quarta-feira, 27 de abril de 2016

Dorcas uma mulher generosa


E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. 
Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia".(At 9:36)




Dorcas foi chamada por Lucas de discípula, o que significa que ela era uma seguidora 
de Jesus Cristo. O seu amor pelo Mestre era demonstrado pelo amor e pela dedicação 
aos seus semelhantes, e, para isto, usou seu talento natural de costureira, auxiliando 
os outros na confecção de peças de vestuário. Desta maneira, ela praticava obras de
caridade em favor da comunidade em que vivia. Era o tipo de mulher que qualquer 
pessoa gostaria de ter como vizinha e amiga. Sensível às necessidades das pessoas, 
estava cheia de boas obras e esmolas que fazia (At 9:36b). Uma mulher assim faria 
muita falta a essa comunidade, acostumada com seus benefícios; então, Deus usou
o apóstolo Pedro para que Dorcas continuasse servindo.


I – O que a Bíblia diz sobre Dorcas

Dorcas tinha não só um nome grego, mas, também, um nome semítico. Talvez um deles
 fosse uma espécie de nome carinhoso para indicar especial afeição. Tabita, em aramaico,
Dorcas, em grego, significavam “corça”, um animal que anda pelas alturas, protegendo 
o rebanho e estando alerta para adverti-lo dos perigos. Assim era comparada a solicitude
daquela mulher: sempre pronta a proteger alguém, do alto de sua alma nobre. Dorcas 
poderia ser chamada pelos dois nomes, porque a cidade de Jope, onde morava, 
sendo um porto marítimo, era habitada por judeus e gentios. 


Assim, era comum que tivessem um nome hebraico e um nome grego ou latino. Jope
ficava na fronteira do território original de Dã, embora não fizesse, necessariamente, parte
dele (cf. Js 19: 40-41,46). Pode-se dizer que Jope era antigo porto marítimo, situado a uns
55 km de Jerusalém, e, atualmente, é a cidade Yafo, com o nome árabe Jaffa, que foi
fundidacom Tel Aviv, em 1950, e se chama, agora, Tel Aviv-Yafo. Seu porto, o único porto
natural entre o monte Carmelo e a fronteira do Egito, é formado por um recife baixo a uns 
100m da costa. Em Jz 5:17, Dã é associado a navios, o que pode indicar que os danitas 
controlavam o porto marítimo de Jope. Essa cidade lembra-nos do profeta Jonas, que, 
querendo fugir do mandado do Senhor, tomou um navio em Jope para ir a Tarsis (Jn 1:3). 
Após o exílio babilônico, Jope, de novo, serviu como porto para receber os cedros 
do Líbano, empregados na reconstrução do templo (Ed 3:7). 



Havia uma congregação cristã em Jope, no primeiro século da Era Cristã. Nessa 
congregação, servia Dorcas, que é a única mulher mencionada na Bíblia a quem se aplica 
a forma feminina da palavra discípulo. Não se faz nenhuma menção sugerindo que ela 
fossecasada, ou que tivesse alguma família. Portanto, deduzimos que ela morava sozinha e 
que era costureira (At 9:36-39). Dorcas usava o seu talento e suas mãos para fazer roupas 
para os pobres, principalmente para as viúvas. Ela confortava os tristes, ajudava os pobres 
e levava alegria a muitas pessoas. Ela era amada por muitos em Jope. Suas boas ações a 
tornaram grandemente amada. Era uma digna discípula de Jesus e estava repleta de
atos de bondade. Sabia quem carecia de roupa confortável e quem necessitava de 
simpatia, e, liberalmente, supria essas pessoas. Esta discípula tinha um ministério incrível,
o ministério da vida. Era uma construtora de uma sociedade de amizades, uma arquiteta
de comunidades fraternais. Quando a vida das pessoas transborda de amor em ação é
porque elas se tornaram mais eficientes em retratar o caráter de Deus. O mundo aprende 
a confiar no que os cristãos fazem, através de fortes exemplos que causam grandes 
impactos no viver diário, mais do que nas palavras que dizem. Dorcas exercia um serviço 
cristão poderoso, a favor da reputação de Deus, por toda a cidade de Jope. Vidas como 
a dela acrescentam valores espirituais àqueles que as cercam. Pessoas como Dorcas 
são raras, pois vivem para construir vida em vidas. Ela cumpria muito bem o propósito 
existencial do seu nome, pois sabia viver em conjunto, ser agregadora de vidas.



Isto fica explícito quando ela ficou enferma e veio a falecer. Após a confirmação da sua 
morte, suas amigas lavaram-na e colocaram-na em um quarto alto (cf. At 9:37). Um 
sofrimento indescritível atingiu os que foram beneficiados por suas mãos. Desta maneira, 
podemos ver que aquelas viúvas não eram meras carpideiras (senhoras que eram contratadas 
para prantear em velórios), mas amigas que construíam algo em conjunto. Dorcas era 
conhecida pelos valores que construía, assim como por esmolas e ofertas que oferecia. 
Isto causava tamanho impacto no coração de seus amigos que eles diziam: 
“Uma pessoa destas não pode ficar morta!” E, inconformados, mandaram chamar Pedro, que 
estava em Lida, distante de Jope uns 18 km, a sudeste. Lucas narra o incrível episódio com 
palavras:

Lida ficava perto de Jope, e quando os discípulos ouviram falar que Pedro estava 
em Lida, mandaram-lhe dois homens dizer-lhe: "Não se demore em vir até nós".
Pedro foi com eles e, quando chegou, foi levado para o quarto do andar superior. 
Todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando-lhe os vestidos e outras roupas 
que Dorcas tinha feito quando ainda estava com elas.Pedro mandou que todos 
saíssem do quarto; depois, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para a mulher morta, 
disse: "Tabita, levante-se". Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se.
Tomando-a pela mão, ajudou-a a pôr-se de pé. Então, chamando os santos e as 
viúvas, apresentou-a viva.Atos 9:38-41


O milagre da ressurreição de Dorcas não objetivou apenas o retorno de uma pessoa, 
mas a preservação de vidas que dependiam dela. Pedro também não estava trabalhando 
sozinho; estava recebendo instruções de Deus. E Deus vê coisas que, muitas vezes, não 
vemos ou que omitimos. Talvez os crentes de Jope necessitassem de alguma poderosa 
evidência da solícita atividade de Deus em seu meio. Restituir a vida a Dorcas, para que 
seu testemunho pudesse continuar a favorecer aquela igreja, era a maneira de Deus dizer 
o quão vital era o dom de Dorcas em favor de seu reino, de sua causa na terra. 
Sem dúvida, a Dorcas ressurreta continuou a oferecer, generosamente, seus préstimos 
a quem necessitasse.



Dizem que custa entre 250.000 e 500.000 dólares substituir um administrador executivo
chave que se aposentou ou ficou doente. Isto explica por que grandes empresas estão dando 
tantaênfase à conservação da saúde dos seus homens que ocupam os cargos mais altos. 
Isto tem bom sentido financeiro. Por motivos muito maiores do que financeiros, a igreja 
primitiva mantinha suas pessoas de importância trabalhando para o Senhor o mais longo 
tempo possível. Como poderiam substituir um apóstolo Paulo, ou João, o discípulo amado, 
mesmo que se tivessem grandes somas de dinheiro? Sua sabedoria, sua maturidade 
espiritual, seus dons seriam insubstituíveis! 



Assim era aquela humilde discípula naquela comunidade: insubstituível, pelo menos por 
aquele tempo. Isto deveria comunicar-nos uma nova apreciação daqueles bondosos e, 
muitas vezes, desconhecidos santos, cujo falecimento talvez nunca se constitua 
manchete de jornal, mas leve os pobres e necessitados a chorar. Estão ensinando 
verdades essenciais acerca de Deus. Alguém que vive a fé através das boas obras é 
verdadeiro cristão (Tg 2:14 -18 . A vida de Dorcas é um perfeito exemplo de alguém cujos 
talentos foram usados para beneficiar os semelhantes. Por suas obras, ela glorificava a Deus
propagava o seu reino. O relato de sua vida é uma admoestação para nós. Se usarmos 
nossos dons e talentos para servirmos as outras pessoas, elas começarão a crescer. 
Deus nos incentiva a nos lançarmos a isto com fé. Aceitemos ser incentivados a usar 
nossos talentos com sabedoria. Se assim fizermos, seremos recompensados.



Devemos notar, também, que o ministério de Pedro foi especialmente marcado por milagres. 
Em Lida, ele curou um homem chamado Enéias (At 9:32-35). Em Jope, Deus o usou 
para ressuscitar Dorcas (At 9:36-42). Por fim, recebeu de Deus uma visão que o convocava 
para Cesaréia, onde apresentou o evangelho aos gentios (At 10:9-48). Ele foi o líder maior 
dos apóstolos, e seu ministério reanimou o entusiasmo da igreja primitiva. Apóstolo era uma 
pessoa a quem Cristo havia escolhido para um treinamento especial no ministério (Gl 1:12). 
Os apóstolos lançaram o alicerce da igreja, mediante a pregação do evangelho de Cristo 
(I Co 3:10-11; Ef 2:20; Jd 3-21). Assim, Deus usou Pedro para abrir a porta da salvação aos 
gentios, através da manifestação do seu poder, em milagres e prodígios, sendo que foi isso 
notório em toda a Jope, e muitos creram no Senhor (At 9:42).


II – Lições da vida de Dorcas


1. Aprendamos a usar nossos dons na ajuda ao próximo

Embora não tenhamos todos os dons de Pedro e Dorcas, nós também podemos servir aos 
outros. Podemos levar alegria às pessoas que nos rodeiam, por simples atos de bondade e 
amor. Portanto, nossa vida pode ser uma bênção aos outros, se pegarmos o pouco que 
temos e começarmos a usá-lo para servir outras pessoas. Somos incentivados a ser 
generosos com o que Deus nos deu. Devemos estar dispostos a emprestar aos pobres 
(Êx 23:11; Dt 15:7-8). Também nos é dito que devemos ser ávidos para compartilhar e 
dar aos outros (At 4:34-35; I Co 16:2; Gl 2:10). Leia II Coríntios 9:6-11 e veja o quanto 
Deus ama ao que dá com alegria, e nós ceifaremos o que semearmos.

2. Aprendamos a testemunhar de Cristo, através das boas obras.

É necessário que nós todos, enquanto igreja, tenhamos consciência do que seja uma igreja 
que realmente testemunha o senhorio de Cristo. Para isso, precisamos definir o 
que é testemunho.Testemunho é a marca distinta que cada cristão mostra ao mundo, 
através de atos sacrificiais que mostrem Jesus Cristo como Senhor da sua vida
Testemunho é o compromisso diante de Deus em expressar o que ele faz, o que ele quer e o 
que ele é; é mostrar a obra de Deus na nossa vida; é viver de tal forma que a pessoa de 
Cristo seja vista em nossa vida; são atos de sacrifício praticados pela fé e por amor a Jesus. 
Isso traz algumas implicações na nossa maneira de viver; mostra que o testemunho envolve 
ética e caráter, isto é, a forma pela qual vivemos o nosso dia-a-dia, a nossa boa conduta 
diante da sociedade. Também mostra que, enquanto a proclamação aponta, verbalmente, 
para Cristo,o testemunho aponta, silenciosamente, para Cristo, especialmente através 
das boas obras que realizamos aos nossos semelhantes.

3. Aprendamos a usar os milagres divinos para atrair os pecadores a Cristo.

No princípio de seu ministério, Jesus adquiriu a estima e a admiração do povo, porque, na
região do mar da Galiléia, ele foi a uma festa de casamento e transformou água em vinho. 
Este foi o primeiro de seus milagres que a Bíblia menciona. Este milagre, da mesma forma 
que os últimos, confirmou que ele era verdadeiramente Deus. Quando João Batista começou 
pregar e atrair grandes multidões na Judéia, Jesus voltou para a Galiléia, onde operou 
muitos milagres e grandes multidões o cercavam. Antes de subir aos céus, ele deixou a ordem 
para que os apóstolos evangelizassem e garantiu o poder para efetuarem sinais e maravilhas 
(Mc 16 :15 -19 ). Pedro falou à igreja no dia de Pentecostes, revelando a importância de Cristo 
como Senhor da salvação (At 2:14 -40), e o Espírito Santo revestiu a igreja de poder para 
operar sinais e maravilhas que confirmavam a veracidade dessa mensagem (At 2:43). 
A ressurreição de Dorcas foi uma prova significativa de que a igreja deve buscar os milagres 
de Deus, não como um fim em si mesmo, mas como uma forma santa de atrair os incrédulos,
a fim de lhes mostrar a salvação em Cristo Jesus.

Conclusão

Aprendemos muito através da vida simples de uma verdadeira discípula de Cristo. Agora, 
devemos aplicar estes princípios em nossa vida. De que maneira nossa generosidade 
poderia ser expressa? Estamos escutando o clamor dos pobres? Como poderíamos 
fazer mais pelos pobres e necessitados, tanto dentro quanto fora da nossa igreja? Se 
semearmos o amor, a benevolência e a paz, Deus multiplicará nossos talentos 
também! Mostraremos, então,ao mundo, através de atos praticados, que amamos ao 
Senhor Jesus, pois os nossos atos falam mais que nossas palavras. Isto significa que, 
quando testemunhamos de Cristo ao mundo, estamos sendo continuadores da sua obra, 
e, nesse sentido, podemos dizer que a nossa atuação, como cristãos, envolve sacrifício 
em benefício do outro e prova que não somos omissos, uma vez que "Aquele (...) que sabe 
fazer o bem e o não faz, comete pecado" (Tg 4:17 ). Além disso, a cura divina é algo 
sobrenatural que Deus disponibiliza para a sua igreja. Esperamos que esta capacidade 
espiritual em nossa vida, possamos beneficiar aos de fora e aos de dentro da igreja.


Que Deus nos abençoe!


Fonte:

Texto de autoria da Dsa. Vilma Pimentel de Oliveira



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