Nascido em Slymbridge, País de Gales, em 1484. Tyndale ingressou, ainda muito novo, na Universidade de Oxford. Lá, estudou grego, latim, hebraico e artes. E cresceu, sobretudo, no conhecimento das Escrituras, às quais se dedicava com afinco e paixão. Seu comportamento e falar correspondiam a seus ensinamentos, tornando-o conhecido por ser um homem virtuoso e ilibado. Após avançar dentro da academia de Oxford, transferiu-se para Cambridge, onde teve contato com as ideias luteranas.
Ao sair de Cambridge, mais maduro – inclusive no entendimento da Palavra de Deus -, foi para Gloucestershire ser tutor dos filhos do Mestre Welch, de quem recebeu grande apoio. Enquanto ali trabalhou, conheceu doutores eruditos e clérigos locais. Quando tais homens visitavam a casa do senhor Welch, conversavam a respeito das Escrituras e Tyndale sempre lhes mostrava, com simplicidade e clareza, as verdades bíblicas, refutando-lhes os erros.
Com o tempo, os padres começaram a tramar contra ele, em secreto, e a acusá-lo de ser herege. Diante dos vários ataques, Tyndale decidiu deixar Gloucestershire e partiu para Londres. Ao chegar, foi ao encontro do bispo Tonstal em busca de apoio, mas não obteve. Então, após a recusa do bispo, procurou por Humphrey Mummuth, um vereador, que o acolheu e ajudou para que pudesse aprofundar-se nos estudos das Escrituras.
Durante quase um ano em Londres, observando o curso da sociedade e, em especial, o comportamento dos membros da Igreja Católica, entendeu que não havia lugar na Inglaterra em que pudesse realizar seu desejo de traduzir a Bíblia. Contando com ajuda de Mummuth, saiu da Inglaterra e foi para Alemanha, e, algum tempo depois, para Holanda.
Tyndale sabia que o caminho para conduzir o povo à verdade bíblica era traduzir as Escrituras de forma clara e em sua língua materna. Após dois anos, terminou sua primeira tradução do Novo Testamento e continuou aprimorando o texto nas traduções seguintes. Como qualquer exemplar da Bíblia em inglês era proibido pelas autoridades e deveria ser queimado, precisou usar de estratégia. Começou a contrabandear exemplares de Bíblias para Inglaterra por meio de comerciantes de tecidos. Este fato o tornou conhecido na história como o “Fora da lei de Deus”.
Estima-se que mais de 3.000 cópias traduzidas entraram na Inglaterra naquela época, algo incrível considerando-se as condições primárias de impressões. Enquanto esteve exilado, Tyndale chegou a afirmar que se o rei inglês permitisse que seu povo tivesse livre acesso à Bíblia, no idioma local, ele pararia de escrever e se entregaria ao rei para ser morto. Quanta coragem e amor pelas Escrituras!
Enquanto esteve em Antuérpia, Holanda, conheceu Henry Philips, um compatriota, por intermédio do qual foi traído e entregue aos oficiais. Preso, no Castelo de Filford, próximo a Bruxelas, Tyndale continuou pregando sua fé. Assim o fazia a todos quantos o visitavam e a seus guardas. Segundo dizem, um dos guardas converteu-se e também alguns membros da família dele.
No que diz respeito a sua tradução do Novo Testamento, embora enfrentando diversas censuras, que alegavam heresias, Tyndale manteve-se firme em seu propósito. Em carta a John Frith escreveu o seguinte: “Peço a Deus que registre para o dia em que deveremos comparecer perante o Senhor Jesus que eu nunca alterei um sílaba da Palavra de Deus contra minha consciência. Tampouco o faria hoje, nem para ter em troca tudo o que existe na Terra, seja honra, prazer ou riqueza”.
No ano de 1536, Wiliam Tyndale foi condenado, estrangulado e queimado numa fogueira. Suas últimas palavras antes de morrer foram: “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”. Dois anos depois, o rei permitiu que a tradução da Bíblia em inglês, feita por Tyndale e terminada por seu colaborador, Coverdale, fosse distribuída aos ingleses. Nos séculos seguintes, a tradução bíblica em inglês foi essencial para outras traduções em idiomas ocidentais.
Um homem que não amou a própria vida, antes a entregou para que outros pudessem ter contato com a verdade bíblica e, assim, serem salvos. A história de William Tyndale nos ensina que devemos amar a Palavra de Deus e defender a verdade nela contida, não nos importando com as circunstâncias. Com o exemplo dele aprendemos a ser gratos por termos acesso à Bíblia, escrita em linguagem materna e clara. Valorizemos a verdade bíblica a fim de que sejamos livres dos enganos e falácias!