Texto: Mateus 18:21-35
Em nossa jornada de subida do K2, para que possamos avançar na nossa missão de irmos mais alto e mais adiante, precisamos, retroceder, e olharmos para o nosso passado e vermos o modelo de criação, vivência familiar, comportamentos que estiveram presentes na nossa família, e analisarmos se esses mesmos comportamentos estão se repetindo. Trazemos do nosso ambiente de criação uma carga emocional, espiritual e também às vezes modelo de padrões de comportamentos destrutivos, que se repetem na nossa vida e nos nossos relacionamentos. Quando não encaramos nosso passado, ele terá o poder de operar e ditar o ritmo das nossas vidas. Quando não fazemos o caminho de volta, para olharmos e resolvermos nosso passado, deixamos as brechas para Satanás entrar e destruir nossos relacionamentos.
A cruz é o nosso divisor de águas. Quando entregamos nossa vida ao senhorio de Cristo, o excesso de peso do passado fica na cruz. Havia uma escrita de dívida contra nós, que Ele cravou na cruz. (Cl 2:14) Quando Jesus entra em nossas vidas, Ele rompe com a nossa cultura familiar negativa. A cultura familiar influencia significativamente nossas tradições religiosas. Sem dizer que em nosso passado existem marcas profundas de padrões destrutivos e, junto com os padrões, as dores, mágoas, ressentimentos, perdas, rejeição, feridas na alma que atrapalham o continuar da nossa missão de ir Mais Alto e mais Adiante. Quando olhamos para o texto-base, vemos Pedro envolvido com um problema de relacionamento com alguém, do seu presente ou do seu passado. Pedro queria achar um limite para o perdão, condizente com a tradição judaica, que dizia que o limite do perdão era de três a quatro vezes. Ele pensava que estava excedendo o limite ao propor perdoar sete vezes. Só que o padrão de Jesus era bem mais elevado: 70 x 7 = 490 vezes por dia. Jesus propõe, então, uma parábola: a parábola do servo impiedoso. Retorne ao texto de Mateus 18:21-35 e releia novamente a história contada por Jesus. Você identificará claramente os seguintes personagens: o Rei (que representa Deus), o servo (que somos nós) e o conservo (nosso próximo).
Será que não temos tido uma postura semelhante ao do servo impiedoso, que teve a sua dívida perdoada, mas não soube perdoar? Condenamos quem achamos que nos deve algo (às vezes não uma dívida financeira, mas uma dívida emocional), esquecendo que nossas dívidas foram perdoadas por Cristo. Ele cravou na cruz a nossa dívida chamada pecado. Deus perdoou a nossa dívida impagável, cujo salário é a morte e, agora em Deus, podemos voltar ao passado com a capacidade olhar e responder com perdão pois a maior dívida já foi paga por Ele. Quando não temos noção do tamanho da nossa dívida, sempre estaremos aprisionados com nosso passado e com a pessoa que, de alguma forma, nos prejudicou e, dificilmente, essas pessoas terão o nosso perdão, pois nos julgamos menos pecadores do que elas. O que o Espírito Santo nos diz é que podemos seguir a nossa jornada sem pendências, porque a dor da mágoa, do ressentimento, da rejeição e da perda pode ser deixada na cruz. Perdão não é sentimento, mas ação. Quando o servo saiu da presença do Rei teve um sentimento de alegria, mas o sentimento de alegria não foi capaz de derramar perdão, pois ele não é sentimento, é ação. O Espírito Santo gera em nós não só o sentimento de dívida perdoada, mas a consciência de que o que de graça recebemos, agora repartimos. A falta de perdão é como uma pedra no coração, que nos impede de nos relacionarmos com Deus e com pessoas. Viver bem na presença do Pai.
Nosso inimigo faz a festa quando nossos relacionamentos estão fragmentados pela falta de perdão. Quando perdoamos somos curados pelo Senhor; quando negamos, somos aprisionados. Não deixe o sol se por, pois, no dia seguinte, a questão será mais difícil. Saia da ilusão que o tempo cura ou que o tempo é o melhor remédio.
Deixe o Espírito Santo que é poder fazer com você o que parece impossível: amar até quem lhe odeia!