Escrito por Kurt Berg
A videira verdadeira
Numa cultura em que falsos messias eram uma parte contínua da história dos tempos e do lugar, Jesus separa-se de qualquer outro antes existente. Ele é a “videira verdadeira”. E o seu Pai criou-o como ele é. Deus continua a atuar através dele, descartando suas partes infrutíferas e podando as que continuarão a produzir frutos. Parece improvável para nós que Jesus precisasse de refinamento... Entretanto, Deus poda-nos e refina-nos por intermédio de Jesus Cristo. “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.” (João 15”3). É através dele que podemos ser transformados. Os galhos não podem existir separados do vinhedo; portanto, só podemos existir como Deus quer, por habitarmos nele através de Jesus Cristo.
O autor usa as palavras de Jesus, tanto no sentido metafórico quanto no poético. A metáfora ajuda-nos a nos vermos como algum outro objeto ou como parte da natureza. No verso 5b, isso fica evidente: “...quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
“Pedireis tudo o que quiserdes”
Jesus revisita a noção de João 14. Nós apenas devemos pedir; contudo, agora, devemos também permanecer.
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (João 15:7). A relação com Deus deve ser em tempo integral. E a relação de Cristo com seu Pai era bem assim. Podemos apenas trabalhar para aquele fim, tropeçando, caindo, levantando e superando os problemas. Se sua palavra estiver em nós, pediremos que sua vontade e seus desejos sejam feitos em nós. Ele não quer dizer: “Tenha uma relação íntima comigo, leia minha palavra e, se você pedir, irá ganhar na loteria.” Os desejos do nosso coração serão focalizados nele e não em nós mesmos! O fruto que produzimos irá glorificá-lo, e provar que procuramos apenas pelo seu caminho. Isso é o que ele quer para nós. Parece ser um objetivo fácil o suficiente! Todavia, desviamo-nos dele, preenchemos as mentes com nossas próprias palavras e acreditamos que, na verdade, sabemos o que estamos fazendo. Deus espera pacientemente que o procuremos para estarmos nele; também aguarda que o preenchamos com sua palavra. Ele sabe que o único caminho em que podemos produzir qualquer fruto espiritual, dentro de nossas vidas e na vida dos outros, é guardando seus mandamentos (João 15:10).
Os mandamentos, assim, são o plano para criar uma vida devota. Segui-los mantém-nos focalizados em Deus e suaviza a aspereza de nossa existência. À medida que obedecemos os mandamentos de Deus tornamo-nos mais amáveis. Através de nossa obediência somos transformados na pessoa que Deus quer que sejamos. Ele dá a todos nós um bonito exemplo a seguir... E cria uma figura de puro amor, “do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor (João 15”10b).
“Amai-vos uns aos outros”
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.” (João 15:12). Se pudéssemos obedecer apenas a esse mandamento, este mundo já seria um lugar bem melhor para se viver! Estamos sempre nos esforçando pela graça, pelo perdão, pela aceitação e pelo amor de Cristo em nossas vidas; contudo, não somos capazes de compreender esse amor! Em outras palavras, é uma coisa boa que nos ame, apesar de nós mesmos e de nossas tentativas patéticas de nos amarmos uns aos outros “como ele nos amou”.
E ele continua a nos mostrar seu amor perfeito: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13). Podemos dar as nossas vidas pelos outros? Conseguimos amar tanto uns os outros da forma que estaremos querendo fazer isso? Podemos desistir de nós pela vida de mais alguém? Quando a situação complica, somos capazes de morrer para o “eu” e sacrificá-lo por mais alguém? Sabemos que ele exprime o sacrifício da vida diária, aquelas pequenas ofertas de amor para mais alguém, quando ficamos em segundo lugar e eles, em primeiro?
“Mas tenho-vos chamado amigos” (João 15: 15b)
Ao nos dizer isso, ele deseja que subamos para um outro nível além do de “amigo”. Ele sacrificou-se por todos nós e pede-nos para darmos passos fora de nós mesmos em amor. Difere-nos, assim, de nossa condição prévia como “servos”; deseja-nos como amigos! Jesus faz mais do que comandar; ele divide o amor perfeito que tem com seu Pai. E ao fracionar esse conhecimento conosco, chama-nos de “amigos”. Ele confia em nós como tais e inclui-nos no seu círculo íntimo, que é o de Deus (o Pai) e Cristo (o Filho). Esses homens eram seus amigos, e ele diz essas palavras agora como um convite para incomparáveis maravilhas.
Imagine-o querendo-nos como seus amigos! Ele deseja seu comprometimento como tal para criar uma união com ele maior do que a de qualquer amizade terrena. A intimidade dessa amizade permite-lhe conectar-se conosco de acordo com seu plano. Afinal, ele escolheu-nos com um propósito sob o céu: produzir a fruta que, em seu nome, permanecerá nele. O que quer que peçamos, em seu nome, ele quer para nós. E ele sabe que a verdadeira salvação para qualquer homem é amar uns aos outros. Por isso, ordena tal coisa, pois essa é a resposta, a salvação para as nossas chagas, o único caminho para a integralidade. Ao amarmos uns aos outros, vamos nos aproximar o máximo que pudermos de Deus.
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