Nesta semana, nós lemos a comovente declaração do monoteísmo judaico, o Shemá Israel. Palavras mais sagradas de nossa tradição, o Shemá é a primeira declaração que se ensina a uma criança judia e são as últimas palavras nos lábios de um judeu agonizante. Mesmo o Shemá deve ser submetido ao teste do “Portanto.” Para poder fazer isto, eu sugiro que leiamos o Shemá de trás para frente. E leiamo-lo, não apenas como uma declaração, mas como um conjunto de perguntas.
“E tu as escreverás nos batentes de tua casa...”
Leia a sua casa! Que valores estão escritos nas paredes de sua casa? Se alguém visitasse sua casa, o que a pessoa aprenderia sobre você olhando a arte em suas paredes, os livros em suas prateleiras, os recados afixados em sua geladeira?
“Tu as prenderás como sinal à tua mão e servirão de símbolo entre teus olhos.”Leia seu trabalho! Para quais propósitos e objetivos você investe suas energias física e mental? Você gasta seu tempo e sua força fazendo o quê? O que te energiza? O que te exaure? O que te renova?
“Tu as ensinarás ao te sentares em tua casa e ao andares nos teus caminhos,ao amanhecer e ao anoitecer...”Leia suas palavras! Do que é que você fala? Que interesses dominam suas conversas e seus diálogos? Com que tom de voz você se dirige para o mundo? Com que voz você fala com aqueles que compartilham a sua casa, o seu trabalho, a sua vizinhança?
“Tu as ensinarás aos teus filhos.”
Leia seus filhos! O que você ensinou aos seus filhos? O que você os ensinou sobre o sucesso, sobre o propósito e o sentido da vida? O que você mostrou a eles como sendo aquilo mais importante para você – a busca da prosperidade ou a prática da compaixão? A aquisição de coisas valiosas ou a santificação de momentos sagrados?
“Que estas palavras...sejam gravadas no teu coração.”Leia seu coração! O que absorve seus pensamentos? Como que você se preocupa? Com o que você sonha? Qual é a sua esperança?
“E amarás o Eterno, teu Deus,com todo teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força.”
O teólogo Paul Tillich observou que toda pessoa, devoto ou agnóstico, tem um “deus.” Nosso Deus, ensinou Tillich, é o “objeto de nosso interesse fundamental.” Assim, o Shemá nos pede: O que você mais ama na vida? Qual é o seu deus? A resposta não é nenhum mistério. Simplesmente reveja as respostas que você deu a todas as outras perguntas. Os valores e interesses que decoram a sua casa, que orientam
seu trabalho, colorem suas palavras, molda seus filhos e animam seus pensamentos, esses valores constituem seus interesses fundamentais. Então, o que você reverencia? O que é seu deus? Que sacrifícios seu deus exige?
“Ouve, ó Israel...”
Você está ouvindo? Você está prestando atenção às suas próprias escolhas? Você tem consciência dos ideais de sua vida?
“Ouve, ó Israel...”Você está ouvindo a voz de sua alma, de seus ideais e princípios mais profundos? Você consegue abrir seus ouvidos e ouvir uma voz chamando você para uma vida vivida diferentemente?
Para aqueles cuja fé é profunda, o Shemá é uma afirmação e uma declaração de lealdade a Deus. Para aqueles entre nós que lutam com o “portanto” – com a missão de trazer a fé para a vida, o Shemá é um desafio implacável. O Shemá é o pedido mais intenso de Deus.
Artigo publicado em 03/08/2006, como comentário da Parashá
Vaetchanan (Deuteronômio 3:23 - 7:11). Texto do Rabino Ed Feinstein
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