A preparação de pessoas para o serviço cristão é importante para o crescimento da Igreja.
Através da História, a Igreja de Jesus Cristo tem criado para si várias instituições para poder cumprir com esta responsabilidade.
De fato, dá para afirmar que quando a Igreja leva a sério esta responsabilidade, invariavelmente surgem organizações e instituições dedicadas à preparação de servos do Senhor.
Os institutos bíblicos, seminários e cursos por correspondência são alguns dos instrumentos que servem a igreja neste sentido.
Assim, temos criado a idéia de que a capacitação para o serviço cristão é um curso de tempo determinado, dentro dos moldes predeterminados, com vistas ao ministério. Em outras palavras, estamos pensando na educação formal do pastor.
Mas creio que precisamos enfocar a capacitação num sentido mais amplo. A preparação para o ministério deve ser um processo contínuo para cada crente, projetado individualmente para que cada um desempenhe sua função natural segundo as oportunidades dadas pelo Espírito Santo.
Vamos considerar seis aspectos básicos da preparação para o ministério de todos os crentes.
1. A formação de uma identidade cristã.
Isto é, as perspectivas básicas do crente acerca de quem ele é como cristão evangélico.
Quando uma pessoa começa a reconhecer que é uma nova criatura, um discípulo de Cristo, um servo e um irmão dos outros crentes, ela já iniciou sua preparação para o ministério.
2. A formação duma integridade cristã.
Os requisitos mencionados em 1Timóteo e em Tito para o ministério do Evangelho estabelecem a necessidade de haver pessoas íntegras no lar, na comunidade, nos relacionamentos com outras pessoas, no comportamento e na disciplina pessoal. Esta é uma base fundamental e obrigatória para quem quer entrar no ministério.
3. O desenvolvimento de relacionamentos cristãos.
Outro aspecto da preparação para ministrar é a ampliação e aprofundamento de relacionamentos humanos.
O ministério cristão não se baseia em contatos superficiais ou relacionamentos egoístas. Tem que aprender a amar como Cristo amou. Tem que ser vencidos o medo e a timidez.
4. O estabelecimento de doutrina e base bíblicas.
Estar preparado para o ministério cristão significa ter conhecimentos e fidelidade à sã doutrina e à verdade revelada nas Sagradas Escrituras. Isto é muito mais do que dominar uma matéria do seminário; é ocupar-se inteiramente com a verdade e sabedoria divinas a fim de poder viver de acordo com elas e compartilhá-las.
5. Aprender e praticar a dependência em Deus.
Das mais variadas formas. Deus ensina seus servos a confiarem n'Ele e não em si mesmos.
Uma pessoa muito capaz, inteligente e bem preparada, ainda está precisando de algo mais. Um ministro de Deus é uma pessoa confiante, ainda que não egoísta. Reconhece que sua capacidade vem de Deus e conta com o Seu amparo e direção.
6. O desenvolvimento da sua função natural na Igreja e nos ministérios.
Em seu ensino sobre a igreja em 1Coríntios, Paulo compara a Igreja a um corpo humano.
O corpo de Cristo é como o corpo natural - tem membros, cada um com uma função natural. A ênfase atual está em "descobrir" os dons, mas a ênfase bíblica está em desenvolver e cumprir sua própria função com a capacidade com que foi dotado.
Quando cada um faz isto, contribui para o bem-estar do corpo. Se queremos constituir um ministério de todos os irmãos na Igreja, precisamos entrar em funcionamento.
A preparação para o serviço cristão é bem mais ampla e inclui a totalidade das experiências do crente.
Há muitas escolas que podem preparar: a escola da aflição, a do discipulado, a do estudo e a da experiência. Creio que o Senhor usa uma combinação de todas elas para preparar cada crente que está disposto a servir em sua igreja e comunidade.
Isto nos leva a um desafio: muitas igrejas não têm dado importância ao treinamento para serviço nem ao desenvolvimento das capacidades dos seus membros.
É uma situação triste, porque a igreja local pode e deve fornecer um ambiente propício para a preparação dos ministros que tanto precisamos.
Pense na sua igreja local. O que ela pode fazer para dar uma identidade plenamente evangélica aos novos crentes?
Como a igreja pode dar experiências práticas para os ministros em formação? Como pode colaborar com estudantes de seminários e institutos bíblicos para benefício mútuo?
Eis aqui algumas possibilidades para a igreja que quer levar a sério este desafio:
1. Investir no desenvolvimento do seu pastor. A igreja pode comprar bons livros para seus estudos, pode pagar as viagens para participar em cursos de treinamento, etc.
Infelizmente, poucas igrejas pensam neste tipo de investimento e nos benefícios que receberiam se seus pastores fossem melhor preparados e mais inspirados.
2. Dedicar um esforço à formação de ministros através do discipulado pessoal.
Sem descuidar das suas responsabilidades gerais, o pastor pode investir tempo na vida de um grupo pequeno, ensinando-lhes os ministérios que ele desempenha.
Cristo dedicou muito do Seu tempo à preparação dos doze discípulos e esta prática seria muito eficaz também em nossas igrejas.
3. Planejar e realizar um programa sistemático de ensino bíblico e doutrinário.
4. Começar uma congregação nova, animando os novos crentes a darem seu testemunho, cantar, ensinar ou pregar.
5. Formar grupos de comunhão cristã que ajudem os crentes a aprofundarem seus contatos uns com os outros, vencendo a timidez e experimentando novos ministérios num ambiente familiar.
6. Animar os jovens na formação de "PG's de ação" e desafiá-los a produzir e não somente a receber.
Os jovens respondem se mostramos confiança neles. Se os desafiarmos, os jovens, trabalharão, florescerão e produzirão frutos.
Através deste processo desenvolverão ministérios que trarão muitas bênçãos para a Igreja toda e serão de muito valor na evangelização da comunidade.
As instituições e programas fora da igreja local são recursos que podem ser aproveitados neste processo de preparação do povo de Deus para o ministério.
Somente não deixemos que tudo dependa deles como se fossem algo independente da igreja.
A preparação para o ministério não começa nestas organizações e nem de terminar nelas. É apenas mais um contexto à disposição da Igreja para equipar os santos para o ministério e para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.12).
A Igreja capacitada é um alvo que a Bíblia nos dá (2Tm 2.2), e é uma chave para o futuro da obra evangélica no Brasil.
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