terça-feira, 31 de outubro de 2017

A BÍBLIA E A REFORMA | REFORMADORES


Introdução

Traduzir as Escrituras de suas línguas originais para os idiomas locais já era uma prática do povo de Deus desde a antiguidade. Basicamente dois idiomas foram utilizados nos textos originais: hebraico no antigo testamento (AT), com exceção de algumas porções escritas em aramaico, e grego no novo testamento (NT). Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu mantiveram registros de sua história e relacionamento com Deus. Estes registros possuíam grande significado e importância para eles e, por isso, foram copiados muitas e muitas vezes e transmitidos de geração em geração. Antes mesmo de o Novo Testamento ser escrito, os judeus já haviam traduzido o Antigo Testamento para a língua grega, tradução conhecida como Septuaginta, ou, versão dos setenta. Nos primeiros séculos da igreja cristã a Bíblia inteira foi traduzida para línguas como siríaco, armênio, latim, gótico, etíope, etc.

A Bíblia no contexto da Reforma

Com o fortalecimento da Igreja no ocidente e a adoção do latim como língua oficial da igreja, o processo de tradução ficou esquecido. A Igreja Católica havia se dado por satisfeita com a versão em latim de Jerônimo, a Vulgata, do início do século V, e não estimulava sua tradução para outros idiomas por considerar a Bíblia um livro difícil de ser entendido e não apropriado para ser lido por leigos. Assim, a Igreja Católica passou a usar quase que exclusivamente o texto em latim.
Na época anterior à Reforma Protestante, como o povo comum não falava esta língua nem a entendia, a compreensão do texto bíblico passava totalmente pelas mãos do clero. Os padres liam e interpretavam, à sua maneira, os ensinos sagrados. Nesse período o que o clero  dizia tinha peso igual ou maior ao que a Bíblia dizia.
Lutero, Calvino e outros defendiam as Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática para todos os cristãos. Havia porém um problema. Como o povo poderia ler e interpretar as Escrituras se elas estavam acessíveis quase que somente em latim ou em suas línguas originais? Não é à toa que a igreja de Roma tenha feito um esforço enorme para destruir cópias das Escrituras traduzidas. A Reforma reivindicou  que não pode haver verdadeiro cristianismo sem acesso às Escrituras. Foi então que realizou-se um esforço enorme pela tradução da Bíblia.
Neste período inúmeras traduções surgiram e foram amplamente divulgadas. Lutero traduziu as Escrituras para o alemão. Um primo de Calvino, para o francês. O sínodo de Dort, na Holanda, promoveu a tradução para o holandês e a famosa versão King James foi produzida na Inglaterra. Meio século mais tarde, mas ainda como fruto da Reforma, João Ferreira de Almeida traduziu a Bíblia para a língua Portuguesa. Desde então, centenas de línguas têm recebido traduções da Bíblia.
A Bíblia – o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo -, desde suas origens, já era considerada Sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentos através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas e dialetos. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.000 línguas diferentes.

A Bíblia em português

Em 1648, aos 17 anos, João Ferreira de Almeida iniciou aquela que seria a primeira tradução completa da Bíblia para a língua portuguesa, em Portugal. Finalizou o Novo Testamento em 1676 e lançou-o em 1681. Em 1691 faleceu sem terminar a sua tradução do Antigo Testamento, a qual foi concluída anos mais tarde, em 1748, por outro estudioso da Bíblia. Já no século XX, em 1967, a Sociedade Bíblica do Brasil revisou e adaptou a versão de João Ferreira, lançando a Bíblia Almeida Revista e Atualizada, a qual é a mais difundida e utilizada nos dias atuais.
Foi o acesso à Bíblia traduzida e sua comparação com os ensinos da Igreja Católica que provocaram as maiores perdas de membros da Igreja Oficial da época da Reforma. À medida que as pessoas descobriam o verdadeiro ensino bíblico, recusavam todo e qualquer ensino que o contradissesse. Somente as Escrituras devem ser a regra de fé e prática para o cristão.

Fontes:

Introdução Bíblica. Como a Bíblia Chegou Até Nós – Norman Geisler, William Nix. Editora Vida.
Uma Glória Peculiar. Como a Bíblia se revela completamente verdadeira – John Piper. Editora Fiel.
Pilares da FéA Atualidade da mensagem da Reforma – Franklin Ferreira. Editora Vida Nova



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