“Ele era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo, escrito apócrifo do segundo século, “parcial-mente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo.”
Se esta descrição merecer crédito, ela fala um bocado mais a respeito desse homem natural de Tarso, que viveu quase sete décadas cheias de acontecimentos após o nascimento de Jesus. Ela se encaixaria no registro do próprio Paulo de um insulto dirigido contra ele em Corinto. “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra desprezível” (2 Co 10:10).
Sua verdadeira aparência teremos de deixar por conta dos artistas, pois não sabemos ao certo. Matérias mais importantes, porém, demandam atenção — o que ele sentia, o que ele ensinava, o que ele fazia.
Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.
Aqui e acolá em suas cartas encontramos pedacinhos de autobiografia. Também temos, nos Atos dos Apóstolos, um amplo esboço das atividades de Paulo. Lucas, autor dos Atos, era médico e historiador gentio do primeiro século.
Assim, enquanto o teólogo tem material suficiente para criar intérminos debates acerca daquilo em que Paulo acreditava, o historiador dispõe de parcos registros. Quem se der ao trabalho de escrever a biografia de Paulo descobrirá lacunas na vida do apóstolo que só poderão ser preenchidas por conjeturas.
A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão. Desaparece por muitos anos de preparação. Reaparece no papel de estadista missionário, e durante algum tempo podemos acompanhar seus movimentos através do horizonte do primeiro século. Antes de sua morte, ele flameja até entrar nas sombras além do alcance da vista.
Sua Juventude:
Antes, porém, que possamos entender Paulo, o missionário cristão aos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia” (At 21:39). Esta afirmação nos dá o primeiro fio para tecermos o pano de fundo da vida de Paulo.
A) Da Cidade de Tarso. No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província da Cilícia na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela.
Ao norte de Tarso erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma importante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Cilicianas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.
Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entremesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.
O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera civitas (“cidade livre”) em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da cidade-estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.
Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.
O reflexo do sol mediterrânico nos capacetes e lanças romanos teriam sido uma visão comum em Tarso durante a infância de Saulo. Talvez fosse este o fundo histórico para a sua ilustração concernente à guerra cristã, na qual ele insiste em que “as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Co 10:4).
Paulo escreve de “naufragar” (1 Tm 1:19), do “oleiro” (Rm 9:21), de ser conduzido em “triunfo” (2 Co 2:14). Ele compara o “tabernáculo terrestre” desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5:1). Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo (teatro) ao mundo” (1 Co 4:9).
Tais declarações refletem a vida típica da cidade em que Paulo passou os anos formativos da sua meninice. Assim as vistas e os sons deste azafamado porto marítimo formam um pano de fundo em face do qual a vida e o pensamento de Paulo se tornaram mais compreensíveis. Não é de admirar que ele se referisse a Tarso como “cidade não insignificante”.
Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.
Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.
Quanto, exatamente, foi o contato que o jovem Saulo teve com esse mundo da filosofia em Tarso? Não sabemos; ele não no-lo disse. Mas as marcas da ampla educação e contato com a erudição grega o acompanham quando homem feito. Ele sabia o suficiente sobre tais questões para pleitear diante de toda sorte de homens a causa que ele representava. Também estava cônscio dos perigos das filosofias religiosas especulativas dos gregos. “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens... e não segundo Cristo”, foi sua advertência à igreja de Colossos (Cl 2:8).
B) Cidadão Romano. Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Isso nos dá ainda outra pista para o fundo histórico de sua meninice.
Em At 22:24-29 vemos Paulo conversando com um centurião romano e com um tribuno romano. (Centurião era um militar de alta patente no exército romano com 100 homens sob seu comando; o tribuno, neste caso, seria um comandante militar.) Por ordens do tribuno, o centurião estava prestes a açoitar Paulo. Mas o Apóstolo protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (At 22:25). O centurião levou a notícia ao tribuno, que fez mais inquirição. A ele Paulo não só afirmou sua cidadania romana mas explicou como se tornara tal: “Por direito de nascimento” (At 22:28). Isso implica que seu pai fora cidadão romano.
Podia-se obter a cidadania romana de vários modos. O tribuno, ou comandante, desta narrativa, declara haver “comprado” sua cidadania por “grande soma de dinheiro” (At 22:28). No mais das vezes, porém, a cidadania era uma recompensa por algum serviço de distinção fora do comum ao Império Romano, ou era concedida quando um escravo recebia a liberdade.
A cidadania romana era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por exemplo, a isenção de certas formas de castigo. Um cidadão romano não podia ser açoitado nem crucificado.
Todavia, o relacionamento dos judeus com Roma não era de todo feliz. Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina.
C) De Descendência Judaica. Devemos, também, considerar a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu” (Fp 3:5). Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).
Dessa forma Paulo pertencia a uma linhagem que remontava ao pai de seu povo, Abraão. Da tribo de Benjamim saíra o primeiro rei de Israel, Saul, em consideração ao qual o menino de Tarso fora chamado Saulo.
A escola da sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.
Dentre os principais “partidos” dos judeus, os fariseus eram os mais estritos (veja o capítulo 5, “Os Judeus nos Tempos do Novo Testamento”). Estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, “filho de fariseus” (At 23.6). Podemos estar certos, pois, de que seu preparo religioso tinha raízes na lealdade aos regulamentos da Lei, conforme a interpretavam os rabinos. Aos treze anos ele devia assumir responsabilidade pessoal pela obediência a essa Lei.
Saulo de Tarso passou em Jerusalém sua virilidade “aos pés de Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei. . .“ (At 22:3). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Em Atos 5:33-39 temos um vislumbre de Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.”
Exigia-se dos estudantes rabínicos que aprendessem um ofício de sorte que pudessem, mais tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Paulo escolheu uma indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde um grande incremento em sua obra missionária.
Após completar seus estudos com Gamaliel, esse jovem fariseu provavelmente voltou para sua casa em Tarso onde passou alguns anos. Não temos evidência de que ele se tenha encontrado com Jesus ou que o tivesse conhecido durante o ministério do Mestre na terra.
Da pena do próprio Paulo bem como do livro de Atos vem-nos a informação de que depois ele voltou a Jerusalém e dedicou suas energias à perseguição dos judeus que seguiam os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Paulo nunca pôde perdoar-se pelo ódio e pela violência que caracterizaram sua vida durante esses anos. “Porque eu sou o menor dos apóstolos”, escreveu ele mais tarde, “. . . pois persegui a igreja de Deus” (1 Co 15:9). Em outras passagens ele se denomina “perseguidor da igreja” (Fp 3:6), “como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1:13).
Uma referência autobiográfica na primeira carta de Paulo a Timóteo jorra alguma luz sobre a questão de como um homem de consciência tão sensível pudesse participar dessa violência contra o seu próprio povo. “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 Tm 1:13). A história da religião está repleta de exemplos de outros que cometeram o mesmo erro. No mesmo trecho, Paulo refere a si próprio como “o principal” dos pecadores” (1 T 1:15), sem dúvida alguma por ter ele perseguido a Cristo e seus seguidores.
D) A Morte de Estevão. Não fora pelo modo como Estevão morreu (At 7:54-60), o jovem Saulo podia ter deixado a cena do apedrejamento sem comoção alguma, ele que havia tomado conta das vestes dos apedrejadores. Teria parecido apenas outra execução legal.
Mas quando Estevão se ajoelhou e as pedras martirizantes choveram sobre sua cabeça indefensa, ele deu testemunho da visão de Cristo na glória, e orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60).
Embora essa crise tenha lançado Paulo em sua carreira como caçador de hereges, é natural supor que as palavras de Estevão tenham permanecido com ele de sorte que ele se tornou “caçado” também —caçado pela consciência.
E) Uma Carreira de Perseguição. Os eventos que se seguiram ao martírio de Estevão não são agradáveis de ler. A história é narrada num só fôlego: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (Atos 8:3).
A Conversão:
A perseguição em Jerusalém na realidade espalhou a semente da fé. Os crentes se dispersaram e em breve a nova fé estava sendo pregada por toda a parte (cf. Atos 8:4). “Respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1), Saulo resolveu que já era tempo de levar a campanha a algumas das “cidades estrangeiras” nas quais se abrigaram os discípulos dispersos. O comprido braço do Sinédrio podia alcançar a mais longínqua sinagoga do império em questões de religião. Nesse tempo, os seguidores de Cristo ainda eram considerados como seita herética.
Assim, Saulo partiu para Damasco, cerca de 240 km distante, provido de credenciais que lhe dariam autoridade para, encontrando os “que eram do caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (Atos 9:2).
Que é que se passava na mente de Saulo durante a viagem, dia após dia, no pó da estrada e sob o calor escaldante do sol? A auto-revelação intensamente pessoal de Romanos 7:7-13 pode dar-nos uma pista. Vemos aqui a luta de um homem consciencioso para encontrar paz mediante a observância de todas as pormenorizadas ramificações da Lei.
Isso o libertou? A resposta de Paulo, baseada em sua experiência, foi negativa. Pelo contrário, tornou-se um peso e uma tensão intoleráveis. A influência do ambiente helertístico de Tarso não deve ser menosprezada ao tentarmos encontrar o motivo da frustração interior de Saulo. Depois de seu retorno a Jerusalém, ele deve ter achado irritante o rígido farisaísmo, muito embora professasse aceitá-lo de todo o coração. Ele havia respirado ar mais livre durante a maior parte de sua vida, e não poderia renunciar à liberdade a que estava acostumado.
Contudo, era de natureza espiritual o motivo mais profundo de sua tristeza. Ele tentara guardar a Lei, mas descobrira que não poderia fazê-lo em virtude de sua natureza pecaminosa decaída. De que modo, pois, poderia ele ser reto para com Deus?
Com Damasco à vista, aconteceu uma coisa momentosa. Num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Estevão estivera certo, e ele errado. Em face do Cristo vivo, Saulo capitulou. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9:5-6). E Saulo obedeceu.
Durante sua estada na cidade, “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu” (Atos 9:9). Um discípulo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.
Extraído o Site Vivos
sábado, 16 de julho de 2016
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Características marcantes do Apóstolo Paulo
Zelo e Autenticidade.
Nasceu na Cidade de Tarso, na Cilicia (Atos 9.11;21.39;22.3) foi conhecido como Saulo de Tarso. Filho de família hebraica tradicional e religiosa pais hebreus e pertencentes a tribo de benjamim (2˚ Timóteo 1.3; Fp. 3.5)
Aos 13 anos, quando deveria tornar-se filho da lei, transferiu-se para Jerusalém onde residia sua irmã e ali estudou com Gamaliel, um dos mais respeitados rabinos da época. Gamaliel destacava-se como grande e tolerante, tinha um padrão de educação mais liberal que as demais escolas rabínicas, seu espírito tolerante talvez tenha influenciado uma comissão de fariseus que interrogaram Jesus, e mais tarde também, os apóstolos. (Atos 22.3; 5.34)
Saulo, era mais conhecido pelo seu nome romano: Paulo, condição que lhe valeu muito quando era perseguido. (Atos13.9) Foi um perseguidor dos Cristãos. Converteu-se á caminho da cidade de Damasco, justamente quando perseguia cristãos.
Era extremamente religioso, seguidor de princípios religiosos e ritos e orgulhoso de sua condição familiar rica e intelectual, formado no mais puro farisaísmo da época. Saulo viveu na mesma época que Jesus, durante o ministério de Jesus ele provavelmente acabara de concluir o estudo com Gamaliel e provavelmente, teve a oportunidade de ver e ouvir Jesus.
Mas o conhecimento que Paulo tinha dos ensinos de Jesus era segundo a carne e isto não lhe inspirou qualquer interesse de salvação. Saulo era contrário ás idéias de Jesus, pois temia que Jesus destruísse todo sistema de crença farisaico. Sendo fariseu dos fariseus, ele considerava Cristo como inimigo do farisaísmo e é claro seu também. (I coríntios 9.11; II coríntios5.16)
Era extremamente zeloso e preocupado com as mulheres que ensinavam praticas supersticiosas na Igreja. (1˚ Tm. 4.7;5.11;12.2; 2˚ Tm. 2.12). No Judaísmo, as mulheres não podiam receber ensino, já no cristianismo, Paulo teve a preocupação de ensiná-las (1˚ Tm. 2.11)
Paulo valorizou as mulheres que o auxiliava (1˚ Tm.1.5; Rm. 16.1-7; 12.15; Fp. 4.2,3; Atos 18.18) Paulo era preocupado com os jovens obreiros (2˚ Tm. 2.1-8,15,16,22,23; 3.14; 4.2,5,6,11). Preocupado com a ordem na Igreja (Tito 1.5-14).
Preocupado com as vítimas de um naufrágio (Atos 27.34,36). Era Autentico na sua conduta – Caminhava segundo o que Deus lhe falava e segundo aquilo que acreditava
Era um homem de palavra, falava o que vivia – tinha um caráter forte, sofria o próprio dano em nome de Cristo. Era homem sem cobiça, vaidade ou interesses próprios. (1˚ Ts.2.5,6). Era consciente de suas limitações e fraquezas (2˚ Co. 2.1,5; 1˚ Co. 12.7,10)
Reconhecia suas limitações. Reconhecia a autoridade de Deus. Reconhecia a autoridade apostólica. Era autentico naquilo que cria, em suas convicções – repreendeu duramente a Pedro por ocasião da indiferença deste aos Judaizantes. (Gálatas 2.7-14) (Pedro havia recebido uma visão de Deus acerca de não fazer acepção de pessoas, mesmo assim fez por isso, Paulo o repreendeu). Era obediente ao seu chamado – podia ter desistido, mas não o fez. Defendeu o evangelho, quando os valores do evangelho foram desprezados.
Uma opinião sobre o apóstolo Paulo.
Paulo foi um homem com um alto censo de dignidade e valor pessoal. Contudo, não chegou a ser arrogante nem insolente. Quando se fala em orgulho na pessoa de Paulo, devemos entender que este orgulho existia apenas no sentido de que Paulo defendia muito bem seus direitos e privilégios de cidadão e cristão.
Paulo quanto ao seu próprio apostolado, não se sentia inferior aos demais apóstolos pois ele recebeu em revelação sua comissão pelo próprio Cristo. Reconhecia ser diferente dos demais apóstolos e procurava fazer com que eles reconhecessem, não só seu ministério, mas também a diferença política, econômica e intelectual existente entre eles.
Paulo era moralmente disciplinado como poucos no seu tempo foram, sustentava-se sozinho para não prejudicar o crescimento da Igreja, deu sempre mais do que podia em prol da obra de Deus. Como homem e cristão era arrojado e sabia sempre em que direção seguir.
Esta, era sempre a direção que Deus lhe indicava. Paulo nunca se preocupou em criar grupos para si, mas preocupava e muito em arrebanhar pessoas para o reino de Deus. Paulo demonstrava um alto grau de gratidão a Deus pela remissão de seus pecados e a sua regeneração humana e espiritual.
Paulo, mesmo podendo, jamais chamou para si honra alguma. Pelo contrário, dava sempre honra á Deus. Jesus em sua vida e ministério, foi o maior exemplo seguido por Paulo, ele tomou para si o exemplo de humildade de Cristo e não somente o seguiu mas também o praticou enquanto viveu.
Quando nós nos sentimos fortes, temos a tendência de menosprezar a força, a capacidade e a astúcia do inimigo. Por isso, Paulo buscava sempre se fortalecer naquele que tem todo o poder nos céus e na terra.
A medida em que Paulo vislumbrava o poder de Cristo, ele conseguia enxergar a própria fraqueza. Isto, porque Cristo estava acima dele em poder e força. Paulo buscava sua força em Deus pois estava sempre querendo superar a si mesmo usando o Senhor Jesus Cristo como exemplo. Neste aspecto, é que encontramos justificativa para a frase de Paulo que diz: “Quando eu estou fraco, aí é que estou forte.”
Paulo se policiava constantemente e era extremamente exigente consigo. Só se sentia satisfeito fazendo o melhor de si. Era um perfeccionista, comportamento típico do homem de temperamento melancólico.
Paulo reconhecia suas fraquezas e derrotas mas nunca se dava por vencido, sabia como ninguém, levantar-se e recomeçar tudo de novo. Era um homem determinado, um visionário acerca do reino de Deus e um perseguidor de ideais. Paulo, após sua conversão, passou a viver para os outros, sua preocupação e sua vida passaram a estar envolvida no amor e no ideal de Cristo e com o bem estar físico e espiritual dos crentes. Paulo vivia inteiramente para Cristo – ele costumava dizer: “Não vivo eu mas Cristo vive em mim...” Paulo indignou-se, chorou, sofreu e morreu pelos outros assim como Cristo também o fez. E como Cristo, Paulo foi também um exemplo de ternura, amor, abnegação e fé.
A imagem que às vezes temos do apóstolo Paulo no final de sua vida é a de um homem cansado, moribundo, desanimado, fraco e vencido. Mas francamente, eu acredito que esta imagem não combina com as realizações missionárias deste homem em favor do evangelho.
Paulo subjugou suas fraquezas, subjugou o velho homem fazendo nascer das cinzas de seu passado sombrio e sangrento, um novo homem moldado no mais puro arrependimento. Destas cinzas nasceu um Paulo sereno porém firme e decidido, um cristão verdadeiro e cônscio de seus direitos e deveres de cidadão e apóstolo.
Paulo subjugou Saulo deixando nascer um homem forjado nos moldes de Cristo, no qual, as virtudes humanas e o conhecimento intelectual se alinharam ao poder, á virtude, á graça e ao amor de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Paulo deve ser um exemplo de crente para os dias de hoje, um exemplo para todos aqueles que realmente desejam um comprometimento maior com Deus e sua Igreja na terra.
Por: Geraldo “Gerraro” Goulart.
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Apóstolo Paulo como Líder
por Thiago Zambelli
É inquestionável para qualquer genuíno cristão que Paulo, depois de nascer de novo, exerceu uma vida cristã com a qualidade de um exemplar filho de Deus. Ele mesmo disse a Timóteo: Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé (2Tm 4.7). Paulo é indubitavelmente alguém a quem devemos olhar e imitar (cf. 1Co 11.1), visto que seus esforços, desde a compreensão dada por Deus sobre Ele e sobre si, foi prosseguir para o alvo de seu chamado celestial (Fp 3.14) de ser um ministro entre os povos: …fui designado pregador e apóstolo (digo-lhes a verdade, não minto), mestre da verdadeira fé aos gentios (1Tm 2.7).
Enquanto entre os homens, o exemplar Paulo, apóstolo do Senhor Jesus Cristo, marcou sua vida e a de outros de diversas formas. Aliás, ele ainda faz isso através de seus preservados e inspirados escritos para diversas igrejas e pessoas de sua época. Ele foi incontestavelmente um eminente modelo, um exímio mestre e um espetacular mentor.
1. Paulo como modelo
Segundo dois dicionários virtuais da língua portuguesa, modelo significa aquilo que serve para ser imitado. Como figura de linguagem, é coisa ou pessoa que merece ser imitada, ou seja, exemplo.[1] De fato, Paulo era um exemplo de seguidor de Cristo, alguém que tinha a vida em total sujeição ao chamado celestial (At 20.24).
A. O pai
O apóstolo aos gentios tinha confiança em sua integridade. Ele apontava para si e dizia: suplico-lhes que sejam meus imitadores (1Co 4.16). Sua convicção era como a de um piedoso pai, que realmente era (cf. 1Co 4.15), e que reconhecia ser o melhor ter seus filhos o imitando do que a qualquer um outro. Ele suplicava (παρακαλῶ) aos seus filhos do Evangelho que fossem seus imitadores (μιμηταί), pois ele mesmo era imitador de Cristo: Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1Co 11.1).
B. O evangelista
À igreja de Tessalônica, Paulo disse: Pois vocês mesmos sabem como devem seguir o nosso exemplo, porque não vivemos ociosamente quando estivemos entre vocês (2Ts 3.7). Paulo vivia e pregava corriqueiramente acerca Reino de Deus:
Irmãos, certamente vocês se lembram do nosso trabalho esgotante e da nossa fadiga; trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a ninguém, enquanto lhes pregávamos o evangelho de Deus (1Ts 2.9 – grifo meu).
Paulo é alguém que firmemente podemos ter como modelo de pessoa que administrava bem o seu tempo, especialmente no que tange a proclamação do Evangelho. Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades (Cl 4.5).
Para os tessalonicense Paulo também reafirma sua convicção de obreiro aprovado por Deus:
Irmãos, vocês mesmos sabem que a visita que lhes fizemos não foi inútil. Apesar de termos sido maltratados e insultados em Filipos, como vocês sabem, com a ajuda de nosso Deus tivemos coragem de anunciar-lhes o evangelho de Deus, em meio a muita luta. Pois nossa exortação não tem origem no erro nem em motivos impuros, nem temos intenção de enganá-los; ao contrário, como homens aprovados por Deus para nos confiar o evangelho, não falamos para agradar pessoas, mas a Deus, que prova o nosso coração (1Ts 2.2-4 – grifo meu; cf. 2Co 10.18).
C. O orientador
Apesar de num primeiro momento a proclamação do Evangelho ter sido árdua em Filipos, a mensagem frutificou. Quando Paulo escreve sua carta à igreja dos filipenses (60-61 a.D), ele encoraja seus irmãos em Cristo à promoção do Evangelho, com algumas poucas palavras de correção, todavia gentis. Para tal promoção do Evangelho, Paulo mais uma vez se usa como exemplo a ser imitado:
Ponham em prática tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim. E o Deus da paz estará com vocês. (Fp 4.9 – grifo meu).
Paulo, ao pedir que os filipenses pusessem em prática o que ele mesmo lhes ensinou, vai além da teoria. Ao contrário do canto do hipócrita “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço,” Paulo pede ao seu público que colocasse em prática a doutrina instruída, o que os corações e mentes absorveram, o que eles ouviram privada ou publicamente e o que eles observaram dele. Paulo se mostra como exemplo holístico, um orientador a ser seguido, ciente que se assim eles também fizessem, ou seja, se a Paulo eles imitassem, eles poderiam ter certeza da presença de Deus, a fonte da genuína paz no meio deles.
Sobre esta passagem Albert Barnes escreveu: “O pregador é o intérprete da vida espiritual e deveria ser um exemplo disso.”[2] Robertson questionou: “Quão poucas são as pessoas destes dias que podem encorajar outros a imitar tudo o que eles viram nelas, aprenderam delas, e ouviram delas?”[3] Paulo conhecia a Deus e conhecia a si mesmo. Seus ensinos não eram somente verdade em suas palavras. Ele era capaz e verdadeiro ao apontar para si mesmo e se mostrar como um professor irrepreensível. Ele conhecia seus esforços para ser como Jesus Cristo. Ele sabia que crescia em Deus. Sua convicção não se tornava verdade à medida que ele depositava mais fé nela, mas ela era a própria verdade: Paulo é um modelo de cristão a ser seguido!
D. Timóteo como modelo[4]
Não foi por menos que ele também exigiu de Timóteo, seu verdadeiro filho na fé (1Tm 1.2), que fosse exemplo para que outros cristãos o imitassem: Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza (1Tm 4.12).
Ninguém sabe ao certo a idade exata de Timóteo neste momento de sua vida. Vincent acredita que ele tinha entre 38 e 40 anos.[5] O autor de The People’s New Testament escreveu que ele tinha entre 35 e 38 anos.[6] “Segundo Irineu, a primeira etapa da vida abarca trinta anos e se estende até os quarenta (Against Heresies, II.xxii). Segundo essa fonte, Timóteo ainda era ‘um jovem’.”[7] Fato é que o pupilo de Paulo era muito mais novo que o apóstolo, como também era em relação aos presbíteros da igreja. De qualquer forma, a ordem era para que Timóteo soubesse lidar com o desprezo que possivelmente sofreria pela sua idade no cargo em que ocupava.
A resposta de Timóteo ao possível desprezo não deveria se basear na autoridade que lhe era direito. Paulo ordena que seu verdadeiro filho na fé fosse um padrão (ARA), um exemplo (τύπος) para os fiéis, possivelmente para que sua liderança fosse ratificada pela sua maturidade em Cristo e não pela posição na igreja. Para isso, Paulo cita cinco áreas:
- Na palavra (λόγῳ): Timóteo deveria ser um exemplo na forma e conteúdo de suas conversas. Um bom líder deve manter sua língua sobre controle (Tg 3.2) e reconhecer que más conversações são perigosas (1Co 15.33). Adam Clarke argumenta que este item também faz referência à didática do jovem e tira como lição: “Ensine nada além da verdade de Deus, pois nada além salvará almas.”[8]
- No procedimento (ἀναστροφῇ): a palavra grega pode ser traduzida por modo de vida, conduta, comportamento, ou postura.[9] Ela se refere às atitudes visíveis. Quem é sábio e tem entendimento entre vocês? Que odemonstre por seu bom procedimento, mediante obras praticadas com a humildade que provém da sabedoria (Tg 3.13 – grifo meu). Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vossoprocedimento (1Pe 1.15 ARA, grifo meu; também 1Pe 2.12).
- No amor (ἀγάπῃ): “no profundo apego pessoal a seus irmãos e uma genuína preocupação por seu próximo (inclusive seus inimigos), buscando sempre a promoção do bem-estar de todos”[10] (cf. 1Co 13).
- Na fé (πίστει): “Em todo tempo, em todas as provações, exponha-se aos incrédulos pelo seu exemplo, como eles devem manter uma firme confiança em Deus.”[11]
- Na pureza (ἁγνείᾳ): a mesma palavra é usada por Paulo um pouco depois nesta mesma carta: Não repreenda asperamente o homem idoso, mas exorte-o como se ele fosse seu pai; trate os jovens como a irmãos; as mulheres idosas, como a mães; e as moças, como a irmãs, com toda apureza (1Tm 5.1-2). A ideia era para que Timóteo se mantivesse debaixo da lei moral de Deus, santo, imaculado, provável e especialmente no que tange a imoralidade sexual.
Enfim, Paulo tinha uma expectativa que Timóteo buscasse ser exemplo para os outros cristãos como o próprio apóstolo o era, com a convicção correta.
2. Paulo como mestre
Além de se apresentar como modelo a ser imitado, Paulo também reconhecia ser um mestre, “cujo trabalho é de instruir homens, particularmente os gentios, a quem ele especificamente foi enviado, para proclamar as doutrinas da vida eterna, a ressurreição e incorruptibilidade final do corpo humano. Em resumo, a salvação do corpo e alma dos homens por Cristo Jesus.”[12] O apóstolo reconhecia que era o próprio Deus quem lhe dera o ofício de mestre: Deste evangelho fui constituído pregador, apóstolo e mestre (2Tm 1.11 – grifo meu; cf. 1Co12.28).
Um genuíno mestre (διδάσκαλος) é alguém verdadeiramente capaz de ensinar a outros. No caso de Paulo, especialmente os gentios, mas não exclusivamente:Para isso fui designado pregador e apóstolo (Digo-lhes a verdade, não minto.), mestre da verdadeira fé aos gentios (1Tm 2.7 – grifo meu; cf. Ef 3.7-8). Sempre que o apóstolo chegava a uma nova cidade, ele visitava a sinagoga e lá ficava até que era expulso (ex.: At 18.4-8). Então sua atenção era focada no público não judeu.
Todo mestre tem sua área de domínio. O professor (ou mestre) Paulo especificou a sua: a Palavra de Deus.[13]
Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja. Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade, por Deus a mim atribuída, de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos. A ele quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória (Cl 1.24-27 – grifo meu).
Era tarefa do apóstolo apresentar todo o conteúdo do Evangelho. Isto é que significa plenamente (πληρῶσαι) no texto bíblico. Um bom professor sabe como administrar o conteúdo a ser ensinado e o tempo necessário para a boa explanação. Em alguns locais Paulo permaneceu mais tempo do que em outros, razão nem sempre explícita na Bíblia, mas que ele sabia o porquê.
A. Timóteo podia testificar da realidade e da eficácia do ensino de Paulo
Timóteo era companheiro de Paulo. Estavam juntos em várias cidades para pregar a respeito de Jesus, o Filho de Deus (1Co 1.18-19): Filipos, Tessalônica, Beréia e Corinto, por exemplo. O jovem sem dúvida passou tempo suficiente com seu mestre para observar e internalizar suas virtudes. O próprio apóstolo, convicto de seu bom caminhar com Deus, reconhece ter tido Timóteo como testemunha de seu proceder em prol do Reino de Deus: Mas você tem seguido de perto o meu ensino, a minha conduta, o meu propósito, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança as perseguições e os sofrimentos que enfrentei, coisas que me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra (2Tm 3.10-11a). Todos estes bons valores de Paulo eram diametralmente opostos ao que homens como descritos no início de 2Tm 3 são apresentados. São estes os valores:
- Ensino (διδασκαλίᾳ): Paulo, como todo bom mestre, era um exímio expositor da Palavra de Deus. Timóteo sabia que de sua boca saía apenas o conteúdo do genuíno Evangelho, sem escoriações no conteúdo soteriológico.
- Conduta (ἀγωγῇ): Paulo era eticamente correto; vivia o que pregava. Ele inclusive sabia que Timóteo podia testemunhar seu proceder aos coríntios (1Co 4.17).
- Propósito (προθέσει): O apóstolo aos gentios disse: Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus(At 20.24).
- Fé (πίστει): Paulo caminhava com Deus de acordo com sua fé, que também era ensinada aos gentios e judeus: Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade que conduz à piedade (Tt 1.1).
- Paciência (μακροθυμίᾳ): Paulo ensinava que longanimidade devia ser parte da essência do cristão, como fruto do Espírito (Gl 5.22) e vestimenta do novo ser (Cl 3.12).
- Amor (ἀγάπῃ): Paulo sabia que um genuíno amor é sem hipocrisia (Rm 12.9).
- Perseverança (ὑπομονῇ): um sinônimo de paciência,[14] cuja compreensão de Paulo não ficava somente em palavras: mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente (Rm 8.25).
- Perseguições (διωγμοῖς): Paulo suportou diversas perseguições e Timóteo era testemunha disso.
- Sofrimentos (παθήμασιν): Paulo, o apóstolo, sofreu singularmente pela causa do Reino (2Co 11.16-33).
- (Coisas) quais me aconteceram (οἷα μοι ἐγένετο): Como exemplos, …provocando perseguição contra Paulo e Barnabé, os expulsaram do seu território (At 13.50b) e …apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, pensando que estivesse morto (At 14.19).
Timóteo pôde observar o ministério paulino de muito perto. Ao falar sobre a palavra grega (um verbo) que traduz tem seguido de perto (παρηκολούθησας) Hendriksen afirma que “o verbo implica que Timóteo havia realmente tomado Paulo como um modelo, e que, além disso, o havia ouvido com grande interesse quando relatava suas experiências, em algumas das quais (por exemplo, as ocorrido em Listra) o próprio jovem estivera intimamente envolvido.”[15]
O mestre Paulo, que vivia o que pregava, o real conteúdo da mensagem bíblica, também orientou seu pupilo Timóteo que agisse assim.
B. Timóteo como mestre
Paulo exige que Timóteo ordene e ensine estas coisas[16] (1Tm 4.11; veja também 1Tm 6.2,17).
“Ele deve ordenar coisas tais como: ‘rejeitar mitos profanos e de velhas senis’, ‘Exercite-se [e a outros] para o viver piedoso’ (v.7). Ordens tais como essas se aplicam não só a Timóteo pessoalmente, mas a todos os presbíteros, sim, e ainda a todos os cristãos. É provável que a expressão ‘essas coisas’, em conexão com ‘ordene’, se refira também a mandamentos implícitos, tais como: ‘nunca rejeite o que Deus destinou ao uso, mas participe dele com ações de graça’ (vv.3,4); ‘Nutra-se [e a outros] das palavras da fé e da sã doutrina’ (v.6); ‘Confie no Deus vivo e em sua promessa a todos os eu vivem piedosa e o aceitam com fé genuína” (vv. 8,9).
Timóteo deve ensinar coisas como ‘a apostasia está chegando na forma de ascetismo’ (vv.1-3); ‘esse erro é um insulto a Deus e à sua criação’ (vv.4,5); ‘um ministro excelente é aquele que se alimenta da sã doutrina que ele transmite a outros’ (v.6); ‘o benefício que advém da vida piedosa transcende aquele que resulta do treinamento físico’ (vv.8-10).”[17]
Todo mestre deve se empenhar em ordenar e ensinar em ordem de se fazer conhecido, com a autoridade de Cristo, o conteúdo da Palavra de Deus para o procedimento de uma vida santa. Paulo também disse: até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino (1Tm 4.13):
- Leitura pública (ἀναγνώσει): A palavra grega pode ser tanto uma leitura privada quanto pública, mas parece mais lógico que seja uma referência à leitura pública, como sugere a tradução portuguesa. Numa época onde os textos impressos eram escassos, a leitura pública era a melhor forma de propagar o ensino. Um mestre deve ser capaz de pregar.
- Exortação (παρακλήσει): A palavra grega não tem o sentido de repreensão,[18] mas de aconselhar, animar e encorajar. Todavia, isso inclui a advertência, como por exemplo, num erro moral. Um bom mestre igualmente sabe conduzir propriamente as pessoas ao sentimento e a atitude correta, de acordo com a Palavra de Deus.
- Ensino (διδασκαλίᾳ): Paulo, como todo bom mestre, era um exímio expositor da Palavra de Deus. Timóteo sabia que de sua boca saía apenas o conteúdo do genuíno Evangelho, sem escoriações no conteúdo soteriológico.
Aos olhos de Paulo, Timóteo era capaz de, como ele, ser um bom mestre, alguém apto de pregar, exortar e ensinar o conteúdo bíblico, a verdade para a compreensão do propósito divino ao criar homens e mulheres segundo à Sua imagem e semelhança.
3. Paulo como mentor
Segundo o dicionário virtual Dicio, Mentor é um “autor intelectual; responsável pela idealização ou pelo planejamento de alguma coisa, para cuja execução influencia o comportamento de outrem.”[19] Paulo sem dúvida foi alguém notório na arte do mentoreamento.
Paulo e Barnabé formavam uma dupla digna de muito elogio. Eles trabalharam juntos e foram capazes de conduzir muitas pessoas ao conhecimento do Messias. Lucas, autor de Atos, escreveu: durante um ano inteiro Barnabé e Saulo se reuniram com a igreja e ensinaram a muitos (At 11.25). Os dois comissionados, Paulo e Barnabé, também indicaram crentes aptos à liderança em várias igrejas: Paulo e Barnabé designaram-lhes presbíteros em cada igreja; tendo orado e jejuado, eles os encomendaram ao Senhor, em quem haviam confiado (At 14.23). Depois da separação de Marcos no time missionário, Paulo era reconhecidamente o líder da equipe, visto a forma como Lucas descreve a equipe: Paulo e seus companheiros… (At 13.13). Como líder e companheiro de equipe, Paulo possivelmente foi um ótimo mentor a Barnabé, que inclusive exortou este último quando necessário: os demais judeus também se uniram a ele nessa hipocrisia, de modo que até Barnabé se deixou levar (Gl 2.13).
Barnabé foi apenas uma das várias pessoas mentoreadas por Paulo. São muitos os nomes que Paulo cita em algumas de suas cartas, possivelmente vários deles tiveram o privilégio de ser influenciados pelo grande mentor Paulo: Epêneto, Maria, Andrônico, Júnias, Amplíato, Urbano, Estáquis, Herodião, Narciso, Trifena, Trifosa, Rufo, Filólogo, Júlia, Nereu e muitos outros. Estes são exemplos somente da carta aos romanos (cap. 16).
Timóteo indubitavelmente foi mentoreado por Paulo. Ele trilhou juntamente do apóstolo por muitos lugares e pôde observar muito bem o proceder do mentor. Paulo, quando reconheceu que Timóteo estava pronto, enviou-o para que o jovem fosse mestre na igreja de Corinto: Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas as igrejas (1Co 4.17). Mas Paulo não queria que Timóteo fosse apenas mestre.
Timóteo como mentor
A segunda epístola de Paulo a Timóteo nos dá indícios de que o apóstolo sabia que sua vida estava próxima do final (cf. 2Tm 4.6). Ele não podia deixar nada fora de sua carta que não fosse extremamente importante ao jovem mestre Timóteo, mas que antes ainda, fosse extremamente importante à Igreja: E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (2Tm 2.2)
O depósito (παραθήκην) que Paulo havia somente dito para Timóteo antes guardar (cf. 1Tm 6.20; 2Tm 1.14),[20] agora ele pede para confiar (παράθου) a homens fiéis (πιστοῖς ἀνθρώποις), pessoas capazes (ἱκανοὶ) de também continuar o ciclo de ensinar a outros. Sobre estes homens fiéis, John Gill disse:
“tais não apenas receberam a graça de Deus e são simplesmente verdadeiros crentes em Cristo, mas são homens de grande retidão e integridade, que em posse da Palavra de Deus, falarão corajosa e fielmente, não retendo nada que os impeça de lucrar, mas declara todo o aconselhamento de Deus, sem qualquer mistura nem adultério.[21]”
É notório que Paulo especifica muito bem o público para o qual Timóteo deveria confiar (transmitir na ARA) o que havia ouvido de seu mentor. O crescimento saudável da igreja também depende disso e Paulo reconhecia que Timóteo tinha as virtudes de um mentor.
=====================
Parte do Artigo escrito por Thiago Zambelli e publicado originalmente no Blog PenseBíblia sob o título Três expectativas para um líder cristão em 1 e 2 Timóteo
[1]http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=modelo ehttp://www.dicio.com.br/modelo/ Acessados às 14:53 de 07/04/11.
[2] Albert Barnes’ Notes on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[3] Idem.
[4] Paulo também pediu que Tito fosse em tudo um exemplo (cf. Tt 2.15), mas o foco deste trabalho é na pessoa de Timóteo.
[5] Vincent’s Word Studies. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[6] The People’s New Testament. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[7] HENDRIKSEN, William. 1Timóteo, 2Timóteo e Tito. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP, 2001, p.198.
[8] Adam Clarke’s Commentary on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[9] Strong’s Dictionary. Bíblia Online 3.0.
[10] HENDRIKSEN, William. 1Timóteo, 2Timóteo e Tito. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP, 2001, p.199.
[11] Albert Barnes’ Notes on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[12] Adam Clarke’s Commentary on the Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
[13] Talvez seja possível exclamar que o foco de Paulo seja o o Evangelho de Jesus Cristo. Para isso veja o contexto veja estas passagens e seus contextos: 1Tm 1.11, Ef 3.1-8; Gl 1.1-9 e 1Co 15.1-4.
[14] Segundo Bíblia online 3.0, paciência é o autodomínio que não retalia apressadamente o erro, enquanto perseverança é o temperamento que não sucumbe facilmente sob sofrimento. Um opõem-se a covardia ou desânimo; outro, a ira e vingança.
[15] HENDRIKSEN, William. 1Timóteo, 2Timóteo e Tito. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP, 2001, p.356.
[16] A Tito ele também exorta que ele ensine: Tt 2.2,3,9.
[17] HENDRIKSEN, William. 1Timóteo, 2 Timóteo e Tito. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP, 2001, p.197.
[18] Dicionário da Bíblia Almeida. Bíblia Online 3.0.
[19] http://www.dicio.com.br/mentor/ acessado dia 19/04/2011 às 13:33.
[20] Veja a tradução da ARA.
[21] John Gill’s Exposition of the Entire Bible. E-sword Version 9.5.1, 2009. CD-ROM.
As virtudes de Paulo para com DEUS - Jonathan Edwards
Edwards enumera sete virtudes nas quais Paulo se distinguiu para com DEUS. Todo cristão deveria seguir o exemplo da força de fé de Paulo, de sua abundância em oração e louvor, contentamento no Senhor e cautela nos relatos sobre si mesmo.
*****
Passo a mencionar algumas das virtudes de Paulo, com respeito mais imediato a Deus e a Cristo, nas quais deveríamos seguir seu exemplo.
FORTE NA FÉ
Primeiro. O apóstolo era forte na fé. Podemos dizer, com toda certeza da verdade, que Paulo vivia pela fé. Sua fé era equilibrada, sem a menor aparência de duvida ou hesitação em palavras ou ações. Tudo parecia proclamar que mantinha sempre em vista o próprio DEUS e seu Cristo e o mundo invisível. Sobre tal tipo de fé continuadamente exercitada em sua vida, Paulo professou em 2 Coríntios 5.6-8: "Temos, portanto, sempre bom animo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do SENHOR; visto que andamos por fé e não pelo que vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o SENHOR".
Fé nas coisas invisíveis
Paulo falava sempre de DEUS e Cristo e das coisas invisíveis e futuras como alguém que os conhecia com certeza e os via tão plena e certamente quanto qualquer coisa vista de imediato ante os nossos olhos físicos. Falava como quem sabia com certeza que a promessa de vida eterna, dada por DEUS, seria realizada - e colocou isso como razão para lutar com tanto empenho e sofrer toda espécie de sofrimento, sendo constantemente entregue à morte por amor de Cristo: "...nós, que vivemos, somos entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Cor. 4.11).
Fé em face de martírio
Paulo se refere à sincera expectação e esperança do cumprimento das promessas de DEUS. Pouco ante da morte, quando prisioneiro, sabendo que certamente sofreria a provação do martírio, a maior provação da fé, Paulo expressou sua confiança em Cristo nos mais fortes termos: "...por isso estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia" (2 Tm. 1.12)
Tal exemplo pode nos envergonhar, pois quão fraca e instável é a fé da maioria dos crentes! Se, vez ou outra, parece haver exercícios mais vividos da fé, dando a pessoa um momento de firme persuasão e confiança, são, contudo, exercícios abreviados, e bem depressa se desvanecem! Mui frequentemente a fé é abalada pela tentação; tão seguidamente os exercícios da fé são interrompidos por duvidas; e quantas vezes, também, exibem espírito hesitante, vacilante! Nossa fé realiza tão pouco em tempos de aflição; nossa confiança em DEUS é tão fácil e frequentemente abalada e interrompida, prevalecendo a incredulidade! Isso acontece desonrando ao Salvador Jesus Cristo e é também muito doloroso para nós. Que participação feliz e gloriosa seria viver uma vida de fé como a do apóstolo Paulo! Como galgou alturas nas asas da fé fortalecida, acima das mesmas pequenas dificuldades que, hoje, continuam a nos perturbar e querem nos vencer! Tendo exemplo tão abençoado nas Escrituras, deveríamos procurar, também, com sinceridade, subir mais alto.
AMOR A CRISTO
Segundo. Outra virtude que deveríamos imitar do exemplo de Paulo é o seu grande amor por Cristo. Os coríntios se surpreenderam observando os atos do apóstolo, a maneira como batalhava e sofria sem nenhuma motivação mundana. Indagavam sobre o que influenciava e operava de modo tão maravilhoso nesse homem. O apóstolo disse, de si mesmo, que estava sendo exposto como espetáculo para o mundo. Este era o principio imediato que o motivava: um forte e intenso amor dedicado ao glorioso Senhor e Mestre.
O amor de Cristo constrange
Esse é o tipo de amor que o constrangia, de maneira que nada mais podia fazer, senão lutar e trabalhar em favor da salvação. Tal é o relato que Paulo faz sobre o próprio sentimento: "...o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo todos morreram" (2 Cor. 5.14). Tinha tal deleite no Senhor Jesus Cristo, em seu conhecimento e contemplação, que disse: "considero tudo por perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo" (Fp. 3.8). Paulo falou em termos bem positivos. Não disse meramente que esperava amar a Cristo, desprezando as outras coisas em comparação com o conhecimento do Senhor, mas sim que: "considero tudo por perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor". Por essa razão ele se gloriava, até mesmo, nos sofrimentos por amor de Cristo, porque o amor de DEUS foi derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Rm. 5.5). Esta expressão parece indicar que ele realmente tenha sentido aquele afeto santo, doce e poderosamente difundido em sua alma, como unguento precioso e perfumado.
O amor de Cristo no sofrimento
Como é que Paulo triunfa em seu amor a Cristo no meio dos sofrimentos? "Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de Ti, somos estregues a morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Rm. 8.35-37).
Isso não pode nos envergonhar nossos corações frios, mortos, isto é, que ouvindo tanto sobre Cristo, suas gloriosas excelências e maravilhoso amor, haja tão pouca emoção e que os corações sejam como terra congelada pelas afeições do mundo? E pode ser que, de vez em quando, sejamos persuadidos, com dificuldade, a fazer um pouco mais ou exercitar coisa pouca, pelo avanço do reino de Cristo, para, então, gabarmo-nos disso como se o tivéssemos feito com toda nobreza. Os nobres exemplos a nossa frente são suficientes para nos fazer enrubescer, comparando às nossas realizações no amor de Cristo, e para nos despertar do sono para, com sinceridade, seguir aqueles que foram tão longe, adiante de nós.
NÃO ME ENVERGONHO DO EVANGELHO
Terceiro. O apóstolo Paulo vivia em uma época que o cristianismo era profundamente desprezado; ele, contudo, não se envergonhava do Evangelho de Cristo. Em todas as partes, os cristãos eram desprezados pelos grandes homens deste mundo - homens de posição honradas, conhecedores, ricos - desprezavam o cristianismo, considerando ser rude e desprezível seguir um homem pobre, um crucificado. Ser cristão era considerado desastroso para a reputação de uma pessoa. Os cristãos eram vistos como tolos, desprezíveis e motivo de zombaria. Eram os mais rudes entre os homens, escória do mundo. Havia grande tentação de se envergonhar do Evangelho.
Paulo grandemente tentado a se envergonhar
O apóstolo Paulo estava envolvido, da maneira mais especial, em circunstancias que o expunham a tentação, pois, antes de se tornar cristão, gozava de grande reputação entre os patrícios. Era estimado como jovem de proficiência singular no conhecimento, possuidor de grandes destaques entre os fariseus, homens de primeira classe entre os judeus. Em épocas em que a religião é desprezada, os grandes homens são mais propensos a se envergonhar do evangelho. Parece que muitos dos poderosos pensam que a aparência da religiosidade diminuirá o valor da pessoa. Não sabem viver com espírito de amor e devoção ao DEUS supremo e firme obediência os seus mandamentos. O apóstolo Paulo, contudo, não se envergonhava do evangelho em qualquer situação que fosse, diante da pessoa que fosse. Não se envergonhava do evangelho diante dos próprios conterrâneos judeus, nem diante de seus governantes, escribas e homens poderosos, mas professava a fé com ousadia, confrontando as suas oposições. Quando, em Atenas, o principal lugar de educação e cultura do mundo da época, ainda que os doutos e filósofos desprezassem sua doutrina e o chamassem de tagarela por causa da pregação do evangelho, ainda sim, ele não se envergonhou - argumentou com ousadia, confundindo os filósofos e convencendo alguns deles. Quando chegou a Roma, metrópole e senhora do mundo conhecido, onde residiam o imperador, os senadores e principais governantes do mundo romano, ele não teve vergonha do evangelho. Disse aos romanos: "quanto está em mim, estou pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma. Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de DEUS para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeus e também do grego" (Rm. 1.15-16).
Não se envergonhava diante de grande desprezo
O apóstolo era desprezado e sofria o desdém por causa da pregação de um Jesus crucificado: "quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos" (1 Cor. 4.13). No versículo dez, ele diz: "Nós somos loucos por causa de Cristo". Os cristãos eram considerados loucos, e assim chamados frontalmente. No entanto, o apóstolo não se envergonhava do Jesus crucificado; gloriava-se nele, acima de tudo: "...longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz do Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo esta crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gl. 6.14).
Temos aqui um exemplo a ser seguido se, em qualquer ocasião, estivermos entre os que desprezam a religião, que, certamente, nos desprezarão alegando presunção religiosa, debochando de nossas reivindicações da fé e não cedamos a concessões pecaminosas diante de pessoas frívolas e irresponsáveis só para não parecermos especialmente ridículos. Tal maldade de espírito domina muitos homens, os quais não são dignos de serem chamados cristão e dos quais Cristo se envergonhará, quando vier com seus anjos, na glória do Pai.
DESPREZO PELO MUNDO
Quarto. Outra virtude em que devemos imitar o exemplo do apóstolo Paulo é em relação ao seu desprezo das coisa do mundo e a sua mente voltada para as coisas do céu.
Condenando os prazeres do mundo
Paulo considerava os vãos deleites do mundo. Desprezava as riquezas: "De ninguém cobicei prata, nem vestes" (At. 20.33). Desprezava seus prazeres: "...esmurro o meu corpo e o reduzo a escravidão" (1 Cor. 9.27). O contentamento do apóstolo estava antes no sofrimento do corpo do que na gratificação de apetites carnais: "...sinto prazer nas fraquezas, nas injurias, nas necessidades, nas perseguições, nas angustias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Cor. 12.10). Ele desprezava as honrarias do mundo: "...jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros" (1 Ts. 2.6). Declarou que o mundo estava crucificado para ele, e ele para o mundo.
Buscando as coisas invisíveis
Não eram as coisas terrenas e carnais que o apóstolo buscava, mas, sim, as coisas de cima que eram invisíveis aos olhos dos homens: "não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas coisas que se não veem; porque as coisas que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas" (2 Cor. 4.18). Ele ansiava pelo céu: "...na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida" (2 Cor. 5.4). Dizia ele que a ninguém conhecia segundo a carne; não, olhava aos homens ou as coisas do mundo, nem as via em relação ao mundo, como representantes da vida presente, mas considerava todos os homens e todas as coisas em relação a natureza espiritual de outro mundo.
Nisto, o apóstolo agiu conforme fica bem ao crente, pois os cristãos verdadeiros são membros de um povo que não pertence a este mundo. Assim, será coisa bastante desprezível encher a mente com tais valores. O exemplo de Paulo pode envergonhar a quantos se ocupem principalmente das coisas deste mundo, como posses e honrarias, em ainda assim, pretendam ser considerados discípulos como Paulo, participantes das mesmas lutas e co-herdeiros da mesma herança eterna. Isto deveria nos induzir a maior indiferença para com as coisas do mundo e a uma mente mais voltada para o céu.
ABUNDANTE EM ORAÇÃO E LOUVOR
Quinto. Devemos também seguir o exemplo do apóstolo na abundância de oração e de louvor. Ele estava profunda e sinceramente envolvido em tais deveres e continuadamente os praticava, como observamos em muitas passagens. Romanos 1.8-9: "...dou graças a meu DEUS, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós, porque, em todo o mundo, é proclamada a vossa fé. Porque DEUS, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós" Efésios 1.15-16: "Por isso, também eu, tendo ouvido a fé que há entre vós no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações". Colossenses 1.3: "Damos sempre graças a DEUS, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós". 1 Tessalonicenses 1.2-3: "Damos sempre graças a DEUS, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos"; e "...que ações de graças podemos tributar a DEUS no tocante a vós outros, por toda a alegria com que nos regozijamos por vossa causa, diante do nosso DEUS, orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências de vossa fé" (1 Ts. 3.9-10). 2 Timóteo 1.3: "Dou graças a DEUS, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia".
CONTENTAMENTO NO SENHOR
Sexto. Devemos seguir o exemplo de Paulo em sua atitude de comportamento em relação aos desígnios da divina providencia. Ele esteve sujeito a uma diversidade de acontecimentos, passando por grandes mudanças, continuadamente sob circunstancias de extremo sofrimento, de um ou outro tipo, e, às vezes, muitas dores ao mesmo tempo. Contudo, Paulo havia atingido tamanho grau de submissão à vontade de DEUS que se mostrava contente em todas as situações e em todas as condições em que se encontrava: "Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também se honrado; de tudo e em todas as circunstancias, já tenho experiencia, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece" (Fp. 4.11-13)
A que benditos sentimentos e disposição mental o apóstolo Paulo chegou! E como é feliz de quem, hoje, pudermos dizer o mesmo! Era como se nenhum mal o atingisse, nada o perturbasse, pois seu descanso estava em todas as coisas ordenadas por DEUS.
CUIDADO AO RELATAR SOBRE SI MESMO
Sétimo. Devemos seguir o apóstolo na grande cautela que exibia ao relatar as próprias experiencias, a fim de não apresentar mais de si do que aquilo que os homens viam ou dele ouviam. Em 2 Coríntios 12, Paulo conta sobre como foi favorecido com visões e revelações, tendo subido ao terceiro céu. No versículo seis, sugerindo que poderia relatar ainda mais, parou o relato e deixou de dizer mais coisas sobre a experiencia. A razão foi que queria evitar que, falando sobre si mesmo, houvesse ocasião de desapontamento para qualquer pessoa que esperasse do relato das experiencias mais do que nele viam ou ouviam. Em suas palavras: "...se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstendo-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve" (2 Cor. 12.6).
Alguém pode indagar que razão teria um homem tão enaltecido quanto o apóstolo para ser tão cauteloso a esse respeito. Por que evitaria declarar as coisas extraordinárias que testemunhara, já que sua vida era condizente com suas palavras, tão eminentemente coerente com a experiencia? Entretanto, o apóstolo evitava o relato total de suas experiências. Sabia da necessidade de cautela quanto a tais questões. Se o testemunho das extraordinárias revelações, nas suas conversações, despertasse uma expectação de coisas por demais grandiosas, que sua vida não pudesse refletir, muito dos observadores seriam feridos em sua fé. Os inimigos estariam prontos a dizer: "Quem é esse? O homem que relata de modo tão extraordinário suas visões e revelações e os sinais do favor de DEUS não consegue viver de conformidade com o que fala!" Se um homem tal como o apóstolo, de vida tão elevada, teve o cuidado de conter sua própria exposição, certamente nós, que falhamos muito mais do que ele quanto ao nosso exemplo, em cuja conversação o inimigo poderá encontrar muito maior fracasso, teremos de ter ainda mais cuidado, para que o inimigo não encontre motivo em nós para acusar o evangelho.
Isso nos ensina que temos de nos refrear de qualquer jactância não nos apresentando como melhores do que nossas obras e conversações representam. Os homens comparam as falas e os procedimentos. Se não encontram correspondência entre elas, maior será a desonra para DEUS do que a honra que pretendemos. Portanto, nós, os cristãos, temos de ser cautelosos a esse respeito, seguindo o grande exemplo do apóstolo Paulo.
Assinar:
Postagens (Atom)
Josias fez sua escolha!
No início do reinado do rei Josias, ele fez uma escolha corajosa. 2 Reis 22:2 nos conta: “Ele fez o que o Senhor aprova e andou nos caminhos...
-
“Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua...
-
O que significa o que Jesus disse pra Natanael: “Te vi debaixo da figueira”? Esta questão sobre Natanael debaixo da figueira é muito intrig...
-
Pedro antes do Pentecostes 1. Impulsivo (agia sem pensar) Mt 14.28; 17.4; Jo 21.7. 2. Cheio de contradições: a) Presunçoso (Mt 16....