia de Sauls. Atole-se
na lama da dor. Você se sentirá melhor, não é?
Ou não se sentirá?
Passei boa parte do verão do colégio mergulhado na lama.
Trabalhar em campos petrolíferos é um serviço consideravelmente sujo, na melhor
das hipóteses. Mas seria esse o serviço mais sujo de todos? Não. Remover o lodo
de tanques de petróleo vazios certamente era pior. O chefe da seção deixava
esses serviços para os ajudantes que apareciam no verão. (Obrigado, chefe.)
Colocávamos máscaras de gás, fazíamos força para abrir a porta de metal e
entrávamos, tendo lama contaminada na altura dos tornozelos. Minha mãe
queimava as roupas que eu usava para trabalhar. O mau cheiro impregnava o ar.
Fique um bom tempo mergulhado no fedor de sua dor e
você ficará com o cheiro da toxina que tanto despreza.
Destino semelhante podem ter as suas roupas. Fique um bom
tempo mergulhado no fedor de sua dor e você ficará com o cheiro da toxina que
tanto despreza.
Qual a melhor opção? Fique na companhia de seu Jônatas.
Lamente-se menos por Saul; adore mais a Cristo. Junte-se a Davi enquanto ele
proclama:
O SENHOR vive!
Bendita seja a minha Rocha!...
Este é o Deus que em meu favor
executa vingança,
Que a mim sujeita nações.
Tu me livraste dos meus
inimigos...
E de homens violentos me
libertaste.
Por isso eu te louvarei entre
as nações, ó SENHOR;
Cantarei louvores ao teu nome
(Salmo 18:46-49).
Passeie livre e diariamente pela galeria da bondade de Deus.
Catalogue os atos de bondade de Deus. Tudo, dos pores-de-sol à salvação — olhe
para o que você tem. Seu Saul levou muita coisa, mas Cristo lhe deu mais! Deixe
que Jesus seja o amigo de que você precisa. Converse com ele. Não poupe
detalhes. Revele seu temor e descreva seu medo.
Seu Saul desaparecerá? Quem sabe? E até que ponto isso
realmente importa? Você acaba de encontrar um amigo para toda a vida. O que
poderia ser melhor do que isso?
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