quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Vasos de barro: Gemidos de dor e suspiros de esperança!

Como já disse, todos nós sabemos que o tesouro de Deus habita nos vasos de barro de nossa presente condição humana. No entanto, também já afirmei a vocês que até mesmo o processo de enfraquecimento de nossos corpos e as constatações de nossa própria relatividade, contribuem para a expansão do poder de Deus, conforme nossa consciência, em fé, acerca do modo como a Graça de Deus opera em nós neste mundo caído.

Por isso é que sabemos que os “vasos de barro” podem até se esboroar, mas o Oleiro é poderoso para o refazer para a Sua própria Glória.

Além de vasos fracos, porém habitados por grande tesouro, somos também peregrinos, o faz com que no tempo presente caminhemos como quem “arma tendas”, sempre mudando e conhecendo novos chãos da vida, coerentemente como o fato de que habitamos um “tabernáculo perecível”.

Nossa “casa terrestre”—ou seja: este nosso tabernáculo contingencial—, pode até mesmo se desfazer e se desgastar com o tempo e com as lutas da existência presente. Nós, no entanto, sabemos que temos de Deus um Edifício que nos aguarda, uma Casa não feita por mãos humanas e nem presa às contingências do tempo; porém, eterna, nos céus.

Caminhamos no deserto. Vivemos os desconfortos das desestabilidades da existência. Mas tudo isto é passageiro. Afinal, todos nós somos peregrinos sobre a terra. 

Habitando este “tabernáculo temporário”, todos nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa Habitação Definitiva e Plenificada, que é do Céu.

Ora, isto tudo será nosso se formos vestidos com a justiça que vem de Cristo, e que é a única vestimenta que não se desgasta durante o tempo dessa travessia no deserto. 

Nenhum de nós tem que se enganar. Todos nós sabemos como é doída essa travessia pelo deserto da terra! 

Por isso é que nós gememos oprimidos enquanto vivemos neste “tabernáculo” temporário. Isto não porque queiramos ser “despidos” do que já é nosso, e que também nos cobre o ser com esperança e justiça, mas sim porque almejamos ardentemente ser revestidos com o que pleno, para que a presente condição mortal seja absorvida pela Vida que é.

Ora, foi Deus quem preparou tudo isto para nós. E para que não desfalecêssemos no caminho da peregrinação, Ele mesmo nos deu o penhor do Espírito Santo como segurança da Promessa que nos foi feita e garantida. 

Assim, habitados pelo Espírito em nossa presente fraqueza, temos a certeza de que a jornada será completada por nós, se andarmos pela fé em Cristo.

Por isso é que temos sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes neste corpo terrestre—preso às contingências da Queda, do tempo e do espaço—, estamos sensorialmente “ausentes” do Senhor. Por isso é que andamos por fé, e não pelo que vemos.

Mas enquanto estivermos vivendo as limitações do que não é permanente, temos que ter sempre bom ânimo, mesmo que permanentemente desejemos a libertação deste corpo mortal, para que possamos estar “presentes” em plenitude com o Senhor.

Esta é também a razão de nos esforçarmos tanto para sermos agradáveis a Deus, não importa se ainda presos as contingências do tempo ou se à caminho de sermos completamente absorvidos por Ele e por aquilo que Ele nos preparou como Definitivo. 

Há também algo, meus irmãos, que desejo que todos nós fiquemos sabendo. 

Ninguém deixará de ser levado perante o Tribunal de Cristo, pois é necessário que todos nós sejamos manifestos na plena consciência da verdade, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal.

Esta é a razão de estarmos sempre buscando persuadir os homens acerca do que é bom—e também de como viver com Graça a vida no presente corpo de morte. 

A experiência de existir neste corpo mortal é o que nos dá a chance de, pela fraqueza, ficarmos conhecendo a nós mesmos.

Deus nos conhece. 

Nós precisamos nos conhecer a nós mesmos. 

Sei que tenho sido “manifesto” diante de Deus no que sou, e não temo minha auto-revelação justamente porque conheço o temor do Senhor. 

Quanto mais eu me “manifestar” agora, na Graça, menos terei que ser “manifesto” depois, perante o Tribunal de Cristo.

O Tribunal de Cristo “manifestará” tudo aquilo que pela presunção da auto-justificação, nós não assumirmos como verdade e como necessidade da Graça de Deus em nós, no Dia Chamado Hoje.

Dizendo isto não estou “recomendando” a mim mesmo como referência para ninguém. O que faço é tentar dar ocasião a vocês de verem como uma “vida aberta” e sem “aparências”—mas que se veste da justiça que vem da fé—é de fato a única realidade que dignamente nos veste aos olhos de Deus.

Assim é que me exponho e me desvisto de minhas próprias justiças, a fim de que vocês tenham ocasião de se gloriar na verdade, e também para que vocês tenham “resposta” para dar àqueles que se gloriam na aparência, e não no coração.

Alguns acham que estou louco. Mas se enlouquecemos, é para Deus que e por Deus que enlouquecemos. E se conservamos o juízo, é para vocês que o fazemos.

E talvez alguém me pergunte: Por que isto?

Ora, é que o amor de Cristo nos constrange!

Afinal, nossa lógica existencial é simples, e é dela que vem a fonte de nosso amor. Porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram!

Ora, Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos e nem para as aparências do auto-engano, mas sim para Aquele que por eles morreu e ressuscitou, a fim de propiciar-lhes uma existência sem medo e na verdade.

Essa é a razão de não andarmos nos jactando nos feitos da carne e nem nas aparências enganosas de pseudo-virtudes. 

De fato, as impressões da carne e suas seduções de auto-justificação, e seus virtuosismos, já não nos dizem nada. 

Ora, até mesmo a Jesus não conhecemos mais segundo a carne. Houve um tempo em que eu assim o conheci—como um personagem histórico ou uma informação—, mas esse já há muito tempo não é o caso. E se um dia assim conheci a Cristo, já não o conheço desse modo. 

É somente essa experiência de conhecer a Jesus em fé, no Espírito, e em nosso próprio espírito, aquilo que de fato faz nascer em nós uma nova criação existencial. 

Por isso é que se alguém está em Cristo, é nova criatura. Por essa mesma razão é que se pode ter certeza de que as coisas velhas e antigas já passaram, porque, em Cristo, tudo se fez e se faz novo.

E quanto a isto não há nenhuma virtude nossa em operação. 
Afinal, todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo e em Cristo.

A maravilha é que além de nos reconciliar com Ele mesmo em Cristo, Deus ainda nos confiou o ministério da reconciliação. 
Assim, não somos apenas reconciliados, porém portadores da Boa Nova que diz que Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões!

Sim, por Sua Graça Ele nos deu o privilégio de anunciarmos a Palavra da Reconciliação. De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por nós falasse com todos os homens e os convidasse para receber, conscientemente e em fé, todos os benefícios da Cruz de Cristo e de Sua Ressurreição em favor de todos, especialmente dos que crêem. 

Por isto é que imploramos que vocês se reconciliem com Deus por meio de Cristo. E quando assim falo, não pretendo fazer com que vocês pensem que o conhecimento histórico da Vida de Jesus seja o que salva. O que de fato desejo é que vocês se apropriem, com pela confiança, de algo muito mais profundo. E esta verdade é simples, porém, uma vez crida, nos dá a garantia de que nossa vida está definitivamente reconciliada com Deus.

Então, que todos saibam a Palavra da Verdade que Liberta: 

Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus!

Quem assim crê, mesmo que conhecendo as fraquezas e dores do tempo presente, poderá até gemer de ansiedade pelo que é Definitivo. Mas jamais o fará com medo e desanimo. Afinal, para tal pessoa, os sofrimentos e contingências do tempo presente—com todas as suas relatividades—, não são para comparar com a eterna glória que está reservada e garantida para todo aquele que crê.

Nele,


Caio

Parábola do oleiro e do barro!

(Jr 18:1-10)

 Ao contemplar o trabalho do olei­ro sobre as rodas, Jeremias passa a aprender a lição de como Deus lida com as nações. A parábola continuou quando o profeta foi ao vale do filho de Hinom, para advertir o rei e o povo da destruição que os acomete­ria. Assim como o oleiro despedaça­va o vaso, eles seriam condenados por não ter valor (Jr 19). A figura do Oleiro já fora empregada em referência à obra da criação de Deus (Is 29:16; 45:9; 64:8). Muito da linguagem figurada de Jeremias tem a influência de Isaías.

O que mais impressionou tanto Isaías (29:16; 45:9) quanto Jeremias (18:4,6) foi o absoluto domínio da vontade do oleiro sobre o seu barro, o mistério e a maravilha de sua ca­pacidade criadora. Depois de obser­var o oleiro, Jeremias declarou aos judeus que eles eram, apesar de tan­to se jactarem de sua força, tão frágeis quanto o barro e tão sujeitos à vontade de Deus quanto o barro ao oleiro. A posição e todos os privilégi­os de que desfrutavam eram provi­dências divinas, para que fossem vasos de honra. Mas, no processo de formação, resistiram à vontade e ao poder do Oleiro celestial. Não se deve perder de vista o fato de que “o teor completo dessa parábola, bem como o conhecido caráter de Deus são con­trários à conclusão de que o Senhor tivesse algum prazer no caráter de­generado de Israel ou de alguma for­ma tivesse contribuído para esse es­tado”. O vaso quebrado não era cul­pa do oleiro. Alguma substância es­tranha no barro frustrou seus esfor­ços e arruinou o seu trabalho.

Essa parábola é de atos, não de palavras, visto que não há registro de conversa entre o profeta e o olei­ro. Enquanto Jeremias observava a obra criada nas rodas, por meio do que viu pôde ouvir Deus falar. De pronto identificou o significado simbólico do oleiro e do barro, embora o próprio oleiro não visse nada de parabólico em sua obra. Jeremias, con­tudo, aprendeu a mensagem no vaso quebrado e assim desafiou a nação que frustrara o propósito divino: “Não posso fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?”.

Nenhuma das parábolas do AT nos fala de modo mais direto, pesso­al e abrangente do que essa. Embo­ra a primeira interpretação refira-se ao Israel de então, a parábola tem aplicação muito mais abrangente. Os profetas do AT foram antes de tudo mensageiros da época em que vivi­am —anunciadores antes de atuar como prenunciadores ou mensagei­ros das gerações seguintes. A Pa­rábola do oleiro e do barro, então, era toda acerca de Deus e de Isra­el. É toda acerca de Deus e de nós mesmos.

Deus, contudo, é o Deus da segun­da oportunidade, o que Jeremias aprendeu  ao observar o oleiro amassando o barro que o decepcio­nara e transformando-o em um vaso encantador. Que excelente parábola sobre o que o tratamento que Deus dispensa aos homens e às nações! (Rm 9:21; 2Tm 2:20). Acaso o Senhor não é capaz de reconstruir o caráter, a vida e a esperança? Sua vida está deformada por resistir à modelagem das mãos de Deus? Bem, sendo dele, você está ainda em suas mãos (Jo 10:28,29), e ele espera moldá-lo outra vez, da mesma maneira que transformará Israel em vaso de grande honra quando retornar para introdu­zi-lo em seu reino. Então, como nunca antes, Israel será a sua glória. Enquanto permanecermos em suas mãos como barro submisso, nada temos a temer. Ainda que sejamos fra­cos e sem valor, ele pode fazer de nós vasos de honra, próprios para ele usar.

Mas de Ti preciso, como antes,

De Ti, Deus, que amaste os errantes;

E como, nem mesmo nos piores tur­bilhões,

Eu —à roda da vida,

Multiforme e multicolorida,

Atordoadamente absorto— errei meu alvo, para abrandar Tua sede,

Então toma e usa a Tua obra!

Conserta toda falha que sobra,

As distorções da matéria, as deformações do alvo!

Meus momentos estão em Tua mão:

Arremata o vaso segundo o padrão!

Que os anos revelem os jovens, e a morte os dê por consumados.

Herbert Lockyer.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O barro e o Oleiro por Caio Fábio

Leia Jeremias 18. 1 -  6

Esse é um dos textos do velho testamento mais simbolicamente esperançosos que pode nos vir a mente e ao coração e ele é construído a partir de uma palavra de Deus que fazia com que Jeremias saísse da sua casa e fosse até a rua na certeza de que Deus iria falar com ele pela singeleza de algo que ele não sabia ainda o que seria, mas a palavra de Deus para Jeremias era esta – sai  de casa agora, vai visitar o oleiro, que está trabalhando com barro, fazendo vasos e Jeremias saiu e chegou lá e viu o oleiro, pedalando, no modo mais antigo de se fazer um vaso onde você tem um pedal embaixo, cordas que giram e em cima uma roda maior de madeira vai girando, há um pino aonde o oleiro joga o barro em volta e vai ajustando o barro em volta daquele pino, o barro tem que estar molhado, ele mistura, joga água frequentemente sobre o barro e diz Jeremias: ele estava entregue à sua obra, porque um bom oleiro para fazer um bom vaso ele precisa se misturar com a sua obra, se entregar à sua obra, não há nele possibilidade para distração, ele está ali entregue à sua obra  e o homem estava trabalhando, só que o vaso que ele está produzindo é tirado de um material sem forma, ele é barro, barro que precisa estar maleável, molhado, formatável, exposto a todos os vetores de força física, a gravidade, as interações da força que o oleiro põe  no próprio barro para ir formando alguma coisa, a estrutura, a densidade do material em si, de modo que todos esses fenômenos estão trabalhando juntos, enquanto o oleiro se entrega ao seu trabalho.


E lá estava Jeremias olhando aquilo que o oleiro fazia. E de repente, o vaso que já estava pronto, já estava possivelmente dando arremates nas beiradas, às vezes começa a fazer pequenos cortes, a estabelecer a forma, antes de levá-lo para a fornada, para que ele se torne denso, concreto e rígido, capaz de se tornar um container, belo e útil, para aquele que o criou quando o oleiro já está neste processo de finalização, aquele vaso que aparentemente já tinha a sua forma definida, de repente se esboroa e se esparrama e se desfaz e se deforma e quando Jeremias olhou aquilo, a palavra do Senhor lhe veio ao coração. Não foi um arrebatamento às estrelas que Jeremias sofreu. Ele não foi levado a nenhum mundo paralelo, era apenas a relação de um indivíduo na sua intimidade com o Deus que fala  através de todas as coisas e para quem todas as coisas estão carregadas de sabedorias e de palavra divina. E quando ele viu aquele desastre do vaso nas mãos do oleiro e o coração dele deve ter se tomado por aquele pena, por aquela compaixão, que dizia - já estava no fim, será que ele terá que fazer isso tudo outra vez? e o vaso parecia já tão definido e agora voltou ao nada, à situação informe. Quando a palavra do Senhor Deus lhe vem ao coração como uma pergunta:
– Jeremias, acaso não posso eu refazer a vida, assim como este oleiro vai refazer o vaso que se lhe estragou na mão? Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro? Eis que como barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão – disse o Senhor a Jeremias.

Eu gosto, e como eu disse inicialmente, mais do que gosto, eu me enternuro com esta palavra porque poucas são tão singelas e tão carregadas de esperança para a vida humana, para a minha vida, para a sua vida, de fato para a vida e para a existência de todos nós porque a primeira coisa que a gente aprende olhando para este acontecimento, que  Deus mesmo fez questão de fazê-lo ter aplicação para a existência humana, para a vida de cada um de nós, é perceber que os materiais da nossa constituição são muito frágeis, eu sou literalmente barro, eu sou pó, eu vim do pó e ao pó eu voltarei, a minha constituição intrínseca e transcendente é que é espírito e voltará ao Deus que o deu, mas o todo do meu ser, a contingência de que eu seja um espírito que habita um corpo, e um corpo que carrega em si todos os elementos da ambivalência, da ambiguidade, todas as químicas da contradição, e carrega ainda em si uma alma, compulsões nem sempre controladas, às vezes à revelia e que está sujeito a circunstâncias, a fatores, a vetores de forças invisíveis. Tudo isso cria uma dinâmica de possibilidades em torno da minha existência semelhante a do vaso que de repente em sendo moldado, pode ser subitamente esboroável, ser algo que assusta-nos por percebermos que  ele da noite para o dia ou em instantes pode ser reduzido a um estado de irreconhecibilidade em relação ao que já tinha sido construído, ao que já tinha sido alcançado.

Esta é a primeira coisa, nós somos muito frágeis. Nosso material constitutivo é de uma natureza muito fraca, se de um lado ela é maleável, de um outro lado ela é profundamente frágil e fraca, assustadoramente frágil, o que é extraordinário é a gente perceber a intenção de Deus de construir os seus vasos a partir desse elemento frágil, porque esse elemento frágil carrega uma ambivalência,  ele é tão frágil, quanto ele também é maleável, ele pode ser refeito, reconstituído, retrabalhado, reformatado, recriado literalmente, regenerado, trazido de um estado de falência para um novo projeto. E é isso que anima profundamente o meu coração. A vida inteira quando eu leio essa palavra  ou me lembro dela porque essa imagem do barro me remete para estes materiais de uma fragilidade extraordinária, a minha essência é extremamente frágil e eu existo em um mundo de forças dinâmicas que trabalham poderosamente contra a formatação que Deus pretende estabelecer na minha vida, de modo que a vida pode ser subitamente estragada, mesmo quando a gente está nas mãos de Deus, assim como o vaso estava nas mãos do oleiro.

Mas Jeremias diz:
– O vaso se lhe estragou nas mãos.

Muitos de nós temos tido a experiência de estarmos andando com Deus e subitamente sermos objeto de um aparente estrago da nossa existência, e trágico é quando esse vaso se estraga longe das mãos do oleiro,  como há um outro episódio em Jeremias em que ele fala do vaso longe das mãos do oleiro já todo torrado, que já foi ao forno, que já foi requentado e que se quebrou outra vez, que virou caco e que  não dá mais para ser molhado, transformado numa massa maleável, e esse vira pedaços para todo lado, mas enquanto vaso é uma massa perene que não se sente vaso acabado, mas que se deseja como vaso inacabado sempre, para estar sempre nas mãos do oleiro, para que havendo algum susto, algum estrago, ele seja refeito, há esperança sempre para este ser, para este vaso de Deus nesta existência. Você já pode ter tido a experiência de ter se sentido tão bem formatadinho e de repente, de súbito, ver a vida se estragar, esta é a palavra usada, se estragar, parece que todo o trabalho feito foi desperdiçado, parece que toda energia de construção do oleiro na sua vida, todo carinho, todo cuidado, porque é uma obra de artesão muito cuidadosa, muito delicada, se está lidando com um elemento muito frágil, são toques, são modelamentos, são formas que ele vai criando de maneira quase mágica aos nossos sentidos como ele vai formando e de repente tudo desmorona.

E o coração de Jeremias estava neste estado, ele olhava para trás, para toda a história de Deus com o povo de Israel e via o estado de Israel como esse, de um ente que tinha tido tantas interferências e ações divinas para moldá-lo, mas que de repente se estragou por completo e o Senhor disse: – Jeremias, você viu como o barro que já era quase um vaso  se estragou nas mãos do oleiro? Acaso não posso eu também pegar esse barro que se estragou e fazer dele um novo vaso? Não posso eu fazer isso com vocês, eu sou o oleiro, vocês são o barro, a única coisa que importa é estar nas minhas mãos, essa é a única coisa que de fato interessa,  a única coisa que importa é estar nas mãos dele porque a vida estragada precisa de um projeto novo quando se estraga, conforme aqui se diz: Eu posso fazer outra vez um outro  vaso, não necessariamente nem mais o mesmo vaso porque há certos vasos que se estragam porque Deus tem um projeto novo e um projeto melhor, se o barro está nas mãos do oleiro, porque a vida estragada só tem que estar nas mãos de Deus para que não perca jamais o seu sentido, nem a sua esperança e nem a sua designação. Eis que como barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão.

Eu sei exatamente o que você pode estar vivendo e sentindo tendo já tido a experiência de uma vida que ganhou formas e contornos e definições e visibilização de um acabamento quando de repente a coisa inteira rui e aparentemente se estraga nas mãos do oleiro. Eu tinha conhecido o meu oleiro aos 18 anos de idade e me deixei colocar na roda dele onde ele jogava água da palavra, água do espírito, água do amor, água da verdade, água da justiça, e me mantinha em estado girante na dinâmica do seu pedal sob as forças mais poderosas da sua mão do que as da gravidade, do que a da minha própria densidade constitutiva,  eu estava ali nas mãos dele. O problema é que diferentemente desse barro inerte nós somos um barro vivo, nós somos um barro com livre-arbítrio, nós somos um barro com certas auto-determinações, nós somos um barro com caprichos, nós somos um barro cheio de volições, cheios de vontades, cheios de idéias a respeito da sua própria designação, formatação, aparência, nós somos um barro de vaidades.

E eu comecei ali aos 18 anos de idade, na roda do meu Senhor, do oleiro da minha existência e durante anos, anos e anos o meu barro foi um barro totalmente submisso e feliz conforme os moldes e as construções e as determinações dele na minha vida. Até que chegou um tempo, um pouco antes do meio da década de 90, quando este barro, começou a se tornar um barro frustrado, chateado, amargurado, vaidoso, triste, começou a achar que as coisas a sua volta não mudavam por razões de algum tipo de impotência do próprio vaso em relação não a si mesmo, mas era um vaso com vontade de fazer intervenções maiores, e aí nesse processo, embora o vaso nunca tenha se tirado das mãos do oleiro, por essa simples vontade de auto-determinação em relação a si mesmo esse vaso se estragou na roda e eu me lembro que 4 anos depois, por volta do final de 1999, depois que em 98 me deu a sensação de que o vaso era irrecuperável tamanho tinha sido o estrago, mas no final de 99, início do ano 2000 eu me sentia numa outra roda, numa roda quase que incompreensível, com a minha mente girando, girando, literalmente sem rumo, eu saía da minha casa pela manhã e era capaz às vezes de fazer 12 voltas, 15 voltas numa rotunda porque havia 4, 5 caminhos diferentes saindo daquela rotunda nas proximidades da minha casa e eu rodava, rodava porque a minha mente pensava um segundo em tomar um caminho, no segundo seguinte era outro,  no outro segundo já era um terceiro caminho, de modo que eu estava sempre me arrependendo do caminho que eu tinha decidido pegar no carro. E quando eu via eu já tinha feito 10, 12, 15 voltas na mesma rotunda. Quando eu acordava e dizia: Meu Deus, como eu fui me tornar essa pessoa que gira em torno da mesma rotunda e não sabe nem que caminho seguir? Pelo tufão de possibilidades e impossibilidades instaladas na minha mente que impediu até a determinação da minha escolha básica de uma estrada. E o meu coração dizia:como eu pude vir de onde eu estava? Acordando todos os dias com tudo simples, claro e reto diante de mim para me colocar neste estado de ter a vida parecida com a situação dramática e expressa nesse meu fazer voltas nesta rotunda sem escolher um caminho, sem saber em que direção ir, de modo que eu entendo completamente se  esse for o seu sentimento hoje.

E eu sei o sentimento horroroso de falência, de aparente desconstrução absoluta e irreversível da vida quando a gente entra neste estado. O maravilhoso e o surpreendente disso tudo é que sendo eu e sendo você barros volitivos, com vontade, barros com pseudo auto-determinação, nós nos estragamos nas mãos do oleiro, mas o oleiro não desiste de nós. A gente se sacode para além das mãos do oleiro e derrama nossa própria estrutura pelas beiradas e nós nos esparramamos, mas o oleiro é misericordioso e ele vai nos batizando com mais graça, com mais amor, com mais verdade e ele amassa a gente e ele espreme de novo e ele bate, bate, esmaga, achata e a gente fica ali dentro pensando que ele está nos destruindo e ele está só nos preparando para nos refazer uma outra vez porque ele não se cansa e ele vai batendo, batendo, e quando ele amassa, amassa, esboroa-nos todo e quando a gente fica uma massinha de novo uniforme, o pedal dele se acelera, se acelera, aí ele começa com mais delicadeza e vai nos ajuntando e vai nos elevando e, de repente, o vaso vai ganhando forma. Às vezes era um vaso muito alto que agora ele decidiu colocar numa outra estatura, ele era alto, mas o container era fino, agora ele aumenta, antes as paredes eram mais grossas, agora ele afina as paredes e torna um bojo diferente, ele faz como ele quer e assim somos nós nas mãos desse oleiro eterno. E essa é a palavra da graça por excelência porque fala dessa insistência amorosa do oleiro em nao permitir que o vaso se estrague nas suas mãos por causa desse barro cheio de caprichos, de volições contrárias ao sentido do projeto divino para a nossa existência.

Se você é essa pessoinha que está olhando pra si mesmo hoje e dizendo: Eu me estraguei pelo caminho. É verdade. Você se estragou, foi você, fui eu, fomos nós que nos estragamos. Quando a gente se estraga longe das mãos de Deus, já com aquela pretensão de sermos vasos acabados, é trágico, como diz o Senhor através do profeta Isaías, a gente vira aquele caco, duro, que já  supostamente teria passado pela fornada, que já nao estaria mais disponível para ser consertado, nem molhado, já está enrijecido, mas quando nós somos esse vaso que nunca se afastou das mãos do oleiro, por mais que essa tragédia tenha nos acometido a única coisa que importa é que nós não tenhamos nos tornados vasos de cristaleira, nem de depósito.

A nossa oração existencial tem que ser essa: Senhor, eu quero, todos os dias da minha vida, estar sob as tuas mãos, porque ainda que num surto sutil e imperceptível, as minhas vontades, caprichos, volições me façam ter auto-determinações antagônicas ao teu projeto eu sei que eu vou apanhar, eu serei espremido e amassado, eu serei ajuntado, mas a roda vai se acelerar de novo e tu vais me molhar com teu amor, com teu espírito e com a tua palavra e eu vou ficar outra vez bem maleável, bem molhado, frágil e flexível e tu vais iniciar a obra de refazimento, de reconstrução até aquele ponto em que tu digas para ti mesmo que eu me tornei um vaso de barro, mas no qual tu vais fazer habitar grande tesouro e eu quero me oferecer a ti como um vaso que mesmo que tu digas que está pronto para levar tesouros eu quero me sentir a vida inteira e me pôr a vida inteira nas tuas maos, sem jamais tornar-me um vaso autônomo e independente, eu quero viver nas proximidades do meu consertador, daquele que me cura, daquele que me refaz, daquele que insiste em mim em qualquer que seja a circunstância da vida  ao mesmo tempo em que eu não vou brincar de exercer a minha vontade contra o teu projeto, a minha volição contra o teu desejo, nem o meu arbítrio contra a tua decisão, contra o molde das tuas definições para a minha vida, contra o teu mandamento, contra a construção pré-estabelecida na tua palavra e aplicada à minha individualidade porque tu és aquele que constrói vaso a vaso com o amor de quem constrói uma peça única.

Esta tem que ser a minha oração e a sua  todos os dias da nossa vida porque a existência é dinâmica e os nossos materiais são frágeis e além de frágeis ainda carregam essa pseudo auto-determinação, trabalha contra o oleiro, mas se estivermos na roda da graça, girando no ambiente das suas mãos e se por alguma razão que não tem que ser alguma determinação nossa, só pode ser um acidente, nunca uma escolha, se por alguma razão nós nos auto acidentarmos nas mãos do oleiro, ele vai refazer tudo de novo.

Vai fazer 12 anos que eu me vi rodando vários dias seguidos na mesma rotunda sem saber qual entre os cinco caminhos escolher e hoje eu olho para trás e me lembro de anos e anos de um caminho simples girando na mesma girada, nas mãos do oleiro, feliz da vida, depois eu me lembro daquele período de vaso estragado e me lembro que enquanto ele batia em mim, eu que estava tão acostumado a saber que tipo de vaso eu era não sabia nem que direção que a roda estava girando e eu perdido ainda querendo me compreender no processo, até que eu comecei a relaxar e dizer: eu não tenho que escolher nenhum caminho de auto-determinação em relação a minha vida, eu tenho só que ficar aqui quieto nas mãos do oleiro e quando eu me aquietei e fui entendendo todas as batidas como atos de graça, de amor e de refazimento e todas as águas que ele jogou sobre mim, inclusive as lágrimas do luto, do choro como umidade essencial para refazer o vaso. De repente, eu fui sentindo que a pedalada dele foi acelerando. Aí você olha e diz: Ele está realmente fazendo coisa nova em mim porque ele é bom e porque a sua misericórdia dura para sempre. E a única coisa que eu quero é não sair da mesa onde o oleiro cuida de mim, ele decide tudo, se ele quiser encher o vaso de todos os tesouros, ele sabe que o vaso é de barro, eu não sou dono de mim mesmo, eu só não quero estar longe das mãos de quem pode me refazer e não quero ter nenhum projeto de auto-determinação autônoma promovido por qualquer que seja o sentimento humano, porém afastado da submissão ao mandamento, ao amor de Cristo que nos constrange,  que nos molda, que nos faz e nos preserva nas mãos de Deus.

As fases do barro na olaria

“Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas, Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” (Jeremias 18:2-6)
Por que será que Deus usou o processo da olaria para falar conosco? Vamos nos aprofundar um pouquinho?
1ª Fase – Extração do Barro
  • O barro é extraído do chão, cheio de resíduos de plantas, raízes mortas, sementes, pedras, calcário, areia e até lixo;
  • A argila não pode ser extraída e usada em seguida;
  • Após a extração o barro precisa passar pelo envelhecimento ou curtimento da argila (sol e chuva).
Está claro porque precisamos de um amadurecimento mínimo para sermos transformados em vasos úteis?
2ª Fase – Limpeza do Barro
  • Quanto mais fina for a argila, melhor a peça;
  • A argila é moída, é separada dos bolos de barro, e peneirada para retirada dos gravetos, pedras e lixo.
3ª Fase – Mistura do Barro
  • A argila é misturada com a água;
  • A mistura deve ficar homogênea para que as “bolhas de ar” sejam retiradas por completo da massa;
  • Para misturar bem é preciso amassar, bater, usar o traçador, barretes, pés e as mãos;
  • Em todo o processo a água deve ser colocada moderadamente;
  • A argila é levada para “curar” ou “descansar”, é durante esse descanso que a água se espalha, tornando a argila maleável, evitando as rachaduras.
Durante todo o processo, a água é figura constante, isso porque sem as águas do Espírito Santo é impossível passar por esse processo tão profundo e tão doloroso. Somos amassados constantemente para que “as bolhas de ar”, o nosso “eu”, o nosso “ego”, sejam retirados de nós.
A massa que contém “bolhas de ar” quando levada a altas temperaturas, a peça explode, e danifica os outros vasos que também estão assando no forno. Entendeu o mistério? Se você antecipar alguma fase do processo, e for levado a altas temperaturas com o seu “eu” vivo e volumoso, você não irá suportar e irá ferir outras pessoas que estiverem por perto.
Veja que tremendo esse período de descanso da massa! É durante o descanso que o Espírito Santo continua agindo e entrando onde antes não havia espaço. Sabe por que? Porque não adianta ser uma benção na igreja, e ser uma treva em casa. Não adianta ser uma benção ministrando o louvor, e ser uma esposa insubmissa. Não adianta ser frequente nos cultos, e não ser luz no seu trabalho! Mas existem mudanças que apenas são possíveis através do agir direto  do Espírito Santo!
E esse período de descanso queridos requer separação, solidão e silêncio! Sabe aqueles momentos em que você se sente só, não entende nada que está acontecendo, e quase nada faz sentido? Abra os ouvidos do seu coração amado, você pode estar na casa do Oleiro, no período de descanso para que as águas do Espírito possam “molhar” todas as áreas que ainda estão secas.
Perceba que esse descanso vem depois de um período em que a massa foi amassada, e eu vejo esse período, como aquele momento em que respiramos no meio da tempestade sabe? Aqueles segundos que antecedem uma onda mais forte, em que você respira fundo, tentando armazenar o máximo de ar nos seus pulmões? Se você identificou a situação, respire com calma, e se cale. O Oleiro está apenas começando!
4ª Fase – Preparação do Barro
  • Depois de “curada” é preciso retirar as bolhas de ar, e continuar retirando as pedras pequenas;
  • É preciso cortar, amassar, bater, usar o barrete e beliscar o barro; esse processo deve ser repetido várias vezes.
Durante todo o processo o Oleiro continua “limpando” a massa. As pedras“grandes” já se foram, agora chegou a vez das “pequenas”, aquelas pedrinhas que conseguimos santificar, mascarar e esconder até de nós mesmos.
Sabe aquele veneninho que soltamos de vez em quando? Aquela mentirinha? Aquela fofoquinha? Aquela invejinha santa? Aquele incomodo quando alguém prospera e nós não? Não estou falando dos “pecados capitais”, estou falando dos pecados que a nossa sociedade cristã classificou como “inhos”. Pecado é pecado meu amadinho.
5ª Fase – Modelagem do Vaso
  • A argila é “centralizada” na roda, ou torno;
  • O Oleiro usa as mãos para modelar o vaso segundo o que foi “projetado”;
  • O Oleiro “rasga” o interior do vaso;
  • A partir desse momento, a modelagem passa a ser de dentro para fora;
  • Quando a forma do vaso já está definida, os “excessos” passam a ser retirados (faca, rolo), e a boca do vaso é finalizada;
  • A modelagem é feita com duas ferramentas: as mãos do Oleiro e a água.
Depois de limpos, e maleáveis através da ação contínua do Espírito Santo, o Oleiro nos coloca no centro da sua vontade, e é ali, bem no centro que somos moldados por Suas mãos hábeis e precisas, segundo o propósito que Ele tem para nós. Nós então teremos a profundidade e o tamanho exato para sermos usados segundo a Sua vontade.
Durante essa fase parece que a parte “dolorida” já passou, não é verdade, quando estamos na “roda” é que o Oleiro rasga o interior do vaso, e esse“rasgar” faz toda a diferença, porque é a partir de então que o vaso passa a ser moldado por dentro. Quando Ele rasga os nossos corações, Ele nos conduz ao quebrantamento amados, e nós passamos a ter uma relação mais íntima com Ele.
Nossos corações podem ser rasgados apenas pela ação do Espírito Santo, ou então por alguma situação que provoque essa sensação de coração em pedaços! Qualquer que seja o caminho, não se desespere! Faz parte do processo!
“A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmos 51:17)
É também durante a modelagem do vaso que os excessos vão embora! Excessos de ciúmes, de partidarismo, de materialismo, de futilidade, de preguiça, de má vontade, de mau humor, de intolerância, de picuinha.
Nós achamos que devemos viver uma vida sem pecado e só. E se analisarmos bem, já é muito né? Mas Jesus amado, foi além de não pecar, Ele viveu uma vida que agradava ao Pai. Viver uma vida sem pecado, e viver uma vida voltada para o Pai, uma vida de entrega são distintas! Muitas coisas que toleramos em nossas vidas não são pecados, mas são excessos, e os excessos também nos impedem de mergulharmos mais fundo!
A boa notícia é que TODOS os excessos são retirados durante essa fase, inclusive os excessos de dor. Muitas vezes somos vasos rachados, com fissuras, porque fomos feridos por outras pessoas. Muitas vezes a obra se torna tão grande, que as raízes forçam a estrutura do vaso provocando rachaduras. Eu não sei qual é a razão para o seu excesso de dor, mas eu sei que ela está aí, te ferindo, te desesperando, te confundindo, te cegando, te fazendo chorar na solidão, dores secretas, e incontáveis. O Oleiro vai retirar esses excessos também meus amados! Ele vai transformar a sua dor em cura, em restauração, em esperança!
“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Romanos 8:28)
6ª Fase – Secagem do Vaso
  • O vaso é levado para secagem isolado;
  • O processo de secagem é demorado, e garante a resistência do vaso.
Mais silêncio, mais solidão. Passei a compreender o desaparecimento dos meus amigos em alguns momentos, deixei de ficar magoada porque entendi que o Oleiro queria trabalhar em mim.
7ª Fase – Queima e Resfriamento
  • O vaso é levado ao forno para queimada;
  • Na primeira temperatura (até 200C), o excesso de água evapora;
  • No meio da queima (de 30oC até 600C), o restante de material orgânico é eliminado;
  • Na terceira temperatura (de 600C até 900C) os gases são eliminados.
Resistente o nosso “eu” né? Até na queima, na temperatura mais alta, ele está lá escondido, prontinho para ser queimado!
8ª Fase – Descanso do Vaso
  • O vaso é levado para prateleira;
  • O tempo de descanso é determinado pelo Oleiro;
  • O Oleiro pode refinar o acabamento nessa fase.
O fato de você ter passado pelo processo, não quer dizer que está pronto para ser usado.  Mais silêncio, mais solidão durante a espera. Ah…Se nós soubéssemos do tesouro que se esconde na espera!
Depois desse longo e doloroso processo, enfim o vaso está firme e pronto para ser usado naquilo que expande o Reino. O relacionamento entre o criador e a criação está mais íntimo e consistente, e o vaso já pode ser cheio. Cheio de amor, de misericórdia, de fé, de esperança e da glória de Deus, tão cheio que irá transbordar.
O processo na roda é contínuo. A minha casa está sendo construída na olaria de Deus. Porque? Porque eu sei quem eu sou, e eu não quero abrir mão de quem Ele é. Não importa o preço, meu coração está pronto.
Eu não tenho outras escolhas pra fazer…Eu não quero outras escolhas!
Que a tua, e a minha oração sejam uma só neste dia que o Senhor nos dá de vida.
“Eu quero ser, Senhor amado

Como o vaso nas mãos do oleiro
Quebra a minha vida e faze-a de novo
Eu quero ser, eu quero ser um vaso novo

Como Tu queres

Senhor sou Teu
Tu és Oleiro, barro sou eu
Quebra e transforma
Até que enfim
Tua vontade se cumpra em mim…”

Texto da Maltrapilha Amada

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Você tem sentido o golpe do Oleiro divino ultimamente?

Quando um oleiro prepara um vaso, ele analisa a sua solidez colocando-o para fora do forno e dando uma batida nele. Se o mesmo emitir um zunido, é porque está pronto. Se o som for abafado, então o vaso é levado de volta ao forno. 
O caráter de uma pessoa também é analisado por uma batida (ou provação). Você foi provado recentemente? 
Ligações tarde da noite. Um professor aborrecido. Mães irritadas. Refeições queimadas. Pneus murchos. E todas as pressões pelo cumprimento de prazos. 
Essas são provações. Provações são aquelas inconveniências irritantes que provocam o pior em nós. Elas nos pegam de surpresa. Desprevenidos. Elas não são grandes o suficiente para serem consideradas crises, mas se você sugar o suficiente delas pode ter problemas, então fique de olho. 
Congestionamentos. Filas longas. Caixas de correio vazias. Roupas sujas no chão. Mesmo no momento em que estou escrevendo isto, estou sendo provada. Por causa de interrupções, levei quase duas horas para escrever estes dois parágrafos. 
Você foi provado recentemente? Como respondo a elas? Eu canto? Eu golpeio? 
Jesus disse que a boca do Homem fala do que está cheio o seu coração (Lucas 6.45). 
Não existe nada como uma boa provação para revelar a natureza do coração. 
O caráter verdadeiro de uma pessoa é visto não em momentos heroicos, mas nos momentos de provações monótonas que existem no nosso dia a dia. Se você tem uma maior tendência a explodir do que a cantar, então use o coração. Existe esperança para todos nós que "explodimos". 
1. Comece agradecendo a Deus pelos golpes da vida. Eu não quero dizer um obrigado vindo da metade do seu coração. Quero dizer um obrigado alegre, pular de alegria, um obrigado do fundo do seu coração (Tiago 1.2). As chances existem porque Deus está permitindo as provações. Ele está fazendo isso para o seu bem. Pois cada provação é uma lembrança de que Deus está te moldando (Hebreus 12.5-8). 
2. Aprenda com cada provação. Encare o fato de que você não é "à prova de provações". Você será testado de agora em diante. Você talvez aprenderá com as provações — você não pode evitá-las. Olhe para cada inconveniência como uma oportunidade para desenvolver paciência e persistência. Cada provação o ajudará ou o machucará, dependendo de como você usá-la. 
3. Fique atento para os "momentos de fracassos". Conheça os seus períodos de pressão. Para mim, as segundas-feiras são vis por causarem tantos momentos de fracassos. As sextas podem ser tão vis quanto as segundas. Para todos nós, durante a semana, existem momentos quando podemos antecipar uma quantidade incomum de provações. E qual é a melhor maneira de lidar com elas? Encare-as. Encoraje-se com orações extras e não desista. Lembre-se, é desastroso não ter provações. Todas elas acontecem para o nosso bem se estivermos amando e obedecendo a Deus. 
Você tem sentido o golpe do Oleiro divino ultimamente? 
Por que você acha que ele talvez o esteja provando? 
Se já faz tempo que você levou esse golpe, por que você acha que o levou? 
Você descreveria sua atitude espiritual como cânticos ou gritos?  

Josias fez sua escolha!

No início do reinado do rei Josias, ele fez uma escolha corajosa. 2 Reis 22:2 nos conta: “Ele fez o que o Senhor aprova e andou nos caminhos...